LOBOS

Sou, na verdade, o Lobo da Estepe, como me digo tantas vezes – aquele animal extraviado que não encontra abrigo nem na alegria nem alimento num mundo que lhe é estranho e incompreensível

Herman Hesse

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

A TABERNA do ANTÓNIO V´CENTII



Do Pão e do VINHO


...e do ESPÍRITO SANTO
ÁMEN!


«Noé plantou a vinha e tendo bebido do seu vinho, embriagou-se»
 «BÍBLIA»



TABERNAS

Breve Viagem
PELA
História da palavra e do sentido. Taberna vem do latim e é derivada da palavra grega taverna que significava algo como oficina ou barracão.
Existem HISTÓRIAS sobre estes lugares de culto onde grupos de amigos se juntavam para confraternizar em volta de uma mesa recheada de belos petiscos e onde matavam a sede com VINHO ou cerveja. A história destes lugares estende-se a ROMA, ao Antigo Egipto e a toda a Ásia. Na Idade Média viveu-se a folia nas estalagens "MEDIEVAIS", estas eram "HABITADAS" por MESAS de Madeira, archotes e canecas metálicas, por onde se bebia cerveja,  um porco que assava num espeto completava o cenário. Gente sem fim ria, Falava e brigava depois de bem regados. Nestes mesmos tempos, os MOSTEIROS e as Catedrais eram cercados de vinhedos. Mas, já em 512 A.C., na Babilónia e no ANTIGO Egipto, existem notícias destes estabelecimentos chamados "COMEDORES PÚBLICOS". Aqui serviam um único prato preparado com cereais, aves selvagens e cebola. As mulheres estavam interditas de entrarem nestes lugares regados com bom vinho. A História das TABERNAS confunde-se com a história do VINHO. Os Gregos presentearam-no com o DEUS Baco, os ROMANOS chamaram-lhe DIONÍSIO. No Velho Testamento, era citado na Bíblia, como um PRAZER… fonte de delícias...ou como um vício a ser evitado.

Em Roma e na cidade de Herculano (coberta pelas cinzas do vulcão VESÚVIO 79 D.C.) foram encontrados vestígios de estalagens onde se confraternizava com vinho e grandes banquetes.


 A lista dos poetas que no decorrer dos séculos se inspiraram no vinho e que contribuíram para a sua história, tal como Virgílio, é interminável. 
 Assim se fez uma viagem até aos Sec.XIX e XX PORTUGAL e a Burguesia.
Esta estrutura e este VIVER em sociedade prolongou-se até princípios dos anos 70.

TABERNA
Bêbados festejando o S. Martinho
José Malhoa
1909 

O MUNDO do lado de FORA da TASCA



 QUEM eram estes nossos antepassados e que MUNDO era o seu?!
Quem vivia no campo? O MUNDO no ZARCOS.



Os pequenos agricultores, os pequenos comerciantes e os artesãos formavam as novas classes do trabalho. A partir de Inglaterra, um pouco por toda a Europa e mais tarde em Portugal, começavam a surgir as fábricas. Os artesãos das antigas oficinas davam lugar aos operários.
Assim, ao longo do século XIX, começou a falar-se da «classe operária» e das suas difíceis condições de vida. Ao operariado ligou-se o conceito de «proletário» (com prole - família muito numerosa - e sem bens próprios). As condições de vida destes trabalhadores não melhoraram durante o século XIX; o dia de trabalho continuou a ser de mais de dez horas.  Dentro da população rural, distinguiam-se: - proprietários (burgueses e alguns nobres); - rendeiros (pagavam renda pela terra que cultivavam); - jornaleiros (vendiam a sua força de trabalho diário à jorna, e eram o grupo mais numeroso); - pastores e outros «criados de gado».A posse de uma parcela de terra dava direito a um «lugar» na sociedade rural e permitia a participação na vida política local. Com a libertação da terra, alguns rendeiros e até jornaleiros tornaram-se pequenos proprietários.
 Os grandes proprietários tinham aumentado os seus bens com a compra das terras das ordens religiosas. Estes proprietários eram: - burgueses endinheirados que, exercendo outras profissões e vivendo na cidade, as arrendavam; - nobres que, ao perderem o direito de receber os tributos feudais, viviam apenas das rendas das terras.    No final do século XIX, cerca de 70% da população portuguesa ainda trabalhava na agricultura. A pecuária (criação de gado) continuava ligada às actividades agrícolas, constituindo uma fonte de rendimento complementar, bem como um recurso para auxiliar a actividade agrícola (estrume para as plantações e força animal para puxar os ARADOS.





Algumas actividades de um calendário agrícola

 Este foi o MUNDO dos nossos ANTEPASSADOS e FREQUENTADORES das TABERNAS, e este o seu calendário de trabalho durante séculos. (FONTE,Educação HgP)

                                         Alimentação

Com o aumento da produção agrícola, as condições de vida melhoraram, e passou a haver menos fomes.  Os vegetais eram a base da alimentação. Diariamente, os trabalhadores alimentavam-se de  pão de trigo ou centeio, azeitonas, algum bacalhau ou sardinha, vinho e sopa (feita de batatas e legumes frescos e secos, e  temperada com azeite).  A pouco e pouco, o café, o arroz, o «pão branco» e os enchidos entraram  na alimentação diária do camponês. Praticava-se um regime alimentar  pobre em proteínas: a carne era um luxo e só era comida de tempos em  tempos e por quem tinha criação.Os camponeses viviam com grandes dificuldades, e o pouco dinheiro que tinham servia apenas para comprar azeite, sardinhas, sal e sabão.

 « ...deste TEMPO a tal  HISTÓRIA de 1 (UMA) SARDINHA para 3 (TRÊS) pessoas.»

Por isso, a roupa tinha de durar vários anos. A Música e os cantares ao desafio, assim como os versos, eram os divertimentos da gente do campo. Estes movimentos culturais "HABITARAM" todas as tabernas nos fins-de-semana ou em FESTAS dos SANTOS PADROEIROS.
 Os HOMENS apenas tinham as TASCAS para se esquecerem duma vida de TRABALHO. Os dias ligavam-se numa faina interminável e a IGREJA, com o seu poderio, REINAVA orientando as FAMÍLIAS para o BEM e ameaçando com o INFERNO aqueles que SONHAVAM ir mais além das REGRAS impostas por uma sociedade FEUDAL.

O PECADO DOMINAVA as MENTES (...ou o medo DELE) do NASCER até ao FIM da VIDA de uma POPULAÇÃO iletrada que afogava as MÁGOAS nos balcões das FRESCAS TABERNAS da TERRA.
Em cada BALCÃO as mesmas HISTÓRIAS, repetidas vezes sem conta; as doenças, as mortes e a pobreza desmedida. A COMUNIDADE sobrevivia no entanto sempre com um sorriso na boca e um cantar de ALEGRIA vestida. 


Os homens da aldeia divertiam-se nas tabernas, que eram cada vez em maior número. Ali, jogavam às cartas, ao chito e punham a conversa em dia. Os petiscos eram (... são ) uma das tradições mais marcantes da sociedade PORTUGUESA e, em especial, da CULTURA ALENTEJANA. Nas TABERNAS, em redor de uma mesa, conversava-se decidia-se ou cantava-se, quando os copos já faziam efeito, mas sempre com um petisco pela frente. A informalidade notava-se logo nos pratos...estes eram invariavelmente pequenos  assim como os talheres - um GARFO e um pedaço de pão eram o suficiente para levar o petisco à BOCA. O Alentejano ia sempre preparado com o seu canivete (navalha petisqueira), muito gasto pelo uso e sempre afiadinho.




Vinho na mesa e estava feita a festa!!!SEM PETISCO não havia conversa.




A TASCA


Esta "IGREJA" era para os HOMENS
«Minha mãe referia-se desta forma às tabernas quando o meu PAI chegava tarde e com os copos...-Já vens da IGREJA?!»

  EU-1964

Espaço fresco, ESCURO e sem janelas- Balcão LARGO de MADEIRA. A taberna era um LUGAR frequentado por homens nos seus momentos de descanso ou desânimo. Frequentavam-na ainda as “AVES-RARAS”, os VAGABUNDOS sem eira nem beira. Os tais que em cada localidade tinham uma cama guardada numa “ALMIADA” algures no terreno do grande ou médio proprietário.
Aqui estou eu em busca da HISTÓRIA de mais um SÍTIO de comunhão importante para deixar registo. Era muito pequeno quando a “TASCA” se mudou para o LARGO da FREGUESIA…no entanto recordo alguns acontecimentos felizes de um e do outro local, os quais vou dar conta.

Era mesmo bastante novo mas ainda consigo descrever o espaço. Penso que a Porta era AZUL - um azul gasto pelo tempo. Lá dentro o célebre balcão corrido e, quase a meio, uma entrada para um espaço interior. Tenho dúvidas da quantidade de mesas existentes no local. Lembro, também, os tais petiscos sobre o balcão e uma garrafa grande com o tal pepino dentro que a LUZIA recorda. Mas, o que me ficou mais marcado foi a presença calma, observadora e ponderada do TABERNEIRO. A sua imagem manteve-se através dos tempos e até ao fim da sua vida - Cabelo farto, branco, penteado para a frente tipo "CENTURIÃO ROMANO". Homem SUBTILMENTE irónico e um "Ás" a pregar partidas - e é este o primeiro acontecimento que conto e que nunca se varreu das minhas boas recordações. Este acontecimento é a prova de como os jovens cresciam e eram educados naqueles tempos; tinha conteúdo e revestia-se de ensinamentos que perduravam nos tempos até ao fim das suas vidas.A Iniciação para o crescimento dos jovens fazia-se com as célebres partidas dos ADULTOS. Um dos locais mais frequentados por nós era a oficina de bicicletas do "CHICO da SÁMOR". Hoje, há distância, consigo encontrar uma explicação para tal encanto: Talvez a MAGIA que as bicicletas despertavam nas nossas consciências e sonhos de meninos. Era Um sonho do outro mundo ter uma bicicleta...éramos muito novos para isso e portanto aquele local era o indicado para passarmos muitas horas do dia. Por Entre a calçada esgravatávamos "arqueologicamente" para encontrarmos uma porca ou uma esfera de rolamento; era ali que sabíamos de todos os acontecimentos directamente ligados ao mundo das bicicletas e outros mais sérios. O "ESPENICA, JOSÉ MANUEL FRANCO FIGO" trabalhava lá com o seu metro e noventa de altura. Esta socialização, forçada por nós, fazia-nos correr alguns riscos - por duas vezes fui mandado ao "ANTÓNIO "V´CENTE" fazer um recado muito importante.

O CHICO, rapaz reservado mas boa pessoa, raramente nos sorria. Mas naquele dia senti-me honrado com um pedido seu:

- RAPAZ!! toma este saco e vais ali à taberna e pedes ao A.V. a pedra de AFIAR as LIMAS.

Estas partidas eram vulgares naqueles tempos, REPETIAM-SE "N" vezes de geração em geração. Tudo correu de feição aos malandrecos dos "GRANDES". Lá cheguei ao balcão, e pedi. O TABERNEIRO, nosso conhecido, pegou no saco sem dizer palavra, entrou no espaço de arrecadação e de  lá veio com a dita encomenda bem pesada.
-Aqui está, depois trazes outra vez!

 Lembro que tive dificuldade em chegar à Sámor com o "PRESENTE" desejado. Mas cheguei e daí a pouco regressei com o mesmo carregamento à adega.
 Apesar de Orgulhoso pela atenção que me deram percebi, no entanto, que era uma BIGORNA de FERRO, mas tal não foi o suficiente para não cair na próxima.  Outra vez... repetiu-se o pedido mas nessa era para ir à TABERNA e pedir ao A.V. 5 KG de electricidade em Pó: Vieram uns TIJÓLOS dentro do saco e a lição chegou ao fim com a gargalhada geral dos presentes. Tinha passado a PROVA da "PARVOÍCE " que era o ser inocente e querer crescer rapidamente. O CHICO, rapaz sentimental, sorriu e deu-me um presente, pois tinha bom coração: Quatro rolamentos para fazer um carrinho e ensinou-me a não cair noutra. Mas era assim o nosso crescimento. Hoje não há condições para ensinamentos desta natureza pois corria-se o risco de uma "acção em tribunal". As lições hoje são outras e de certa forma inúteis para os jovens. Já nascem ensinados e poucas histórias terão para contar.
  O Taberneiro manteve sempre a serenidade e nunca perdeu a compostura - era uma das características do A.V. : A seriedade com que fazia as partidas. Recordo outras duas situações dignas de nota: Uma era a passagem diária do nosso taberneiro pela HORTA que tinha nas "TAPADAS", calmo, silencioso com passos firmes era o RITUAL de manhã bem cedo. A nós, mais crescidos, dava-nos permissão para lá ir-mos aos pássaros com as FISGAS;  era simpático para a malta e algumas orientações ficavam...para fecharmos a rede quando saíssemos. 
  
 Horta fresca e com muitas sombras

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MUDANÇA!
 
Acompanhei de perto a passagem da ADEGA para o largo - penso que a casa perto do tanque era do SILVA???! SERIA ?Para nós meteu-nos curiosidade o porquê da saída da TASCA daquele local.Esta nova taberna acompanhou os tempos com a compra de um frigorífico. Este, posicionado logo em frente à porta. Aqui o A.V. apareceu com uma inovação: Enchia de vinho branco as garrafas das gasosas e laranjadas e metia-as no frigorífico a refrescar, "era um ver se te havias"naquelas tardes de calor tórrido. Foi esta situação que me fez aprender mais uma lição que me serviu de emenda - Numa das mesas dos grandes (...teria eu perto de 13 anos), tive o prazer de ser convidado para comer caracóis e beber uma das deliciosas garrafas de vinho fresco. Penso que não bebi só uma mas 2 ou 3. Recordo que me levaram em braços a casa e minha mãe estava à porta; Recebeu-me com um misto de ira e desprezo - o chão da minha rua tinha ficado decorado de caracóis e vinho branco e aprendi a tal lição. Ficar BÊBEDO, nunca mais.
 Tudo isto na ADEGA do ANTÓNIO V´CÊNTI! num TEMPO em que as pessoas viviam na realidade dum convívio saudável e pedagógico.Mas na TABERNA do largo havia também dias muito especiais. Refiro-me às festas do Verão em que a FAMÍLIA de LISBOA "ACUDIA"  toda e transformava o LUGAR  num ponto especial para ser visitado nestes dias - lembro que todos ajudavam a satisfazer um vasto público de fregueses que acudia à TABERNA nos dias das FESTAS. Hoje da TASCA nada resta...o LUGAR transformou-se num MODERNO restaurante; os tempos evoluíram e as novas gerações já não se ficam por um copo de "3 TOSTÕES" ao balcão do TOBIAS.TOBIAS BABAU, o RAPAZ que veio da GLÓRIA conquistar o coração da filha do velho TABERNEIRO. Do passado restam as sensações nas mais longínquas recordações das gerações que hoje estão na casa dos 50 ou 60 anos. Os fregueses da TASCA já há muito que passaram à HISTÓRIA: uns desapareceram para sempre, outros converteram-se aos novos hábitos. Para o Futuro fica este artigo que não passa de uma ABORDAGEM "ROMANTICAMENTE" SAUDOSISTA de um TEMPO jamais repetido.



Falar deste lugar é homenagear outras personagens e "SÍTIOS" que em tempos fizeram parte do roteiro dos trabalhadores do ZARCOS e dos GAIATOS à procura de maços de tabaco vazios para fazerem os tapetes coloridos.




O PROFANO e o SAGRADO

ACOMPANHARAM as TASCAS . 
 EIS OS NOMES que aqui destaco para ninguém esquecer:

Joquim dos Santos e Pápa-Ratos
UMA TASCA na BEIRA


 ADEGA do ANTÓNIOVCÊNTI
ADEGA dos XTRADINHA

ADEGA do TÓLHO

ADEGA do JOQUIM ZÉ

ADEGA do CHICO CÉGUINHO

ADEGA do SILVÉRIO

ADEGA do QUINCAS

ADEGA do PERDIZ

ADEGA do BAINETA

ADEGA do PECHOCA



São todas estas PESSOAS e LUGARES que estou a PERPECTUAR neste teclado, ao recordar histórias e feitos. Estes misturam-se num entrelaçado de acontecimentos que fizeram a história de todos os citadas em cima.

SENTA-TE AÍ HOMEM e BEBE QUALQUER COISA!!
(1)Um de 3?! de 5?! ou um pé ALTO???



...ESTE o MOTE em todas as TABERNAS para o início de uma dissertação que poderia terminar em Lágrimas ou num cantar enrolado de nostalgia. 

As bebidas da época eram o vinho branco e tinto, bagaço e traçados. Nos refrescos havia a limonada a gasosa,a laranjada os xaropes de capilé e groselha, e ainda o pirolito.
Bebida deliciosa com Gás...garrafa pesada e com um brinde extra um berlinde desejado pela gaiatagem.


PIRULITO

Vendia-se tabaco -POUCAS marcas, destaco os DEFINITIVOS e os MATA-RATOS, KENTUKCKY





O DINHEIRO era pouco e tinha este rosto

...MESMO pouco...POUPAVA-SE e dava para quase tudo.









...HISTÓRIA COMUM!
  
A FAMÍLIA

 
Este é o início da História
o Casamento de António com MARIA
 António Vicente o homem das "PARTIDAS e das HISTÓRIAS"
Relato seguinte contada pela FILHA POETISA.

LUZIA, FALA!!!

Olá Álvaro!
Entendi que gostava de saber alguma coisa da taberna do meu pai, mas eu pouco ou nada sei.  Talvez os meus irmãos, o Bajeca o João e o Quim porque eram rapazes e antigamente as tabernas era mesmo só para  os homens e nos as mulheres da casa ainda catraias era mesmo só para fazer a limpeza.



Também me lembro que era frente á fonte das bicas mas os homens não tinham sede. Recordo-me  que o meu pai ia a Estremoz todos os sábados  ao peixe e trazia sempre uns cinco ou seis quilos de jaquinzinhos para nós amanharmos em casa. Nós não gostávamos nada desse trabalho. Depois o meu pai fritava-os na taberna, enfiava-lhes um palito nos olhos e fritava aos Molhinhos. Petisco 5 estrelas. Não me  devo enganar nada se disser que aquele óleo ou azeite da fritura já devia ter frito um bom par de vezes.




Antigamente não havia a ASAE nem os antigos sabiam o que era reciclagem mas não há problema. Os que comeram os jaquinzinhos já não dizem nada. Também fazia outros petiscos que dizia sempre: -Hoje tenho cobra frita ou lagarto de escabeche!
…e lá os  ia  levando  à certa, foi assim que ele conseguiu. Com a ajuda da minha mãe que fazia bolos nos casamentos lá na terra
e arredores. 



Cada um com seu “TALENTO” , criaram cinco filhos e graças a Deus estão todos vivos e robustos. Costumávamos ir á horta do ti Zé paixão  comprar maçãs miúdas… era o que havia, se fosse agora não iam nem para a reciclagem, eram miudinhas mas docinhas e nós comíamos com pão. Ainda lhe sinto o gosto, belos tempos. A crise é agora? “AONDE”?
O meu pai também comprava um porquito por ano, para matar e que trazia a pé de Estremoz preso por uma cordinha. Era assim o transporte que  havia. Depois chegava aos arcos dizia á minha mãe : - Como dizes  que não gostas de gordura esse era o mais magro que havia!
É certo que nós sabemos que com mais arrobas era mais  dinheiro e ele não abundava. Lembro-me  dos meus irmãos andarem a  jogar a bola ao pé da Igreja. Mal o meu pai dava um pequeno  assobio meio sumido lá vinham eles com o rabinho entre as pernas que nem cordeirinhos mansos. Depois já mais crescida lembro-me que  na altura das matanças os rapazes levavam para petisco as orelhas dos porcos para fazer com ovos mexidos e nós as duas  sem a minha mãe ver metíamos mais um ovo para o meu namorado outro para o namorado da minha irmã. Tudo isto pode não ter grande validade mas tem para eu me recordar e recordar
é viver e já lá vai à volta de cinquenta anos.  Temos outro episódio bem marcado na memória é que  o meu pai tinha uma carrocita pouco nova e também uma burrita velha a quem nós chamávamos “a Paciência” devido a velocidade louca que ela  atingia…




Viajávamos sempre voluntárias na paciência nos sábados que precisávamos de ir à cidade. Lá íamos na paciência enquanto as 
outras da nossa idade iam de camioneta e nós na paciência. No dia que a paciência morreu, paz á sua alma, tivemos uma felicidade enorme. Ela dormia lá na horta onde os meus irmãos iam dormir todos os dias. Num hotel de luxo que lá havia, era tudo uma luxúria, não se gastava electricidade (não havia) não se gastava água (só  do poço). Nós dormíamos no quarto dos meus pais, era grande, tinha duas camas e mesinha de cabeceira a separá-las e dizem que a crise é agora…  Lembro as histórias inventadas pelo meu pai era perito nisso. Ele tinha na taberna uma garrafa com um pepino lá dentro que cultivou na horta. Um dia disse a um vendedor: -Isto não é  nada, tenho uma com um mogango lá dentro!
O vendedor queria ver mas ele não se atrapalhou, disse  que estava em casa da filha. Eu já era casada e era assim a pacata vida dele a contar e inventar histórias. Faltou-lhe uma… a última.  Se ele a pudesse contar. Não foi inventada, foi verdadeira foi que ele morreu em  8 7 e foi enterrado em 8 8.







Palavras para os descendentes.

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AS PESSOAS!!!

João-"FERRÓBICO"

"O FERRÓBICO", João, o ARTISTA do GRUPO, o engenhocas e o Músico.

BAGÉCA o COMUNICADOR e o HUMANISTA


O que recordo eu na REALIDADE desta família um pouco longe da RUA NOVA??!
Não queria terminar o ARTIGO sem me referir a algo,  o mais importante HOJE. Importante porque existem... estão cá! Uma palavra de sincero apreço aos FILHOS do TABERNEIRO e da MARIA «MARIA do MIJAPERTO».Palavra essa que abrange um leque de sentimentos todos eles positivos.São todos pessoas de uma bondade extraordinária e de um trato invulgar nos tempos que correm - foram sempre assim.Não destaco ninguém em especial mas devo referir que tive uma maior ligação com o João, nos meus tempos de GAIATO, e com o Bajéca na minha juventude e hoje como adulto."O FERRÓBICO", João, o ARTISTA do GRUPO, o engenhocas e o Músico. Uma das pessoas mais interessantes que conheci no meu inicio de vida. Nem sempre foi compreendido pelas gentes da terra mas também nunca perdeu o sorriso por isso. Penso que antes de ir para Lisboa trabalhou numa das carpintarias do ZARCOS  -  fez-me uma espada de madeira tinha eu 5 anos. Recordo bem esse momento.Mas o que tenho mais presente foi uma situação na qual estive envolvido, nos anos 80, talvez 1983/4,  na esquina do "SABINO".  Aprendi mais uma lição desta vez com o filho do velho TABERNEIRO. Lição que só poderia vir de uma PESSOA CORDIAL e de bom carácter: Fiz-lhe uma CRÍTICA "estúpida" sobre um acontecimento menos bom da sua vida. Qualquer pessoa teria reagido de uma forma violenta perante tal observação, João FERRÓBICO...disse simplesmente e num tom CALMO:- Álvaro, respeito muito mais as pessoas que me dizem as coisas pela frente do que aquelas que me criticam pelas costas. Esta foi realmente uma situação que ilustra a bondade e formação deste rapaz de sorriso fino, o mais parecido com o taberneiro. Poderá ser um assunto fora de contexto mas fica aqui, como forma de fazer JUSTIÇA a um HOMEM de uma personalidade forte e, de certa forma, incompreendido. Nunca mais vi o João - aqui deixo um ABRAÇO para ele.
Do Bajéca tenho presente a sua simpatia e o modo de trato clássico. Foi (...e É) sempre a mesma  PESSOA ... igual na forma como trata toda a gente. Um Cavalheiro, muito parecido não só de aspecto mas também de personalidade, com a sua Mãe Maria.Com um modo de ser muito idêntica à sua irmã mais velha Maria do Céu.Do Quim recordo a sua elegância e simpatia; era o mais "DISTANTE" do grupo - mesmo assim sempre correcto e amigo. 
A LUZIA é aquela figura sempre presente com ALMA de ARTISTA...herdou do Pai muito do que é hoje. Ela e o João são os que identifico com características idênticas ao "ANTÓNIO VCÊNTI".


«Não era o meu objectivo, à partida, individualizar estas questões mas ACHO que são as PESSOAS o mais importante, o que RESTA do tempo em que eu era um rapaz traquina e cujas sensações captei na "MÁQUINA FOTOGRÁFICA"do meu imaginário.

Todas as mensagens deste BLOGUE "ABRAÇAM" um TEMPO LONGÍNQUO, tempo esse que se situa no coração de várias gerações e famílias...o TEMPO dos NOSSOS AVÓS e PAIS. Elas são como PÁGINAS de um DIÁRIO que ficou escrito na MEMÓRIA de uma criança e + tarde ADOLESCENTE. Nem tudo o que escrevo poderá estar  correcto no seu todo. Também não é isso que pretendo, mas quando escrevo, tento não perder o fio à "MEADA". Tenho a certeza que tudo ficaria mais completo com dissertações de outros intervenientes neste "KAMINHO" que foi o nosso !!!!????»»»»GENTE do ZARCOS.
O BLOGUE pretende ser um ESPAÇO ainda que VIRTUAL de TODOS os que queiram participar, com ideias ou fotos.»

pensadorlobo@clix.pt



ANTÓNIO V´CÊNTI
o TABERNEIRO doZARCOS

António Vicente Borbinha
um homem sério e honrado 
na sua tabernazinha
deixou o seu tempo passado.

Cumpriu a sua missão
em alguns dos seus projectos
numa boa conclusão
teve filhos e teve netos.

Os que ele viu nascer
com um pouco de vaidade
os que o  viram morrer
alguns aninhos mais tarde.

Não queria confusões
era calmo e paciente
cumpria as obrigações
e amigo de toda a gente.

Se formos recordados
mesmo depois de morrer
ficaremos confortados
a quem isso acontecer.


É uma boa homenagem
a melhor até agora
porque a vida e uma passagem
tudo tem a sua hora.

Tudo tem que ter um  fim
nós temos que entender
o mundo formou-se assim
e é assim que tem que ser.

É perfeito com certeza
tudo tem o seu lugar
alegrias e tristeza 
fazem o mundo girar.

Deus é grande e sabe disso
Mas com muito para fazer
Deu-nos o compromisso
de aprendermos a viver.

(nasce um bebe)
Todos riem ele chora
passa o tempo por aqui
quando morre e vai embora
todos choram ele  ri.

Luzia









A CONTINUIDADE está assegurada.