LOBOS

Sou, na verdade, o Lobo da Estepe, como me digo tantas vezes – aquele animal extraviado que não encontra abrigo nem na alegria nem alimento num mundo que lhe é estranho e incompreensível

Herman Hesse

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

QUALQUER DIA é NATAL...



O MITO do ETERNO  RETORNO

GAIATOS do MEU TEMPO



A viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em memória, em lembrança, em narrativa. Quando o visitante se  sentou na areia da praia e disse:
“Não há mais o que ver”, saiba que não era assim. O fim de uma viagem é apenas o começo de outra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na primavera o que se vira no verão, ver de dia o que se viu de noite, com o sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre.


José Saramago

 

...DEPOIS não DIGAS que NÃO te AVISEI.

O TEMPO
SEM TRÉGUAS
MUDAR o IMUTÁVEL
Qualquer DIA é NATAL, e não há NADA a FAZER.

Um DIA não muito DISTANTE FOMOS TODOS GAIATOS doZARCOS, os NATAIS chegam DEPRESSA  e somos meros PIRILAMPOS neste CRUZAR de GERAÇÕES.

Paulo José Costa Banha
22-6-1965 10-08-2014

O Paulo das sardas e do LOURO CABELO

O Paulo BANHA nasceu em 1965 e partiu agora, despediu-se um destes dias  em SETEMBRO, mais precisamente no dia 10.
RECORDO que queria ser como o QUINÁIA seu TIO, guarda REDES.
Foi em TEMPOS IDOS filho do "INTELECTUAL" Januário do Banha ...o HOMEM do CACHIMBO e das patilhas compridas ,homem original, diferente, cultivou esta imagem até ao FIM. 
De jornal dobrado debaixo do braço esquerdo, passou muitas vezes, por nós, ombro com ombro ali para os lados da RUA NOVA

Paz ao Paulo COSTA BANHA, um GAIATO do meu TEMPO.
E ao JANUÁRIO PERSISTENTE -mente de HOMEM SÁBIO.




A ADELINA irmã do ANGELINO


 Adelina Rosário Gato Cabacinho
(SEM IDADE)

Está escrito neste pedaço de jornal que descansa sobre a minha secretária , que, a Adelina tinha sessenta e um anos-60 Natais , precisamente 61 VERÕES, Primaveras e -Natais 60...não me parece credível que a menina Adelina, tivesse tanta idade. Recorda-la-ei sempre como a MENINA ADELINA, irmã do ANGELINO...sentada ao SOL no lado esquerdo da ladeira quando se vai para os Melguinhas. Pessoas destas nunca morrem, perduram pela eternidade sentadas ao SOL , saudando-nos com um terno olhar quando passamos vestidos com  a "FARDA" do convencimento (nós)...da imortalidade frágil;«VAIDOSOS»,PERFEITOS. 
O olhar simples, limpo e transparente da ADELINA prima do Chico da Bia , do TÓLHO e da Nárinha continuará "PLANTADO" no lado esquerdo da ladeira.

Avisa-nos que é preciso desacelerar e reflectir na solidão que nos envolve, da áspera espera por quem já não vem...que retornemos à frágil presença de mortais de sandálias calçadas.

Quando por lá passarem...
 Observem com atenção...ela descansará de espírito atento, para SEMPRE, avisando-nos com um olhar de paz. 
-«Sejam apenas pessoas...)
Assim como os NATAIS em DEZEMBRO.
A Adelina continuará reflectida nas paredes, imaculadamente brancas, num tempo em que todas as portas se abriam...
Qualquer dia é NATAL e nesse dia começam a contar os anos ....e a SAUDADE a AUMENTAR.

...Será que passaram mesmo tantos anos ???!
que distraído que sou...

Também nos vamos vestidos de tristeza...





O eterno retorno é uma ideia misteriosa de NIETZSCHE que, com ela, conseguiu dificultar a vida a não poucos filósofos: pensar que, um dia, tudo o que se viveu se há-de repetir outra vez e que essa repetição se há-de repetir ainda uma outra vez, até ao infinito!
Que significado terá esse mito insensato??
o MITO do eterno retorno diz-nos, pela negativa, que esta vida, que há-de desaparecer de uma vez por todas para nunca mais voltar, é semelhante a uma sombra, é desprovida de peso, que, de hoje em diante e para todo o sempre, se encontra morta e que, muito atroz, por muito bela, por muito esplêndida que seja, essa beleza, esse horror, esse esplendor não tem qualquer sentido.

 Se cada segundo da nossa vida tiver de se repetir um número infinito de vezes, ficamos pregados à eternidade como Jesus Cristo à cruz.

A insustentável leveza do SER.( MK)-VIDA

Eu queria ter o tempo e o sossego suficientes 


Eu queria ter o tempo e o sossego suficientes
Para não pensar em coisa nenhuma,
Para nem me sentir viver,
Para só saber de mim nos olhos dos outros, reflectido.

Alberto Caeiro