LOBOS

Sou, na verdade, o Lobo da Estepe, como me digo tantas vezes – aquele animal extraviado que não encontra abrigo nem na alegria nem alimento num mundo que lhe é estranho e incompreensível

Herman Hesse

domingo, 22 de novembro de 2009

Júlio Ventura - O Diplomata




Júlio Ventura Espadanal Ramos

*21-11-1927
+31-07-1972






O Padrinho Júlio


Uma das mais belas recordações que povoam o imaginário dos adultos da minha geração,( tenho a certeza que...) é o dia em que receberam a sua primeira bicicleta.


Esta foi a tal bicicleta, agora pintada de azul.

Tinha 13 anos quando tive a primeira grande alegria da minha vida...receber a primeira bicicleta. Era um passaporte para o estatuto de ser (GRANDE) crescido. Outra promoção foi o dia em que minha mãe me deu a grande notícia que não era mais obrigado a vestir calções curtos no verão. O meu padrinho Júlio está directamente envolvido na magia deste dia de Setembro de 1970. Estou a vê-lo ao fundo da rua nova ao lado e empurrando uma BREAMAN 26 vermelha. Era um homem elegante e sempre aprumado. Lembro-me que normalmente usava camisas brancas e gravatas. Era o conselheiro- mor da família Ramos . Competentíssimo no local de trabalho e na vida...um Gentleman por natureza.
Um Homem firme e astuto no mundo das relações humanas.
Uma das grandes estratégias de sobrevivência foi sempre a de tirar o chapéu quando passava por aqueles que sabia serem seus inimigos ou adversários de qualquer causa- (hoje diz-se...engolir sapos vivos) .
Era também um grande caçador com um coração generoso. Muitas vezes no fim de um dia de caçada, o meu PAI não tinha qualquer peça de caça, o meu padrinho de uma forma discreta tirava dos pendurais da cartucheira uma ou duas perdizes e oferecia-lhas  mandando-o calar.
Presto aqui a minha homenagem e reconhecimento ao meu padrinho Júlio o funcionário da Secretaria da Câmara Municipal de Estremoz...o HOMEM da camisa branca que me levou a primeira bicicleta comprada com o dinheiro ganho pela minha mãe, a preparar as refeições aos corticeiros no monte do Azinho nesse mesmo ano de 70

.
O menino Jesus do meu padrinho Júlio ofereceu-me este comboio no Natal de 1961.

Júlio 2 anos e João Miguel 6 anos




Maria de Lurdes Ferreira Ramos
5 / 06 / 1929

Júlio Ventura Espadanal Ramos

 
Este foi o padrinho que conheci.
Grande padrinho e maravilhosa madrinha Lurdes uma mulher talentosa em todas as actividades
(Naqueles tempos era importante que uma mulher fosse completa no domínio do seu território: a CASA).
Não conheço ainda hoje alguma com as suas qualidades. Parabéns MADRINHA és a maior.
Que Sopas ...mham mham. Que Doces !!!! que cheirinho bom o da sua casa e as batatas fritas nem se falam.

Obrigado Madrinha Lurdes.


Descendente: Joaquim Manuel Ferreira Ramos
(Netos)Hugo Bento Ramos
Susana Bento Ramos

E eis...o MOKA!....








Joaquim Manuel o Conciliador






11-08-1931
Descendente: Francisco João Ameixa Ramos
Neta- Catarina Ramos
 

Ao meu tio Joaquim Manuel presto a minha homenagem, com palavras de alegria e apreço.
É um prazer encontra-lo nas minhas viagens de todos os meses ao Alentejo, das nossas conversas sentidas retenho a sabedoria das suas palavras e conselhos.O seu amor à descendência e o seu desejo de continuar a viver. É um conciliador em todas as situações, um comunicador por EXCELÊNCIA e um homem respeitado por todos o que o conhecem.



A sua neta Catarina...ARTISTA das palavras faz um retrato mais sensível e completo com:





AVÔ


I

Experiência, sabedoria, verdade
Qual a melhor forma de descrever
Este ser que com o avançar da idade
Começou a envelhecer.

II

Novos trilhos por explorar
São-nos dados a conhecer
Por um homem que a ensinar
Nos está a fazer crescer.

III

Ampara-nos nas partidas da vida
Esta montanha que temos que percorrer
Olha por nós na subida
E impede-nos de a descer

IV

Cada segundo aproveitado
Neste colo que é abrigo
Faz-nos querer ouvir o passado
Deste nosso grande amigo.

V

Os seus cabelos escasseiam
A cor branca se acentua
Mas quando nos passeiam
A nossa idade é a sua

VI

Fazem-nos crer na esperança
Dão à nossa vida tanta cor
E repetem a sua herança
Somos nós seu grande AMOR.

                                                                           Catarina Ramos



O Nosso "TIO de SÓZELIII"




João  Miguel Ramos


1924 - 2009

Estou muito entusiasmado e cheio de energia para escrever sobre o meu tio de "Sozéliii", vou desta forma tentar fazer justiça a um homem bom e de certa forma incompreendido por todos. Não sei se na realidade  consigo transpor para a escrita todas as sensações que me envolvem quando recordo acontecimentos relacionados com o tio João Miguel.
As recordações mais distantes que povoam o meu imaginário (boas recordações), as primeiras viagens nos autocarros da rodoviária nos princípios dos anos 60 foram feitas a Sousel...à Feira de S. Miguel. Lembro-me perfeitamente que me levantava muito cedo para ir para Estremoz e depois daqui para Sousel.
  Ia sempre com a minha mãe. O autocarro parava exactamente no local da feira, muita gente por todo o lado e muitos animais para venda, os ciganos em grande maioria eram naturalmente uma das imagens de marca desta feira anual. Fins de Setembro, muitas vezes com chuva adorava o dia que ia à Quintas das Henriques casa do meu tio.No dia da chegada invariavelmente ele estava na praça a vender as hortaliças da sua horta.
Desejava ansiosamente  a chegada  do mês de Setembro para cumprir o ritual da feira de S. Miguel. Minha mãe comprava-me uma bola de serradura que mais não eram os yôu-yôus da época. Tinham um elástico e eram embrulhadas com pratas de cores variadas-não duravam muito mas era uma felicidade de criança ter uma bola de serradura.Mas o que queria mesmo era chegar à quinta do meu tio, entrar no portão e correr de seguida todos os cantos. Subir ao primeiro andar onde estavam as nozes, os melões Todas as colheitas de verão e o meu tesouro mais apetecido: batatinhas pequeninas, como eram boas as batatinhas pequeninas fritas inteiras na casa do meu tio. A tia Maria Joana fazia também umas boas canjas e era uma simpatia de mulher, sempre a sorrir e com piadas para me fazer rir. A lida da quinta não era interrompida pela chegada dos visitantes... desejados. João e Maria levantavam-se muito cedo para tratar das vacas e dos assuntos da horta, o lume era acesso para aquecer a água para o café e a alegria em mim  permanecia para um domingo enorme cheio de acontecimentos: ir à feira, percorrer todos os cantos da quinta, brincar com os cães e olhar com todo o cuidado para a minha imagem espelhada na água das duas noras.
O regresso a casa era da mesma forma feliz pois tinha a certeza que regressaria no próximo ano.
Tinha na mão a bola de serradura para mostrar aos gaiatos da minha rua...







No início dos anos oitenta a minha tia depois de grande sofrimento faleceu e meu tio permaneceu na quinta mais alguns anos numa vida de trabalho com grande solidão à mistura. não me lembro muito destes tempos pois já me encontrava em Lisboa , mas sei que minha mãe foi várias vezes a Sousel para limpar a casa e apoiar o meu tio. Conseguiu convencer o irmão a deixar tudo e começar uma vida nova em Arcos. Naturalmente e depois de começar a viver com uma nova mulher, Maria. O meu tio mostrou a todos sem qualquer dificuldade as suas capacidades de grande conhecedor de todos os trabalhos do campo. Um trabalhador sem igual e sempre humilde nas palavras, contador de histórias -tinha sempre uma boa história para contar. Descobriu sem custo todos os cantos destas novas terras, sabia onde cresciam os orégãos, os espargos,  as terras dos melhores poejos e as mais doces bolotas.
- Álvaro, sabes quais são os azinheiras  que tem as melhores bolotas!?...é fácil, basta seguires o rasto de uma vara de porcos ou de um rebanho de ovelhas. Eles sabem quais são as mais doces.
Conheci muito bem o tio João Miguel nesta fase da sua vida. Encontrei-o por vezes em dias de frio de rachar de bicicleta  a caminho de Estremoz para  comprar um pacote de leite porque era mais barato.Almocei com ele diversas vezes e acompanhei com preocupação o seu desejo de partir. Ouvi muitas críticas ao "AVARENTO João Miguel". Sorria entre dentes quando ouvia e ainda oiço a voz do povo a falar negativo sobre o homem que só parou mesmo na recta final. Aí sim!... a tristeza envolveu o nosso TIO, a solidão das quatros paredes, a repetição da solidão.Dizia com um brilho intenso nos olhos:- Quando eu morrer os meus sobrinhos vão ficar ricos. Esboço novamente um sorriso pois soube sempre o que estava por trás do significado daquelas palavras. O peso do SONHO. O peso de uma vida de OBJECTIVOS cumpridos de SONHOS REALIZADOS...de defesa de territórios imaginados e vividos. O AMOR AO TRABALHO e O AMOR ao 
 PRÓXIMO.




... TOMEM POR FAVOR ESTA  ROSA ...








O AMOR e O TRABALHO estruturam a vida do ser humano

                   FREUD

 
Tio Menino


O meu tio JOÃO MIGUEL, não leu FREUD nem sabia muito de Literatura mas tinha nas veias esta verdade...Oferecer uma Rosa dá com toda a certeza muito mais gozo, de que recebe-la.



Obrigado TIO ( De todos nós)

                                                   Álvaro Espadanal


Fruto do Tempo


Sou filho da terra que hoje piso
Dela retiro todo o meu sustento
Trabalho esboçando um tímido sorriso
O calor do sol dourado dá-me mais alento

Das flores que brotam no fértil solo
Retenho o aroma e recordo o passado
E como um menino pequeno de colo
Sinto-me num corpo fraco e cansado

A minha energia dá-me vontade
De pular, saltar e vibrar com a vida
Correr o mundo rumo à felicidade
Procurar uma qualquer causa perdida

Debilitado, chamam à minha condição
Sem querer ver a força que me invade
Por um qualquer conceito que em nomeação
Decidiram apelidar de idade

Viver é o verbo que quero conjugar
Mostrar que o meu coração ainda bate forte
E dar aos outros o prazer de me ver triunfar
No momento em que renuncio à morte. 




                                             Catarina Ramos
                                          Nov-2009





domingo, 8 de novembro de 2009

Paisagens Humanas- Arcos


CARPEDIEM! 

 
Mocidades...
1900
Joaquim Cabaço(Pai do Madeirinho) e Josefa(2ªa mulher)

1930...por aí!!!


Velho parente,Manuel martins,?,Jerólmo da Parreira,Velho Laré, VelhoMadeirinho(Cima)


 Fim dos anos 40??
Equipa de Futebol da época

1ro à esq. em baixo Inácio do Mélguinhas 

Anos 50 - Joaquim Cabaço (PAI DO MADEIRINHO), Madeirinho e Dona Cabacinha(baixo)




MADEIRINHO


Anos 50


João pécuxinho, grizéu, Mestre Táta, Romão,????

Grizéu e CAETANO do PISCA-Início de 60


6/06/1969
Sr.Matos sogro do Sodó, Chico da Lebre, Cabaço,Lola, ',Barroso?,Pinto?,?,Quim das Jejéteiras,Helder e Quinaia.

Fim dos anos 60?
Curso da OLIVA
Velho Raspote-Mestre Táta-Nácita Proença-?-Anibal gato
?-Dona Vitória-?

Anos 70
Curso da Oliva
Tólho do Varelas-Mestre Augusto do Pisca-Filha do Cornél-?-Ana Maria
Maria Alice Gato-Marinita e ?

11/06/1972

Custódio-Fernando Armário, Álvaro, Rogério e Filho do Horácio


Custódio-Rogério-Álvaro

Fevereiro de 1973


Rui Dionísio, Fernando Armário, Rogério, Rola, Álvaro e Custódio

ANOS 80

Mestre Januário-Rui da Gisélia-Victor Cebola-Ernesto-Dona Gisélia- Virgolino-Angelino-Mulher do Virgolino-Bia do Rosário- Saudoso Fernando Hermínio Dionísio-Paulo Gomes





-Ah ! Bons tempos... bons tempos! Mocidade e mar. Sedução e mar! O mar bom e vigoroso, salgado e amargo, capaz de nos dizer segredos, de rugir ao ponto de nos deixar implacavelmente cortada a respiração.
... a mesa tão polida que nos reflectia o rosto como um espelho de água escura, as rugas, a velhice; rostos
marcados de canseiras, decepções, sucessos e amor; os nossos olhos fatigados que procuravam e ansiosos procuram ainda essa qualquer coisa que desaparece enquanto esperamos...
passa sem ser vista, num suspiro, num relâmpago... com a mocidade, a força, o romance das ilusões.


...para meus PAIS, símbolo de todos os PAIS (a última geração...), que deram a sua vida pelos filhos.
SENTIMENTO PROFUNDO de GRATIDÃO.











(Barradas) 
 
...Depois resta só uma ou duas com que te vais governando.
Aproveita o teu corpo enquanto estás dentro dele.Aproveita enquanto estás...
Angelino-Grizéu-Júlio-Alcina e Pécuré
JÚLIO VZINHA ALCINE E PÉCURÉ


Hoje, tive um grande DESGOSTO
Quando olhei para os vidros das montras
E via neles as rugas de meu rosto
Revelavam sentimentos de ALEGRIA
E de desgosto
Quando olhava para as montras... via
as rugas no meu ROSTO
DO meu primo Ventura Cantante Raminhos
Dez.2009


CASA DA VELHA XÊTA-POSTERIORMENTE DO MESTRE JOÃQ PÉCUXINHO E MULHER.


-Pai-Pécuré e ?
ADEGA DO TÓLHO
 

Aproveita!











Em tempos que já lá vão...
Todos os nomes têm um rosto
O cheiro da fruta no verão
É mau sinal quando temos muito para contar
Cima-Bombarral, Cornél, ?, ? , Januário, Pai do Zé Domingos, Pai do Ernesto, Manuel Cabacinho, Álvaro, Rodrigues do Baioneta, Mestre Júlio Rosa, Ferrador Matos, O Saudoso Crujo, Malagueta e Gana.
Baixo- Cabaço, Américo, Filho mais novo do Bombarral, Zé Domingos, Rola e Pai do Virgolino

...a vida tem destas coisas! "Nã quêran lá ver"que a tia Vitalina viu em mim um talento com potencial para escrever uma poesia para o jornal da terra.
Ora poesia obriga a rimas, misturadas com sentimentos de AMOR, saudade ou dor...e essa coisa de rimar não me vem nada a calhar! mas, se o que habita no meu pensamento ronda essas três palavras e com elas me identifico, talvez aconteça "POETAR".
Contudo, prefiro as cores. O azul dos acontecimentos, o vermelho dos ROSTOS, o verde dos nomes.. Todos eles com uma história. Também quase todos já desaparecidos e por esse motivo aí vão em Jeito de homenagem.

(Avó-Cartólas-Cabrito-Farelo-Pai do Jaime) 

 PAI DO JAIME

Ricos ou pobres...não interessa para o caso. Nem sequer me lembro do seu poder político e social. Acreditem...o que eu sei é que, sem eles, a minha vida não teria sentido.
Maria do Carmo e Maria Luisa 

Partiram, viveram, voltaram. Outros ficaram mas todos eles estão bem presentes nas minhas recordações.
Viagens pela Europa, conhecimentos em muitas línguas, PAIXÕES e amores vividos, centos de livros lidos, confrontos desalentos e amores perdidos...mas sempre à procura em honesto estudo e duro trabalho, elevaram o meu estatuto social. SONHOS tornados realidade...Todos. Ou quase. Minha MÃE LUÍSA dizia:-Mais um casaco de cabedal!?...és um RICO, tens tudo . Eu respondia:-Devo-o a si e ao trabalho desse grande homem, meu pai trabalhador de domingos e dias santos. Trabalhador honesto justo e amigo de todos.Eu pouco fiz.
(Lino filho do Virgolino-anos 80).+ Eu anos 60


Mas o que habita em mim e preenche o meu imaginário são as tardes quentes de VERÃO, as ruas desertas, com 40º à sombra. Todos dormiam a sesta, menos nós GAIATAGEM, com tanto para viver, para brincar, para falar. O tanque do CAPELAS.Chegam-me também os AROMAS, os SABORES, os SONS: o sabor adocicado do "garoto" no café do SÓDÓ, o seu nervosismo expresso pelo coçar da cabeça quando via a casa cheia.O Cheiro a cerveja no café do Ameixa-e como cheirava bem a cerveja sagres naqueles tempos;
as conversas em FAMÍLIA do Marcelo Caetano acompanhadas também pelos jovens...o seu discurso meigo fazia adivinhar o nascimento dum novo tempo.
Os Festivais da canção era nesse tempo um acontecimento sentido por todos, que não sabe hoje cantar alguns versos da DESFOLHADA ou de ELE e ELA?!...canções que ficavam retidas nas memórias e que ainda estão bem presentes no imaginário dos Portugueses da minha GERAÇÃO.

casa interior do café do Sodó
Reconheço o Januário do Banha, O Bilho Armário o Varandinhas e o eterno Sodò




A orquestra delirante dos GRILOS ensona todos os presentes. À sombra dos sobreiros os GAIATOS movem-se sem preocupações; chapéus de palha e calções rasgados, caras sujas e cabelos desalinhados ...o GORDO com uma palha pica os grilos nos buracos...o grilo deixa o buraco e entra no sapato velho. No céu os cúmulos esbranquiçados anunciam a Primavera com o seu colorido de BORBOLETAS, de FLORES, de picos que decoram a paisagem de sonhos onde os GAIATOS continuam a procurar os grilos nos buracos.
O "guarda verdades" de joelhos ensanguentados vai chutando a bola contra uma baliza imaginária enquanto o Carvalhinho prostrado na doce relva de fim de inverno, sente-se incapaz de suster o corpo amalandrado.
Arcos, 18/04/1981


Cabrito-Cardoso Cereja e Rui do Silvério


A música repetitiva da concertina contratada pelos rapazes das SORTES, todos de roupa desalinhada pela noite mal dormida; Os bailes da CASA do POVO, onde não tínhamos permissão de entrar...e que bailes, tudo cheio até rebentar e lá estava o "mão Cronha", o AMARÃO- um colosso à porta de entrada! ele bem queria cumprir a sua missão, mas o OLHAR desfazia-se em sorriso e traía-lhe a intenção...e no intervalo lá nos deixava entrar. O primeiro BEIJO e os seus cabelos longos...como era lindo o meu amor e a minha FELICIDADE em o viver.
Samarrinha, TIO SAPATEIRO ENCOSTADO À PAREDE AO FUNDO+Stério
 


Lembram-se também do Cartólas e da Maneta na venda do peixe? o "Bacalhau", sempre que podia e com a sua eterna bebedeira, metia a mão na caixa e roubava duas sardinhas que logo levava à boca e mastigava sem Hesitação. O "V´cente" do leite cedinho nos batia à porta...é o Leeeeetiiiii.
a BARBEARIA DO PÉCURÉ onde cheirava a suor do fim do dia.

A cabana do Gatorro no quintal do João Pé Cuxinho, o cheiro típico da mercearia do "Fodrico" e o das tripas penduradas à porta da loja do Rato.O MODERNISMO do estabelecimento do Aníbal, onde a eficiência do Zé do Aníbal fez história. O Belo com o seu carro da mula a vender o carvão tocando uma corneta irritante mas eficiente para fazer sair de casa as mulheres aos bandos com os cestos de verga.


" Belo carvoeiro" Avó
Gateros
anos 60
 


O mapa a arder...tam...tram...tram..tam tam..era o BONANZA nas noites de sábado na Casa do Povo. O campeonato do mundo de futebol de sessenta e seis, os cinco a três...grande EUSÉBIO à Coreia do Norte, minha mãe e todos aos gritos de braços bem erguidos.
Em pé:
João Morais, Alexandre Baptista, Hilário, Jaime Graça, Vicente e Carvalho
Em baixo:
José Augusto, Torres, Eusébio, Coluna e Simões



A equipa de futebol que só não ganhava à colónia de Vila Fernando. As festas anuais e o sorriso bondoso do Padre Martins. A bola pesada do João do Secretário.
Equipa Histórica a do Sebastião a Guarda - redes.



"Padre Martins"
 

O gaiatos CIGANOS a pedirem de porta em porta:- por favor deia-me um cadinho de pão quedou-lhe um moinho pó seu filhinhoooo...!?..
A carpintaria e a loja de mobílias do Angelino.
AS Bestas do Alvino e do Azeite.
Ao fim de uma tarde, fim de mais um dia de trabalho a praça está concorrida e decorada com os vários conjuntos de personagens: os velhos que foram, novos os que hão-de ser e nós os médios os que serão.
Nos bancos emadeirados do ROSSIO, circulam ideias desprovidas de cálculos intelectuais, desprovidas de artificialismos-são os velhos enrrugados pela passagem das estações. Velhos que todos os dias se sentam nos mesmos locais, discutindo as mesmas coisas. Os novos, esses também os mesmos sem grandes inovações.
O SOL desce por cima dos telhados da freguesia, astro de calor ameno a esta hora, continua a enrrugar as faces vermelhas dos trabalhadores condenados.
Na torre da igreja o relógio marca sete horas da tarde, a bandeira do CATAVENTO indica bom tempo...os cães ladram igual a todos os dias e a pele de borrego pende no suporte da bicicleta do cabrito, indicando o sacrifício PASCAL.
Arcos, 16/04/1981





Velho Daniel+Velho Peseta+????


Pai com a "Joaninha" + Sra Celeste
Havia outra MAGIA de CORES, pelo fins das tardes: o desfilar das vacas bem tratadas do Arrobas a dirigirem-se ao bebedouro do tanque; as mulheres em bando, regadas de chuva, no regresso da azeitona e as matanças...reunião de famílias; o Zé Paixão sempre educado e cumprimentador levantando o chapéu.O "Borrega branca" com a cova no queixo e a caixa das injecções; o pai do Rodrigues e o pai do Armindo com os carros de mulas puxando o trabalho; a carrinha de madeira do "Pexóca", na manhã de sábado, carregada no armazém...e a tristeza negra dos funerais.


Zé Paixão e Família
Filha e esposa

Joquim Zé, António, Grizéu e Angelino


Mulheres na azeitona -fins de 60
Benvinda Cartólas-Virgínia Carvalho-Edmundo Garcia (Pai da Maria das Neves)-Manuela do coelhinho-Maria Luzia mulher do Salas

Na azeitona ( Cima)Zéfa do caco-Joaquina Rádares-Ti Vitalina-Pila mãe e filha-Mãe Maria Luisa- (Em Baixo) Amélia-Joaquina Rádares Eu- Fernanda Rádartes
 

Toda esta lengalenga poderá não ter sentido para a "POESIA" dos mais jovens habitantes da minha terra. Também já não os conheço:-ÉS filho de quem?!...Não te conhecia, brinquei muito com o teu pai, era da minha JUVENTUDE. Ainda hoje esta fórmula serve. Já a ouvi em tempos e desta vez sou eu que estou do outro lado a usá-la. Outros virão e a repetirão...mas, não será a
vida uma repetição de factos?

  
Umbelina do belo-Dalginja-Amélia-Pelagrilos-Zéfa-Vitalina Mulher do Pinto-Pila (cima) Arregota-Eu-Fernanda Rádares-Pila filha-Joaquina Rádares(baixo)

E aqui estou eu, ao encontro do tempo passado, talvez perdido! Reflexões SAUDOSISTAS?...Não. Só de SAUDADE:


Eu-Tólho Varelas-Chico tira picos-Joana Banha-Rogério-Mãe
 
 
EU-CHICO VÉSTIAS-MARIA DOS ANJOS E DEOLINDA

 
FERNANDO ARMÁRIO-AVÓ LUDOVINA-EU E MÃE LUÍZA


...
BAIXO
Barroso-António João-Toninho- FELIZARDO-Fernando-Eu-Candeias



 

Baixo-Eu-Maria Joana-Fátima-Ascensão-Pexóca

Mas convém lembrar que, antes, os Arcos não era a terra organizada e cheia de bem - estar que é hoje.
Agora, podemos aqui admirar e exultar com o trabalho feito por alguns CAROLAS e, naturalmente, constatar o resultado de uma evolução natural da sociedade portuguesa. Toda a gente tem uma casa com todas as modernices destes tempos de evolução tecnológica. Água , esgotos, luz "foi coisa que em tempos não houve"...e as ruas alcatroadas só hoje seriam más, se as crianças ainda usassem FISGAS-não eram esses os nossos armazéns de pedras?


 

Pai no forno do António
Tudo para melhor. Quem diz o contrário, ou se lhe adapta o dito"pior cego é o que não quer ver" ou ficou parado no tempo!
E o lar da terceira idade? Que o diga o meu pai, que vive feliz como um REI. Só quem ainda não passou o que passei com a grande Maria Luísa, poderá não compreender que esta foi a obra mais importante que se fez nos Arcos em todos estes anos de LIBERDADE.
Fabuloso o LAR e quem lá trabalha.
E fico por aqui. Simplesmente tentei escrever a "POESIA" que minha tia me pediu...não saiu POESIA, talvez apenas nostalgia! e no olhar, a querer borbulhar, uma gota teimosa que me soube orgulhosa! e a pergunta com alguns matizes:- Não somos hoje, apesar de todo o nosso bem estar, um bocadinho infelizes?
...porque será?


 
Amigo Zé das Cautelas

...porque a salada de tomate já não sabe como dantes?
...porque a fruta não tem o mesmo cheiro?
...ou afinal, porque vamos perdendo quem amamos e só quando eles desaparecem, compreendemos o valor que tinham nas nossas vidas.

Casamento do Chico 



IRMÃO DO ARMINDO Maria do Rosário-MARIA DO CARMO-IRMÃS DO RODRIGUES  TÓLHICA-ROSÁLIA E IRMÃ DO CHICO VÉSTIAS MARIA ROSA E MARIA DE FÁTIMA


A vida continua e temos uma terra muito bonita.
Cheia de cores e de sentidos...então sorriam e tentem ser FELIZES.
Álvaro Espadanal- Dezembro de 2003


Estes foram tempos MAGNÍFICOS...uma meninice rica de sonhos e experiências, havia naturalmente problemas e preocupações como hoje, penso no entanto que muito se perdeu com esta abertura ao mundo(enriquecedora), perderam-se sentimentos como a bondade, ingenuidade, ...perdeu-se o respeito pelo próximo e o orgulho nas pessoas que fizeram de nós o que somos hoje, os nossos antepassados.Tudo o que assinalei em cima é para prestar homenagem a todas as personagens que como nós tiveram sonhos, deram o "LITRO" nos seus trabalhos e nas suas funções. Não era como se diz agora um País livre...tinha uma GUERRA absurda em África e faltava muita coisa na vida das populações. Havia no entanto fundamentos importantes para as pessoas se sentirem Felizes: Segurança, mais igualdade, orgulho no País e nos seus dirigentes.Honra e Ética eram os fundamentos para uma vida em comunidade. Hoje tudo isso se perdeu numa sociedade descaracterizada por modelos vindos do exterior que nem sempre são os mais adequados para a sobrevivência duma cultura e de um País. A dependência do exterior é total e trabalhar deixou de ser uma PAIXÃO para muita gente, estamos numa sociedade onde o lazer é o seu objectivo, muitas das economias estruturam os seus rendimentos nestas áreas. Mas vivemos neste tempo e temos que olhar em frente e lutar para uma sociedade mais justa e equilibrada, as diferenças sociais aumentaram, mas também as oportunidades de concretização de sonhos aumentaram na mesma medida. O acesso ao ensino e à cultura está agora ao alcance de todos.Apesar desta análise crítica à organização social do presente, saliento (com toda a certeza) que vivemos na melhor época da história da Humanidade no que respeita à qualidade de vida, mas o respeito pela NATUREZA não acompanhou essa evolução, a FAUNA e a Flora do MUNDO sofre as consequências duma exploração exagerada para alimentar milhões de bocas das sociedades ocidentais ricas, a POLUIÇÃO dos rios e oceanos ameaça-nos a sobrevivência como espécie. Esta sim a parte negra do Capitalismo desenfreado, do insaciável desejo de LUCRO dos nossos dirigentes e poderosas organizações. A liberdade também é dependência, pois não conseguimos ser donos dos nossos destinos. O livro de ORWELL, o "TRIUNFO dos PORCOS" é o retrato mais lógico da sociedade actual e dos seus líderes.


Cquote1.png 1. Qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo.
2. Qualquer coisa que ande sobre quatro pernas, ou tenha asas, é amigo.
3. Nenhum animal usará roupas.
4. Nenhum animal dormirá em cama.
5. Nenhum animal beberá álcool.
6. Nenhum animal matará outro animal...todos os animais são iguais
Cquote1.png 4. Nenhum animal dormirá em cama com lençóis.
5. Nenhum animal beberá álcool em excesso.
6. Nenhum animal matará outro animal sem motivo.
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais que outros.
Cquote2.png

Todos os animais são iguais mas há uns que são mais iguais que outros.




Cquote2.png


Luís Armário-Júlio Ramos, GUILHERME RAMOS E  PECURÉ-1993



Rádares (baixo)
+ Hoje...




"ZéMÁIDEIA"

Samarrinha