LOBOS

Sou, na verdade, o Lobo da Estepe, como me digo tantas vezes – aquele animal extraviado que não encontra abrigo nem na alegria nem alimento num mundo que lhe é estranho e incompreensível

Herman Hesse

quinta-feira, 29 de junho de 2023

ÁGORAS

 

 ADEGAS// As Igrejas «...dozomens!».

O CONCEITO DA FELICIDADE

ESTA NOITE DORMI COM BUCKOWSKI  MANSON

...E PROCUREI A MELHOR FORMA PARA DECIFRAR> FELICIDADE.

 

   Bukowski nasceu em Agosto de 192, exactamente a idade do Mestre João e de todos os que são nome da minha narrativa (..hoje não irei utilizar a montanha- Russa das maiúsculas misturadas com as pequeninas)definitivamente irei portar-me como uma pessoa normal. O desafio que aqui  me trouxe andará pertodo conceito tão badalado hoje> felicidade.

 Charles era era alcoólico, mulherengo, viciado em jogo, malcriado, parasita  vadio  e, nos dias bons escritor e poeta. C Bukowski é um dos meus escritores preferidos. Foi também carteiro de profissão. o seu trabalho como escritor  foi rejeitado durante décadas por jornais, revistas e editores. Mas Charlie continuou  a escrever, a ser bêbado  e depravado. Passaram 30 anos mergulhado em álcool , droga e prostitutas. De repente a sua vida deu uma volta, e tornou-se um dos mais lidos escritores Americanos, continuando a ser um falhado e tirou partido disso. Não mudou nenhuma "virgula " às suas atitudes, não se aperfeiçoou... continuando a ser implacavelmente honesto consigo e com o que queria da vida trabalhando à volta dos seus fracassos. aparecia bêbedo  nos recitais de poesia ou apresentação de livros e insultava  a audiência. Continuando  a expor-se em publico e a tentar dormir com todas as mulheres.

 


  Hoje e nas nossas vidas somos diariamente bombardeados  pelo «SER», mais feliz, mais ricos, sr o melhor, melhor do que os outros, mais sexy, mais admirado. quem não se enquadrar (...)"está feito ao bife", sofrerá as passas do Algarve.

  Quando evoco o passado e o transporto para o presente nos meus escritos, longe de estar a fazer juízos de valor de que antes é que foi melhor. Nada disso! a sorte de todas estas evocações é que somos filhos desta gente que nasceu nos anos 20 do século passado e estes  descendentes dos que nasceram nos finais do séc. XIX. Existe uma continuidade e existirá um futuro.   estas fotos (como outras)gloriosas  merecem ser ilustradas pois estão carregadas de história, preciosos acontecimentos muitos dos quais assisti. É por isto também que os partilho...quem os quiser receber ficará mais tal como eu cheio de histórias para contar. Quem escolher )só) olhar para o retrato saberá que em outros tempos o conceito de felicidade também existiu, foi uma realidade e não vendeu livros.Também não era necessário poucos tinham acesso a uns "óculos de ver ao pé"

   Ágora>« termo ágora tem origem na língua grega e significa “espaço aberto para reunião”; no início da história da Grécia, designava a área de uma cidade onde os cidadãos nascidos livres podiam se reunir para ouvir anúncios cívicos, organizar campanhas militares ou discutir política. Posteriormente, o termo passou a designar o mercado ao ar livre da cidade. A Ágora de Atenas é a mais conhecida, embora o termo tenha sido usado em outras cidades-estado para identificar espaços públicos onde se discutiam os eventos do dia, os mercadores montavam suas tendas e os artesãos vendiam seus produtos. Assim, ágora é também entendida como a reunião de pessoas, bem como onde elas se reúnem."

   As nossa Ágoras foram as adegas(tabernas, era mesmo desta forma que lhes chamavam.Locais de reunião e confraternização. Seriam felizes os que a habitavam?

 Totalmente!! Observem os rostos e logo me dirão. Todos os homens do zarcos nosso pais e vossos avós frequentavam as Ágoras -Adegas? sim pouco ou muitos, ninguém resistia aquele cheiro de suor misturado com o dos petiscos ou do vinho branco ou preto. O Ti Raimundo foi durante a sua vida um pessoa feliz?

 Sim Natividade e Deolinda, nunca vi o Ti Raimundo numa Adega, talvez ele bebesse uns copos na do Pexóca e essa ficava nas franjas do meu reino. Para ser feliz ele e todos tinham o trabalho. Um exímio conhecedor das manhas do campo e dos animais. Ensinou-me a PAZ e como se enxertava.De uma laranjeira fazia um limoeiro. 

 

  Com todos existiam as histórias e o sucesso foi estruturado na simplicidade, na forma como aceitavam o passar dos dias.

 

-Vamos Lá!?

-Tem queseri!

-Vai um copo?

-Tamos no ir!

- vai um de três?

 

  Este o vocabulário conhecido por todos, nós os Gaiatos ficávamos à porta, assistindo às grandes jogadas de chito com vinténs. Ou tentávamos adormecer tapando os ouvidos porque era quase meia noite e meia duzia de bêbedos continuavam encostados ao balcão da Adega do Tólho, versando ao desafio... na rua em silêncio vazia avizinhava-se o outro dia.


 

TABERNAS

Breve Viagem
PELA
História da palavra e do sentido. Taberna vem do latim e é derivada da palavra grega taverna que significava algo como oficina ou barracão.
Existem HISTÓRIAS sobre estes lugares de culto onde grupos de amigos se juntavam para confraternizar em volta de uma mesa recheada de belos petiscos e onde matavam a sede com VINHO ou cerveja. A história destes lugares estende-se a ROMA, ao Antigo Egipto e a toda a Ásia. Na Idade Média viveu-se a folia nas estalagens "MEDIEVAIS", estas eram "HABITADAS" por MESAS de Madeira, archotes e canecas metálicas, por onde se bebia cerveja,  um porco que assava num espeto completava o cenário. Gente sem fim ria, Falava e brigava depois de bem regados. Nestes mesmos tempos, os MOSTEIROS e as Catedrais eram cercados de vinhedos. Mas, já em 512 A.C., na Babilónia e no ANTIGO Egipto, existem notícias destes estabelecimentos chamados "COMEDORES PÚBLICOS". Aqui serviam um único prato preparado com cereais, aves selvagens e cebola. As mulheres estavam interditas de entrarem nestes lugares regados com bom vinho. A História das TABERNAS confunde-se com a história do VINHO. Os Gregos presentearam-no com o DEUS Baco, os ROMANOS chamaram-lhe DIONÍSIO. No Velho Testamento, era citado na Bíblia, como um PRAZER… fonte de delícias...ou como um vício a ser evitado.

Em Roma e na cidade de Herculano (coberta pelas cinzas do vulcão VESÚVIO 79 D.C.) foram encontrados vestígios de estalagens onde se confraternizava com vinho e grandes banquetes.
 

O MUNDO do lado de FORA da TASCA




 QUEM foram estes nossos antepassados e que MUNDO era o seu?!

Quem vivia no campo? O MUNDO no ZARCOS.



Os pequenos agricultores, os pequenos comerciantes e os artesãos formavam as novas classes do trabalho. A partir de Inglaterra, um pouco por toda a Europa e mais tarde em Portugal, começavam a surgir as fábricas. Os artesãos das antigas oficinas davam lugar aos operários.
Assim, ao longo do século XIX, começou a falar-se da «classe operária» e das suas difíceis condições de vida. Ao operariado ligou-se o conceito de «proletário» (com prole - família muito numerosa - e sem bens próprios). As condições de vida destes trabalhadores não melhoraram durante o século XIX; o dia de trabalho continuou a ser de mais de dez horas.  Dentro da população rural, distinguiam-se: - proprietários (burgueses e alguns nobres); - rendeiros (pagavam renda pela terra que cultivavam); - jornaleiros (vendiam a sua força de trabalho diário à jorna, e eram o grupo mais numeroso); - pastores e outros «criados de gado».A posse de uma parcela de terra dava direito a um «lugar» na sociedade rural e permitia a participação na vida política local. Com a libertação da terra, alguns rendeiros e até jornaleiros tornaram-se pequenos proprietários.
 Os grandes proprietários tinham aumentado os seus bens com a compra das terras das ordens religiosas. Estes proprietários eram: - burgueses endinheirados que, exercendo outras profissões e vivendo na cidade, as arrendavam; - nobres que, ao perderem o direito de receber os tributos feudais, viviam apenas das rendas das terras.    No final do século XIX, cerca de 70% da população portuguesa ainda trabalhava na agricultura. A pecuária (criação de gado) continuava ligada às actividades agrícolas, constituindo uma fonte de rendimento complementar, bem como um recurso para auxiliar a actividade agrícola (estrume para as plantações e força animal para puxar os ARADOS.

 

 

Alimentação

Com o aumento da produção agrícola, as condições de vida melhoraram, e passou a haver menos fomes.  Os vegetais eram a base da alimentação. Diariamente, os trabalhadores alimentavam-se de  pão de trigo ou centeio, azeitonas, algum bacalhau ou sardinha, vinho e sopa (feita de batatas e legumes frescos e secos, e  temperada com azeite).  A pouco e pouco, o café, o arroz, o «pão branco» e os enchidos entraram  na alimentação diária do camponês. Praticava-se um regime alimentar  pobre em proteínas: a carne era um luxo e só era comida de tempos em  tempos e por quem tinha criação.Os camponeses viviam com grandes dificuldades, e o pouco dinheiro que tinham servia apenas para comprar azeite, sardinhas, sal e sabão.

 « ...deste TEMPO a tal  HISTÓRIA de 1 (UMA) SARDINHA para 3 (TRÊS) pessoas.»


Por isso, a roupa tinha de durar vários anos. A Música e os cantares ao desafio, assim como os versos, eram os divertimentos da gente do campo. Estes movimentos culturais "HABITARAM" todas as tabernas nos fins-de-semana ou em FESTAS dos SANTOS PADROEIROS.

 Os HOMENS apenas tinham as TASCAS para se esquecerem duma vida de TRABALHO. Os dias ligavam-se numa faina interminável e a IGREJA, com o seu poderio, REINAVA orientando as FAMÍLIAS para o BEM e ameaçando com o INFERNO aqueles que SONHAVAM ir mais além das REGRAS impostas por uma sociedade FEUDAL.

 

O PECADO DOMINAVA as MENTES (...ou o medo DELE) do NASCER até ao FIM da VIDA de uma POPULAÇÃO iletrada que afogava as MÁGOAS nos balcões das FRESCAS TABERNAS da TERRA.

Em cada BALCÃO as mesmas HISTÓRIAS, repetidas vezes sem conta; as doenças, as mortes e a pobreza desmedida. A COMUNIDADE sobrevivia no entanto sempre com um sorriso na boca e um cantar de ALEGRIA vestida. 

 








 

 

Os homens da aldeia divertiam-se nas tabernas, que eram cada vez em maior número. Ali, jogavam às cartas, ao chito e punham a conversa em dia. Os petiscos eram (... são ) uma das tradições mais marcantes da sociedade PORTUGUESA e, em especial, da CULTURA ALENTEJANA. Nas TABERNAS, em redor de uma mesa, conversava-se decidia-se ou cantava-se, quando os copos já faziam efeito, mas sempre com um petisco pela frente. A informalidade notava-se logo nos pratos...estes eram invariavelmente pequenos  assim como os talheres - um GARFO e um pedaço de pão eram o suficiente para levar o petisco à BOCA. O Alentejano ia sempre preparado com o seu canivete (navalha petisqueira), muito gasto pelo uso e sempre afiadinho.

 

 

Espaço fresco, ESCURO e sem janelas- Balcão LARGO de MADEIRA. A taberna era um LUGAR frequentado por homens nos seus momentos de descanso ou desânimo. Frequentavam-na ainda as “AVES-RARAS”, os VAGABUNDOS sem eira nem beira. Os tais que em cada localidade tinham uma cama guardada numa “ALMIADA” algures no terreno do grande ou médio proprietário.
Aqui estou eu em busca da HISTÓRIA de mais um SÍTIO de comunhão importante para deixar registo. Era muito pequeno quando a “TASCA” se mudou para o LARGO da FREGUESIA…no entanto recordo alguns acontecimentos felizes de um e do outro local, os quais vou dar conta.

 

 

Esta "IGREJA" era para os HOMENS

«Minha mãe referia-se desta forma às tabernas quando o meu PAI chegava tarde e com os copos...-Já vens da IGREJA?!»

 

Pior ainda: Nas guerras do 55 e depois no 39 , assistidas por um miúdo que ao contrário de Bucowski, nunca se meteu nos copos- a frase dura maior que me ficou é um HINO À FELICIDADE DESTES HOMENS.:

 «- PENSAS A QUE LARGO A SUCIDADE POR TI??!, NUNCA!»

  O que o Mestre João queria dizer era que depois do trabalho , do duro trabalho de pedreiro, parava  a motorizada , tirava a caixa do almoço e nem se lavava, corria de seguida para a  uma das adegas onde tinha a "SOCIEDADE"  á espera, porque esse foi na realidade a sua FELICIDADE. 

 

 Comunhão, confraternização  a ÁGORA dos SENTIDOS.


 

 ADEGA do ANTÓNIOVCÊNTI
ADEGA dos XTRADINHA

ADEGA do TÓLHO

ADEGA do JOQUIM ZÉ

ADEGA do CHICO CÉGUINHO

ADEGA do SILVÉRIO

ADEGA do QUINCAS

ADEGA do PERDIZ

ADEGA do BAINETA

ADEGA do PECHOCA