LOBOS

Sou, na verdade, o Lobo da Estepe, como me digo tantas vezes – aquele animal extraviado que não encontra abrigo nem na alegria nem alimento num mundo que lhe é estranho e incompreensível

Herman Hesse

sexta-feira, 14 de julho de 2023

ROLETA-RUSSA

 BY (K)ULTURE 4 RESPEITO>  OS PÓS-MODERNISTAS ontem e os de HOJE

o COCIOLO

O CAFÉ DO SÓDÓ

MESTRE JACINTO E PÉPEZINHO

«arqueologia SOCIAL»

 O DOM DA (IM)PACIÊNCIA.

 


 

 «POVO QUE LAVAS NO RIO QUE TALHAS COM O TEU MACHADO AS TÁBUAS DO "TEU" CAIXÃO»

COMISSÃO DE INQUÉRITO

... 8 DE JUNHO ÀS 09.23 HORAS COLHI OS PRIMEIROS DOIS TOMATES (SEMEADOS  NO DIA 03 DE FEVEREIRO> ESPEREI  SEIS MESES por este milagre.SANTA A PACIÊNCIA.

 ONTEM 07 DE JUNHO FOI DECLARADA  A PRIMEIRA BIRRA  (CLÁSSICA) GREVE DOS PROFESSORES EM OUTUBRO> OUTUBRO DE 2017-OUT  DE 2018-OUT DE 2019-OUT DE 2020-OUT DE 2021 -OUT DE 2022 E OUTRO OUTUBRO  DE 2023. NÃO HÁ PLANIFICAÇÃO E CORAÇÃO QUE AGUENTE TANTA REPETIÇÃO EM DEFESA DO  TÃO BADALADO RESPEITO.A (K)VLTURA e a ES(K)OLA

NOVAMENTE A GREVE E A LUTA

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novamente  importância zero do ser humano no mundo actual.

 Há 3 dias que estava no areal, foi confundido com uma boneca de plástico

Corpo de criança sem cabeça encontrado numa praia em Espanha

Criança teria entre dois a três anos e autoridades acreditam que o corpo terá estado no mar antes de ser encontrado numa praia. Pode ter morrido num naufrágio de barcos de migrantes no Mediterrâneo.

A CULTURA  a MASSIFICAÇÃO e o RUÍDO

 O MUNDO ESTÁ  EM GREVE E EM LUTA,,,as GERAÇÕES da CONTEMPORANIEDADE  instaladas em   MILHARES  DE FESTIVAIS DE MÚSICA COM os COVÕES A « DAR-LHE RUÍDO AOS CONTENTORES». Paralelamente a esta vida-ficção existe uma realidade duríssima a encurtar-nos a esperança .

 

DESTA FORMA E cheio de duvidas que os "NOGUEIRAS" e os grandes estadistas do momento leiam as minhas dores E TAMBÉM OS ENSINAMENTOS DOS TAIS 2 TOMATES. (...)SEIS MESES É OBRA,,, O TEMPO DA NATUREZA.

Existe  um tempo na NATUREZA. Quem não o respeitar terá problemas. 

«QUEM NÃO SE DÁ AO RESPEITO tem os DIAS CONTADOS».

 

E nos Arcos? Como era o ambiente cultural, no café do Sodó, no tempo em que eu e o Álvaro aí vivíamos? Falta de “massa no bolso”, certamente havia muita, mas massificação NÃO! Encontramos resposta a esta e outras perguntas, no seu baú de recordações .
 CULTURA e PESSOAS

 

 


 

CULTURA e CONTRA-CULTURA

«Não, não nasci na era digital. Fiz parte de uma geração em que os rapazes se inpiravam na maneira de vestir de 4 jovens que integravam uma banda musical “ The Beatles”. Usavam a barba e cabelo grande, eram muito criticados pelos mais velhos que não aderiram à contra-cultura, pois achavam que aquela gadelha toda era pouco higiénica. Utilizavam calças à boca de sino e camisas tingidas com cores muito brilhantes. Nós, as meninas passámos a usar minissaias, calças de ganga, camisas sem gola…  Enfim marcámos uma geração que lia livros requisitados a uma biblioteca itinerante (Gulbenkian) conduzida pelo senhor Caramelo que se deslocava aos Arcos uma vez por mês, e que funcionava como uma espécie de sala de convívio entre novos e velhos (os pouco que sabiam ler). As mulheres essas preferiam ouvir a rádio (telefonia), sintonizada  na emissora nacional, para  se deliciarem com o folhetim da “Sempre Maria”, ficavam com os olhos inchados de tanto chorar por causa da protagonista, mãe do Toni e mãe solteira. Sim fiz parte duma geração que já dava sinais de recusa de alguns valores e moral  e pela defesa da paz e amor universais. Amávamos a natureza.

Todos sabemos que a importância das coisas é relativa. O que para mim é importante poderá não ser para muita gente e vice-versa. É por isso que há fenómenos em massa em que só reparo em última instância. Quer isto dizer que não habito o mesmo planeta? Não. Quer dizer que andei ocupada a trilhar outros caminhos, distraída daqueles que, às vezes em larga escala, se vão gizando na realidade paralela que me rodeia, procurando pôr-me a salvo das “contaminações em massa”. Lidando diariamente com a nossa juventude é evidente que não posso ficar completamente isolada dos grandes fenómenos populares contemporâneos e por vezes fico boquiaberta com os milhares de visualizações que têm certos vídeos que colocam na internet.

Percebi com eles que certos artistas são maioritariamente  um fenómeno entre o publico juvenil. Por vezes falam-me de artistas e músicas que nunca ouvi.»Natividade

 A CAIXA do CONHECIMENTO//TODOS NÓS!

Que exigências e desafios tinham estes nossos antepassados que nos deixaram como herança o "conhecimento do RESPEITO".

O SÓDÓ também  "ÉPRAQUIXAMADO" POIS PACIÊNCIA NÃO TINHA NENHUMA e MERECEU-NOS SEMPRE ATENÇÃO. 

 Antes de me "INSTALAR"em frente da montra e com a cabeça bem levantada  conto pelos dedos procurando descortinar o número de sonhos que enchiam por inteiro aquele cérebro pequenino, o meu e os dos outros gaiatos das mesas da frente. A fuga do desespero, estes GAIATOS tinham uma vida difícil a porrada  foi uma constante, banalizou-se sem direitoa retaliação. O Rossio e as ruas estavam iluminadas NOITES-DIAS. O  milagre das varinhas  das gentes da ´»COMPANHIA«. o "PELADO da Tidurica" um ás a subir escadas. A "CAIXA-MÁGICA"tinha chegado à freguesia, na Casa do Povo, nos Cafés (do Ameixa e Sódó) e na Madeirinha. Entre o abrir e o fechar (com músicas que ainda perduram nas memórias) existia um imenso CIRCO, onde todos nós gaiatos , GRANDES e idosos se vestiam de Cow-Boys,Índios,  Tarzans, Palhaços e Marionetes. Os mundiais de Hóquei em Patins( Livramento- Casimiro- Rendeiro- Fernando Adrião e Chana)- o Mundial de Futebol de 1966(carvalho- germano-Hilário-Peres-Simões-José Agusto-Jaime Graça-Eusébio e Torres)- Os Vingadores Joh Steed e Tara King. David Jassen »THE FUGITIVE« no papel de  Richard Kimbler perseguindo o Maneta. 

 António Calvário- António Mourão-Simone de Oliveira-Tonicha-Madalena Iglésias- Fernado Pessa -Fialho Gouveia-Raul Solnado-Carlos Cruz-Badaró- Costa do Castelo-Charlot-Bucha Estica-Gabriela é meu camarada- eu nasci assim eu sou memu assim Gabriela... eu nasci Gabriela.Lucélia Santos  »Escrava Isaura«Engenheiro Sousa Veloso e o »TV Rural«Artur Agostinho . Pasta Medicinal COUTO e os seus dentes ficarão eternamente brancos.De colónia é o leite que você deve usar.
Leite de Colónia para a beleza realçar.

BIC laranja, BIC cristal

 Cevada, chicória e centeio é a sua composição
Brasa é a bebida que aquece o coração.

 

Diz o avô e diz o bebé

OMO LAVA MAIS BRANCO

 ...NOS QUERÍAMOS SER ELES e ELAS.HOJE DETESTO SER COMO ALGUÉM e desligo-a para não enlouquecer de tanto RUÍDO

Natividade em que ficamos ?' VAMOS NESSA !? na procura da PAZ no CAFÉ do SÓDO.

PERSONAGENS da MINHA RUA
O CAFÉ do
  SÓDÓ
 PEDIMOS DESCULPA pla INTERRUPÇÃO
O PROGRAMA SEGUE dentro de MOMENTOS

 





UM 
ARTIGO RECUPERADO


Uma HOMENAGEM ao HOMEM à FAMÍLIA e às RECORDAÇÕES que permanecem em TODOS NÓS.

SÓDÓ- Ana Maria e Sra. Joaninha

Estas memórias  são muito antigas. Têm,  cerca sessenta anos que na mancha do tempo é um grão de trigo numa imensa seara.

Pretende-se com a sua divulgação, registar sumariamente, alguns factos curiosos que ajudem as diferentes gerações a entenderem  a vida do colectiva doZARCOS num PERÍODO de tempo que anda por volta dos anos 50, 60 e 70.
Porque a História de uma localidade não é propriedade exclusiva de POLÍTICOS ou ADMINISTRATIVOS, mas sim - também - das vivências entre pessoas. Do seu quotidiano de comportamentos, a que se poderá chamar, talvez,  “arqueologia social”.
 Os CAFÉS começaram a aparecer nos anos cinquenta nas localidades e foi uma evolução em relação às tabernas, estas sim locais um pouco mais “OBSCUROS” onde se vendia vinho, tabaco e muitas delas vendiam também petróleo e carvão (como referido na carta 13).
Estes novos locais apareceram com a inovação de alargar a clientela às gerações mais novas e ofereciam uma série de produtos que não existiam nas tabernas, BOLOS, GAROTOS, CAFÉ e cerveja. O VINHO não era uma escolha frequente num CAFÉ.


Este CAFÉ a que o tempo denominou: – CAFÉ do SÓDÓ, foi um desses locais magníficos que vieram revolucionar a vida em comunidade da nossa localidade.
A Época de ouro dos cafés transportou consigo uma ALIADA de PESO:- O aparecimento da TELEVISÃO por volta de 1957.
Não sou a pessoa certa para referir todos os dados históricos que estruturaram este local, poderei mais uma vez referir-me sobre coisas que vivi ou fui ouvinte. Um ESPAÇO muito MODERNO e com uma dimensão superior às tabernas que o POVO estava habituado. Se hoje, as paredes da CARPINTARIA do Torres pudessem falar, contariam histórias sem fim, de pessoas e factos…de risos, odores e SONHOS. O CAFÉ do SÓDÓ, um lugar de SONHO sem qualquer tipo de PESADELO à mistura. Haviam dias e momentos especiais. Sábados à noite e DOMINGOS à tarde, assim como as quintas-feiras das touradas.

Januário Banha-Carapau-?-Marido da Cremilde irmão do Blé-Varandinhas-SóDÓ e BILHO irmão do sapateiro
 
 
Mas recordar este local é paralelamente escrever sobre a história da TELEVISÃO. O SÓDÓ ou Sr. MATOS, Penso que MATOS vinha da DONA JOANINHA, ( ouvi o meu PAI referir-se a ele por este apelido). O HOMEM a ALMA daquele espaço. Nem crianças nem adultos tinham a vida muito facilitada no relacionamento com este nosso conterrâneo; de trato difícil mas com bom coração , tinha DIAS…como a voz do POVO dizia. Apetece-me hoje sorrir sobre a imagem que construo na minha mente trazida do fundo dos tempos. O SÓDÓ foi tão especial e diferente de todos os outros comerciantes do ramo, esta diferença era clara na ATITUDE perante a casa a rebentar pelas costuras, O QUE ACONTECIA MUITAS VEZES///quase sempre pois os novos modernos teriam que frequentar o café CENTRAL da Rua Nova.. O NERVOSISMO CHATEAVA-SE A SÉRIO, uma constante quando via a casa cheia, as pessoas continuavam a entrar mesmo sem o bendito lugar nas mesas de 4 cadeiras. O Ecrã mágico e a inovadora forma de convívio que mais não era que a evolução cultural trazida pela TELEVISÃO fazia das suas-no canto do fundo esquerdo aglomeravam-se em monte os que não tinham lugar nas mesas.
Nós crianças éramos normalmente corridos nos dias de maior azáfama, os dias ou noites que o SÓDÓ coçava cabeça. Já sabíamos que nesses momentos tínhamos que estar alerta, vá de mergulharmos para debaixo das mesas da frente quando conseguíamos cumplicidade dos adultos que lá estavam sentados.
Nos sábados à noite, e nos domingos à tarde era a romaria generalizada de famílias e vizinhanças para assistirem aos programas recreativos, a troco de “uma despesa” em bicas e bolos. A “gentalha miúda” aparecia em  grande número, o proprietário fazia a sua selecção, deixando permanecer no local apenas aqueles que mostravam as respectivas moedas para adquirirem um refrigerante, amendoins ou os tradicionais “cinco tostões” de rebuçados.
 
Ehhhhhhhhh! ehhhhh! (RIO-ME COM ORGULHO de TER VIVENCIADO todos estes ACONTECIMENTOS)juro que foi verdade esta passagem de revista tal pelotão  em fila duma tropa em decadência. > MOSTRA SE TENS DINHEIRO!
Os outros, eram “postos na rua”,espreitando pela ombreira, de semblante triste ou revoltado,  invejando os eleitos pela  sorte ou virtude de possuírem na mão bem apertadinha os abençoados  e polidos 5 tostões.
Festivais da Canção, transmissões de Fátima, discursos políticos importantes, filmes da noite de cinema, e, sobretudo, jogos de futebol em directo, enchiam o CAFÉ “ faziam-no rebentar p´las costuras”. Ainda hoje muitos se recordam das pequenas multidões que se juntavam à porta do “CAFÉ do SÓDÓ”. Sem lugar no seu interior, as pessoas iam-se amontoando da entrada até ao meio da rua, espreitando em bicos de pés, para o canto onde o receptor estava instalado.
A TELEVISÃO 

A “FAUNA”  VARIADA, PACIENTE contrastava com a TRAGÉDIA que HABITAVA a CABEÇA do PROPRIETÁRIO, Dona Joaninha  , meiga  acalmava a "FERA".  Neste sussurro geral  passavam-se noites fantásticas de conversas, jogos de cartas (haviam umas horas determinadas para este jogo). O Mestre Jacinto teve um lugar cativo no café até ao fim da sua vida. 
 
 
 


 
Outro dos factos engraçados que tenho obrigatoriamente que referir, não posso deixar em claro- refere-se ao PÉPEZINHO tão amado pela gaiatagem , estando havia festa  no meio do "ARRAIAL". Este senhor soletrava em voz alta as legendas dos filmes, era a risada geral. Silêncio  atento dos presentes. Alguém perdia as estribeiras e ordenava  ao homem que se calasse , este não muito contente ripostava e tudo voltava ao ao normal. 
Meia hora depois e se o filme ainda não tivesse terminado, o fantástico PÉPEZINHO voltava á carga e novamente em voz alta tentava desenrrascar-se com as legendas do filme. E tudo se repetia.
PXIUUUUUUUUU! 

-CALA-TE PORRA!!
 
 
 
(GARGALHADA GERAL e o SÓDÓ a COÇAR a CABEÇA) . O PÉPEZINHO foi o espetáculo indispensável(QUE AINDA PERDURA NO MELHOR das MINHAS MEMÓRIAS) dentro deste espaço quente de calor humano. Um dos "HABITANTES" QUE ficou ETERNIZADO nas MINHAS MEMÓRIAS ele e o MESTRE JACINTO
 
 « PALAVRAS de FILHO CARLINHOS o POETA//Geração 10 anos depois>Retenho ainda em mente a criança que, pela mão do pai, ia ao café do Sódó. Para a criança que observava o despertar do mundo, era um privilégio sair á noite e ir ao café do Sódó onde se reuniam os mais graúdos e discutiam os temas da atualidade e sobretudo as novidades dos "Zarcos". Era ali que tudo se sabia... de todos! Era ali que as novidades chegavam em primeira mão... fresquinhas... e sobretudo era ali que se debatia os assuntos mais badalados nos "Zarcos". Também era ali, depois do café, que se lia o jornal com as novidades do país... e sobretudo da bola! Sim... da bola!... e não era só do Arcoense! O jornal da Bola era o mais solicitado e se o Silva... (o Pépezinho -porque todos sabiam que o Silva era filho ilegítimo do Pépé) era o primeiro a apanhar o jornal... ai... a espera era longa... enquanto não lia de uma ponta à outra (em voz alta!) todas as notícias do Benfica... não o passava a ninguém! Depois de toda a conversa ficar em dia vinha a parte da "diversão": Escolhiam-se os parceiros mais "espertos" para a sueca... sim, porque ali ninguém gostava de perder e o jogo era sempre a doer... no final o par que perdia tinha que "encostar a barriga ao balcão" para pagar a despesa do jogo... a cervejinha! Era ver os que ganhavam a soltar risadas enaltecendo os louros da façanha... Ali ganhar era sinónimo de "esperteza" e "sabedoria"!... Os que perdiam, lá tinham que se calar... mais doloroso, ter que pagar.... e esperar por melhor sorte da próxima vez! A clientela era tanta que no fim de semana chegavam a ser 4 ou 5 cinco mesas nos escaldantes serões de verão. Havia os que optavam pelo jogo das damas... menos concorrido, mas igualmente muito disputado. Os pequenotes, como eu, limitavam-se a observar... mas apenas por algum tempo. Logo saiam para a rua para vir brincar e desfrutar com os que aquela hora tinham o privilégio de poder sair à noite. Passado algum tempo, lá ouvia a voz do meu pai... "Carlos, vamos para casa!" Estava na hora do regresso... no dia seguinte era preciso levantar cedo! O meu pai ía para o trabalho nas pedreiras da Lusobelga e eu para a escola primária... ali mesmo ao lado. Era só saltar o muro!»
 
 
. Assim como o JANUÁRIO BANHA com o seu CACHIMBO e SEMPRE, SEMPRE com um jornal atrasado (dobrado) debaixo do braço.



 
A gaiatagem sonhava com o dia que seriamos chamados  para «SERVIR à MESA no CAFÉ do Sódó»emprego fino e que nos transformava em ESTRELAS. Poucos se gabaram de tal emprego. Relembro o filho do MILEU e depois o CHICO da LEBRE nosso querido companheiro das passeatas ao Bizarra com a vasilha para o "lêti", este para os garotos, bebida modernaça da época  (mistura de leite com o pouco de café). Evoco também aqui a personalidade elegante e simpática que foi o SR. Matos de camisa branca,  PAI da Dona Joaninha. Recordo pela positiva os bolos fintos da montra do balcão, os “papsecos com batatas fritas” servidos nos domingos à tarde e que ia-mos comprar à cozinha. Recordo o espaço interior (PRIVADO) onde os grupos se reuniam em petiscos e no VERÃO a esplanada elevada virada para casa do Povo onde os rapazes bebiam a imperial, esta bebida mais uma das inovações nos Cafés da Aldeia.
 
 
 

 
 
(Tenho a certeza que fui a personagem principal de algum «malfeito» . Pois o Sódó tinha-me debaixo de olho apontava-me o dedo da saída sempre que eu enfiava a cabeça pela porta. Muitas vezes o fintei mergulhando debaixo de uma das duas mesas centrais . Mas sabia que o meu tempo e o desfecho-final  teria que acontecer um dia. 
Numa tarde de domingo quente, na televisão «...estava a a dar!» o ROY ROGERS,  eu concentrado, deixei de ter debaixo de olho o pai da Ana Maria  e eis que me aparece pela porta com uma vara de marmeleiro , cercado passei como um raio entre ele e a ombreira, sem antes levar uma varada nas pernas- tinha feito alguma , penso que à filha.  Conseguiu encurralar-me. 
Continuei  a ser um assíduo frequentador das partes debaixo das mesas, não existia lugar a ódios ou desistências. A caixa mágica fazia-nos sonhar e arriscar a pele.
 
 
 
 
 
Sr. Matos-Chico da LEBRE-Cabaço Madeirinho- Massano?-Barroso-Lola-Pinto-Quim do António V´CENTE?-Zé António irmão do Quim das JEJETÊRAS filhos do João do Cató-Helder e Quináia.
Anos 60
 
 
Evoco a beleza da Ana Maria, sua filha e por quem ele tinha uma PAIXÃO desmedida como Pai, mas, recordo principalmente um homem especial, com a mente cheia de ideias e necessidades de concretização dos projectos desenhados em cada momento, um mecânico de bicicletas e COCCIOLOS. Proprietário de um, com o qual brilhava nos SÁBADOS pela manhã cedo nas passagens pelo ROSSIO a caminho do MERCADO de ESTREMOZ.
 
 
A falta de Paz, o desespero de ter as mesas do  CAFÉ cheias. A Paixão que tinha pelos CUCCIOLOS, os motores e as engrenagens das bicicletas eram o escape para sobreviver a uma vida cheia de DÚVIDAS, muito típica dos inventores e engenhocas.
 

 
O Sódó foi um desses seres extraordinários que impulsionam as sociedades. Os seus horizontes ficaram delimitados por vivências de um mundo que estava a desabrochar, o seu espírito vivia numa dimensão mais elevada. Por esses motivos a sua insatisfação permanente.E o DESESPERO de FACTURAR com a CASA CHEIA.
 

TRIBUTO MERECIDO ao Sr. MATOS ou Sr. Cabacinho. Melhor assim(!)A história 

agradece Sr. Sódó pelas riquezas e memórias que preencheram e ainda 

preenchem o imaginário de todos os seres humanos da minha geração.


 QUEM SOIS HOJE? QUEM SOIS GERAÇÃO DOS PÓS-MODERNOS do Século XXI. 

O QUE QUEREIS da VIDA ? ALÉM da MÚSICA, DOS TELEMÓVEIS, da BOLA e da BOA VIDA. 

QUEM SOIS GERAÇÕES dos FILHOS NETOS e BISNETOS desta GENTE-frequentadores das quentes e calorosas noites do CAFÉ do SÓDÓ... e como o QUEREIS ???

>O FUTURO?esta imensa roleta-russa de tiros nos pés.



quinta-feira, 6 de julho de 2023

A IMPORTÂNCIA das importâncas

 Carta (14) para  a Natividade Oliveira.

BY (K)ULTURE 3

 NOME de LARGO

A IMPORTÂNCIA das importâncias.

CONQUISTA da DIGNIDADE

Confesso que desta vez fiz batota (...)


« Gosto de abraçar os desafios  sob pressão, seguir deixar-me ir pelo rio , na força da corrente que me leva os pensamentos.»

 

HOJE É TEMPO de REFLECTIR e avançar com cautela. 

HOJE É O TEMPO! >< ARRASADOR/ARRASADORA.

 

«Amiguinho, estamos em pleno séc. XXI, fala-se muito na Globalização e nós professores sentimos que aos nossos jovens lhes falta uma educação para lidar com as dificuldades e sacrifícios inerentes à vida. Não lhes é fornecida no lar, na escola, nem na sociedade a noção de exigência do sacrifício, da beleza da luta, da alegria da conquista e da vitória sobre si mesmo para se alcançar um ideal. Os nossos pais, ainda que dotados de fraca escolaridade souberam transmitir- nos esse saber experiencial. Falando de atualidade constatamos que para os nossos alunos e não só perder um telemóvel é pior que perder os seus valores. A casa de banho virou estúdio para fotos, lugar perfeito para check in. Séc. XXI, onde homens e mulheres têm mais medo de uma gravidez que do HIV, onde o serviço de entrega de pizzas é mais rápido que uma ambulância, onde as roupas decidem o valor de uma pessoa e ter dinheiro é mais importante do que ter amigos ou até mesmo uma família...»Natividade Oliveira,junho 023.


 



ahhhh ahhhh ahhh!verão…deslumbrou!!

só podia, deslumbrar é o termo mais badalado nos verões…

verão é excesso, é irresponsabilidade… é no verão que começam os namoros intensos que só durarão até à segunda semana do outono (no calendário). Neste verão(COMO NOS ANTERIORES) morrerão afogados estupidamente dezenas de jovens em charcos, praias não vigiadas e etc e tal.

É no verão  que nas despedidas de solteiro (uma aberração esta invenção) o noivo cai dum quarto andar e morre morrido ali mesmo sobre a calçada gasta de uso. É também no verão que entram os negócios milionários dos fogos nas florestas- os repetidos acidentes nas estradas 1200. É também no verão que eles e elas se despem para a fotografia.

É NO VERÃO QUE SOMOS TODOS IMPORTANTES (>><!!)+ (...).VAMOS APROVEITAR , TUDO TERMINARÁ EM SETEMBRO COM A CHEGADA DOS DIAS CURTOS.

 

 

 

HOJE ( JULHO NASCIDO) É O TEMPO DE  VIVERMOS O PRESENTE , SÓ O PRESENTE E ESQUECERMOS TODOS OS MUNDOS PARALELOS   HABITAM EM TODAS AS LATITUDES, NOSSOS VIZINHOS MAS AOS QUAIS SOMOS INSENSÍVEIS. 

 

-DOS VESTIDOS, DAS BARRIGAS , E DAS MAMOCAS. DOS TRASEIROS AVANTAJADOS E DOS CONFRONTOS DIGITAIS. DAQUELES QUE VOMITAM O FÍGADO MISTURADO COM AS COMEZAINAS DA MADRUGADA.

  NESTE ÚLTIMO DIA DA VIDA   RECUEI ATÉ 2009/ 2010. Início dos mergulhos neste lago das redes sociais. Deslumbrante  e motivadora (...para um KRIATIVO) a nova ferramenta  nos domínios da comunicação e na organização das memórias. O «CORAÇÃO que SENTE a COR da TERRA» foi um dos 4 espaços digitais que abracei e dei o melhor de mim. Entrei também " com tudo" no FUÇAS e depressa desisti. Dez anos depois regressei abrindo uma porta, descobrindo motivos para retomar a comunicação. FÁTIMA BORRALHO foi importantíssima nos domínios da motivação, pois «HABITAVA UM VASTO MUNDO» TINHA MEMÓRIAS e  herdou um espólio riquíssimo de seu pai João.A grande multidão de aderentes ao fuças é composta por pessoas nascidas muito depois destes acontecimentos semanalmente narrados, evocados em imagens  de um tempo que o zarcos fervilhava de gente e de simplicidade. 

  Quereis descansar das fúteis importâncias do VERÃO -23?

  Então votem para que o Rossio , o nosso ROSSIO onde gerações rasgaram os joelhos, aconteceu cultura , onde permanecem memórias  de antes e depois da electicidade, das estradas alcatroadas  e do vertiginoso passar do tempo. 


rossio JOÃO PÉCOXINHO

HISTÓRIAS do LARGO-FIGURAS IMPORTANTES

O LARGO-JOÃO PÉCOXINHO
 
"Se depois de eu morrer. quiserem escrever a minha biografia, não há nada mais simples.Tenho só duas datas : a de minha nascença e a de minha morte. Entre uma e outra todos os dias são meus......."

 Quem melhor que Fernando PESSOA para resumir em poucas palavras o SENTIDO da VIDA de um HOMEM  GENIAL.

 
"JOÃO PÉCOXINHO"
O HOMEM, o TRABALHADOR, o MÚSICO, o HUMANISTA , o ARTISTA 
e o PACIFISTA
-UM HOMEM POSITIVO-
 

João Manuel Borralho Pécoxinho
Nasceu a 16 de Abril de 1933 e faleceu a 24 de Março de 1993
 

"João Pécuxinho", aqui estou eu novamente a esgaravatar nos ricos territórios da história. A Escrever sobre uma personagem que recordo muito bem..
O  tenho eu? o que me  habita? que palavras gravadas na minha memória, que, sirvam para honrar esta personagem multifacetada do ZARCOS? A primeira, e de imediato, uma  certeza(!!) : Que...se o JP estivesse aqui à minha beira, e lhe dissesse que estava a iniciar um artigo sobre a sua vida,  a sua resposta natural  não seria formulada pelo som das PALAVRAS; a resposta viria com  a forma de um SORRISO. Sorriso desenhado na BOCA e sorriso clareado pelo brilho dos seus olhos. Esta era a imagem de marca que me ficou desta figura esquia de braços pendentes que descia diariamente a estrada ao lado do ROSSIO. O seu perfil elegante, terno e apelativo, tinha sempre um destino na sua calma caminhada:O servir o próximo. Como todos os ARTISTAS e HOMENS de CULTURA, MESTRE JOÃO, tinha sempre todo o tempo do mundo para fazer qualquer coisa, depois de despegar do serviço (SERVIÇO, trabalho- a mesma coisa-o meu PAI dizia muitas vezes esta palavra). Nos anos posteriores à 2ª Guerra Mundial as actividades culturais das ALDEIAS, como a nossa, estavam entregues à improvisação e à espontaneidade dos grupos de trabalhadores/as, os trabalhos da ceifa e da apanha da azeitona seriam com certeza motivo para fomentar o gosto pela alegria e a brincadeira. Bailes, cantares à desgarrada e encenações tímidas de teatro, tiveram origem nestes GRUPOS de trabalhadores. 
O Mestre João esteve desde a primeira hora envolvido de ALMA e CORAÇÃO em todas as actividades culturais da nossa terra. A prova desse AMOR e dedicação, é um ÁLBUM de fotos e MEMÓRIAS que deixou para a posteridade, sem toda esta organização, muito dos registos que tenho no "Coração cor da TERRA", ter-se-iam perdido.

 

Este homem foi um ARTISTA-MULTIFACETADO. A música, a sua grande PAIXÃO, tal  como, servir a sua terra com dedicação e sem pedir nada em troca. Como todos os verdadeiros seres humanos,  altruísta e desinteressado por louros ou outro tipo de glórias, João Pécoxinho, era presença constante no TEATRO, nos RANCHOS e no GRUPO-Musical. FOI aqui que ainda tive o prazer de o ver em ACÇÃO. MUSA-SANTAR, este grupo musical foi o prolongamento da ORQUESTRA ARCOENSE e dele faziam parte, além dos MESTRE JOÃO-O VARANDINHAS, o Mestre TÁTA e o ZÉ Carvalho (FODRICO). Penso que foi esta a última actividade cultural do João PÉCOXINHO. Já estava a chegar aos limites da resistência, no princípio dos anos 80 começava a dar mostras de fadiga, penso que foi o início da sua doença.

 

 

Grupo de Teatro em 1958
Na parte posterior desta foto está escrito o seguinte:1958= a VILA VIÇOSA= A Céu azul de Portugal
Representado na Casa do Povo de Arcos e no dia 9 de Março  em Cabeção, e no dia 20 de Abril 
também em Cabeção, no dia16 de Março em Vila Viçosa, Música Manaças e Orquestra de Arcos.
João António Henriques

REGISTOS e FACTOS 

NOMES que FIZERAM HISTÓRIA

  Tive o prazer de assistir a alguns ensaios do grupo no antigo Casão do NUNES, MJ sempre pontual e sem qualquer tipo de primazia ou vaidade, mantinha-se  sempre sereno e compreensivo nos diálogos que se estabeleciam entre o GRUPO, para escolha desta ou daquela música. Só quando solicitado tomava a palavra e sempre com a elegância que sempre o caracterizou.

 
  Como todos nós, João Pécoxinho teve uma história. Talvez esta a mais importante-a HISTÓRIA da VIDA, a FAMÍLIA e as lutas diárias para conquistar a DIGNIDADE. Penso que todas estas personagens, que nos antecederam, tinham  na sua MENTE  a conquista desse pó mágico só conseguido com suor e persistência.
Esta DIGNIDADE referia-se não só à SOBREVIVÊNCIA pessoal e da FAMÍLIA mas, também, da própria COMUNIDADE onde estavam inseridos. Este SENHOR, além de ser  o ROSTO de todos os ADJECTIVOS escrito neste tributo;  tenho a certeza que por mais gente que o conheceu, foi um HOMEM de Família, um lutador e um VENCEDOR!...como todos os " HERÓIS da HISTÓRIA", JP foi um Humanista, defendeu causas e pessoas. Ajudou muita gente necessitada...tendo mesmo uma predilecção pelos marginalizados da sociedade. A história do Gatorro é emblemática da bondade deste homem e de toda a FAMÍLIA Pecuxinho. Foi ele que levou o Gatorro para o hospital e foi ele  que pagou o funeral e o acompanhou até à sepultura, com a sua filha por companhia. Pela casa de MJ, e dos seus pais, passaram foragidos da GUERRA de Espanha (... o menino ESPANHOL). Ao dar-lhe guarida arriscou, e muito, a sua imagem vivia-se  num tempo de repressão e de grande controle. 

 


 



Passaram, e pernoitaram, LOUCEIROS do REDONDO, Tendeiros e muitos "miseráveis" tiveram acolhimento nesta casa de bem. Mas o HOMEM-ARTISTA e HUMANISTA não se ficou por aqui e, Herói (tal QUIXOTE) que foi, lutou duramente até "sangrar"  para CONQUISTAR a sua "DULCINEIA". 




O Amor de sua vida estava em BORBA. Contra tudo e contra todos ( ...os PAIS incluídos), lutou para trazer a sua MARIA para a terra. Amou-a profundamente, ...a tempo inteiro-exclusividade-plena na admiração e no conteúdo. DONA MARIA do CÉU, o seu grande Amor. Uma mulher também ela positiva como o JP, simpática e com um espírito de diálogo aberto. Uma presença querida para nós jovens  do ZARCOS. Tinha sempre uma palavra para iniciar com delicadeza e cortesia uma curta mas simbólica troca de assuntos. , ESTAS PALAVRAS são também uma prova de gratidão pela sua amizade por nós. - Então Álvaro estás bom?!...eram as primeiras "BADALADAS SIMPÁTICAS" para um dedo de conversa.



 Por ela, o MJ, teve dificuldades em ser aceite com a nova companheira na casa dos PAIS. Por ela foi Feliz e, penso que, morreu FELIZ depois de uma dura e cansativa doença. 



"A HISTÓRIA do MENINO ESPANHOL "
...teve continuação.


A história do menino espanhol teve continuação.
Resumidamente a história é a seguinte:
Durante a guerra este menino fugiu sozinho para Portugal. Morava em Badajoz. Veio andando e encontrou refúgio nos Fornos comunitários da freguesia. Foi apanhado mais do que uma vez pela guarda que o colocava na fronteira. Por último, percebeu que estava muito mais resguardado no nosso forno. Estava dentro de propriedade privada. A guerra acabou e ele regressou à sua terra. Passados cerca de 25 anos esse menino feito homem regressou aos Arcos a agradecer o apoio que a minha família lhe tinha dado. Foi muito comovente! Julgo que aproveitou um acordo entre Portugal e Espanha que abriram as fronteiras durante o dia de S.João de 1960 e qualquer coisa. Devia ser um domingo... porque eu ia com a minha tia Bárbara para a Igreja e há um senhor muito franzino sentado no poial da igreja que se dirige a nós e diz "Sinhora Bárbara?" é verdade reconheceu a minha tia... e deu-se aí a conhecer. Lembrava-se dos nomes de toda a família e pediu para os cumprimentar.





Dona Maria do Céu e Mestre João 
1973
 Com este artigo homenageio uma pessoa importante da cultura da minha terra. Homenageio também o HOMEM simples, amigo de todos e um grande trabalhador. Como o meu PAI dizia: - O Mestre João Pécuxinho é PERFEITO no que faz. Referia-se ao trabalho. Eu Refiro-me ao todo da sua VIDA. OBRIGADO...MESTRE JOÃO, pelo seu SORRISO PERMANENTE.E pela DOÇURA  da sua presença entre nós. AMIGO!!! OZARCOS AGRADECEM O LEGADO.


- As coisas e os animais são o que são e permanecem o que são. Mas o homem será o que ele decidiu ser. O seu modo de ser, a existência, é um sair para fora em direcção à decisão e à auto moldagem. Assim, a existência é um poder-ser e, portanto, é incerteza, problematizar, risco, decisão, impulso adiante. Este impulso pode ser em direcção a Deus, ao mundo, ao próprio homem, a liberdade, ao nada...-  
Jean-Paul Sartre- da Liberdade à Consciência
 
Termino a noite de lua-cheia fazendo AMOR com as ROSAS numa CAMA de GIRASSÓIS.
 
 As sete (7) vidas de um Pistoleiro « o IMPORTANTE das IMPORTÂNCIAS» Nome de Largo.