LOBOS

Sou, na verdade, o Lobo da Estepe, como me digo tantas vezes – aquele animal extraviado que não encontra abrigo nem na alegria nem alimento num mundo que lhe é estranho e incompreensível

Herman Hesse

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

SAPATEIRO da Rua de BORBA




ANTÓNIO RAMINHOS  ARMÁRIO



28/02/1927   -   10/10/2013





E Ficaram as "FORMAS"





Nas paredes o ECO SILENCIOSO da ausência/PORTA FECHADA, cortina cerrada!!!  Dos VISITANTES  que vinham trazer e buscar e os  outros que  simplesmente "APORTAVAM" para uns dedos de conversa, nem sombras. 

Contaram-se histórias, acontecimentos tristes outros não . Cenas e cenários  vestidos do acastanhado dos dias de um  passado longínquo com nomes sem rosto.

ESTAMOS com ELAS!
                                                       As BOTAS ...




Mergulhado até aos joelhos num monte de calçado por consertar...avental gasto de tanto encostar o pulso num vai-vém  repetitivo dos gestos do corta sola, até romper.
Das GÁSPIAS e do bater na bola de pedra .
As pontas bem untadas da cera e a "CVELA " abrindo um rego ponteado para a resistente cozedura.
Anos a fio,  centenas  de peles  retalhadas e as solas duras  na plantaforma perto do tecto.
 Faca afiada na lixadeira construíram momentos para os outros fazerem figura-antes uma necessidade, depois passou a luxo fazer umas botas no sapateiro.
O  movimento dos dias não perdoa... vieram uns , foram de vez muitos mais-ROSA, JÚLIO BICUDO o perseguido pela PIDE. Deles reza a HISTÓRIA nos quatro cantos da SAPATARIA.
Mestre de BROCHA na bocas e os pregos por endireitar.
Dos sete ofícios fez FÉ,,, outro ANGELINO pois então, do Pécuré o terceiro e resta-nos o Manél Ameixa e depois a palavra SAUDADE. 
As figuras típicas da minha ALDEIA estão a desaparecer como nós de seguida.

MESTRE SAPATEIRO

OBSERVADOR, curioso e perspicaz, sondava os assuntos e descobria os segredos .





Dado à terra. AMEALHADOR e poupado.

ENGRAXADOR e VENDEDOR. 



O mestre SAPATEIRO da RUA de BORBA desenhou a sua vida entre os caliços caídos de paredes protectoras de inúmeras  GERAÇÕES que sobre o papel manteiga desenharam os seus rastos e com o cebo forjaram os movimentados passeios na RUA NOVA, no largo e em todos os largos dos arredores. 
Das idas ao CAPELAS de machado na mão aproveitador dos BIFES da vaca que tinha comido demasiada luzerna até rebentar - Vamos lá ÁLVARO?!!.
O Filme terminou, a sala Vazia de cadeiras, martelos e da água negra do amolecer dos coiros.
A rua descansa para sempre, já não há visitantes dos montes em redor, do BARREIRO e das bandas de LISBOA...O SAPATEIRO FECHOU, foi de FÉRIAS.

Para TERRAS do OUTRO LADO. 



Já não há SOMBRAS na RUA NOVA.



pensadorlobo@gmail.com

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