...no TEMPO dos AMOLA-TESOURAS
Poema para a NUCHA do ALVINO
(MÃE TERRA)
Poema para a NUCHA do ALVINO
(MÃE TERRA)
A Sabedoria Ecológica dos Indígenas
Um
testemunho menos conhecido, mas não menos belo, foi deixado a nós pelo
chefe Urso-em-pé, dos Lakota. Ele disse, lembrando de tempos anteriores:
“Os velhos Lakota amavam o solo e sentavam-se ou reclinavam-se no chão com o sentimento de estarem próximos de um poder maternal. Era bom para a pele tocar a terra, e os velhos gostavam de se descalçar e andar com os pés nus sobre a terra sagrada. As tendas eram erguidas sobre a terra, e os altares feitos de terra. O solo era tranquilizante, revigorador, purificador e medicinal. Por isso é que os velhos índios ainda se sentam diretamente na terra, fonte de suas forças vitais. Para eles, sentar-se ou deitar-se no chão permite pensar com mais profundidade e sentir com mais clareza; podem penetrar nos mistérios da vida e descobrir seu parentesco com outras formas de vida ao redor. (...) Os velhos Lakota eram sábios. Sabiam que o coração do homem distante da natureza se torna duro; sabiam que a falta de respeito pelas coisas vivas leva imediatamente à falta de respeito pelos humanos”.
Urso-em-pé mencionou aqui uma causa
central da violência e degeneração da vida emocional das grandes cidades.
Dominadas hoje por meios electrónicos de “comunicação” cuja influência parece
crescer lado a lado com a falta de comunicação real entre seres humanos, as
cidades degeneram pelo seu distanciamento da natureza e dos seus ritmos vitais
básicos. Como um animal em cativeiro que perde a alegria de viver, o ser
humano distante da natureza é preso por suas preocupações pessoais,
e dificilmente encontra paz, dentro ou fora de si. O resultado é a
violência: primeiro em pensamento e sentimento, e depois na realidade exterior.
Observo atentamente pela janela das traseiras o OUTONO a CHEGAR...o LONGO INVERNO que só nos dará descanso lá para fins de ABRIL. Muitos levará nas suas asas-os mais velhos sucumbirão aos frios e às purificadoras gripes. O LONNNNNNNNNGO Verão chegou ao fim e os excessos dos homens neste mundo em GUERRA.
A TERRA voltou a estar "feia", deu de si todas as energias os frutos quase todos colhidos são a imagem da renovação, ano após ano de uma MÃE cansada de tanto maltratada.
Lembrei-me por mero ocaso, que o tempo das vindimas quase que coincidia com o início das aulas (...aberturas das Escolas aos alunos do meu tempo-1 de Outubro).
Tínhamos ainda muito tempo de brincadeira e assistíamos serenamente ao tempo das vindimas.
Porque corríamos nós à procura de um cacho de uvas arrancado a ferros do carro que as despejava na Adega do António ?...
UVAS CAÍDAS UVAS PERDIDAS
Era nesse tom que a gaiatagem esperava de olho alerta pelo transporte das madurinhas e docinhas brancas e negras à porta do António e também do Silvério.
Não me escaparam as recordações dos suculentos pêssegos da azinhaga que dava para os montes, um pouco à frente do quintal dos Pais da DÁDICA e das CEREJAS do CANHÃO.
Apesar do assunto se tratar de UVAS, é-me impossível esquecer as grandes caminhadas que fazíamos à procura da "SATISFAÇÃO-ORGÁSMICA" , não havia distâncias que nos metessem medo.
Para o Alentejano é já ALI!!!
E esse já ali poderia ser no tanque da Coelha(... para dar um mergulho e voltar para casa uma ou duas horas depois) bem lá nos confins da estrada da ESTAÇÃO ao lado do VIGARISTA na Glória.
A pé pois claro. Nesse tempo ainda não tínhamos idade para sermos uns ricos proprietários de uma bela bicicleta "BREMEN".
Não existiam odores iguais aos do vinho novo nas tabernas da TERRA-a PROCISSÃO estava armada> António Vcenti-JUQUIMZÉ-TÓLHO GATO-SABINO-AMEIXA-SILVÉRIO BAINETA -PERDIZ e PXÓCA. FORAM nestes TEMPOS os locais obrigatórios dos roteiros dos fins de tarde e fins de semana. Mil odores como os de numa Medina ÁRABE de especiarias pintada, invadiam a terra duZARCOS-Mil odores que o vento uivante de fim de Verão não encerra no fustigar das minhas paredes.
É por tudo isto e muito mais que por vezes procuro o SUL nesta cruzada à procura da ESPERANÇA de não cair em desânimo.
Também ontem fiz as VINDIMAS, mas faltam-me as vozes de ANTIGAMENTE e o calor dos cantos ao desafio. No fim da noite escura nas tabernas a cheirarem a uvas frescas.
Quando, Lídia, Vier o Nosso Outono
Quando, Lídia, vier o nosso outono
Com o inverno que há nele, reservemos
Um pensamento, não para a futura
Primavera, que é de outrem,
Nem para o estio, de quem somos mortos,
Senão para o que fica do que passa
O amarelo atual que as folhas vivem
E as torna diferentes.
Ricardo Reis, in "Odes"
Heterónimo de Fernando Pessoa
Com o inverno que há nele, reservemos
Um pensamento, não para a futura
Primavera, que é de outrem,
Nem para o estio, de quem somos mortos,
Senão para o que fica do que passa
O amarelo atual que as folhas vivem
E as torna diferentes.
Ricardo Reis, in "Odes"
Heterónimo de Fernando Pessoa
...Dias cinzentos, com o vento a uivar. Dias propícios ao som agudo da "GAITA-PÍFARO" do amola TESOURAS.
O OUTONO CHEGOU
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