As Mãos ( NU! ) PAREDES
O VALOR das PALAVRAS...ANGELINA
26 / Fev...
As Mãos
Algures
(...prostrado no tempo e no espaço, nas ideias e nas dúvidas...) num
local recôndito da BEIRA interior. O sono não chega-05.00 horas e ainda o não
consegui prender.
Penso
em mil e uma coisas mas, o que me agarrou como garras de um silvado nestas
horas de dura labuta com o travesseiro-insónia demorada que durará toda a noite e madrugada...
Foi a visão das brutas e MACIAS
MÃOS de meu PAI. As mãos são PESSOAS incontroladamente livres-não há cérebro
que as pare. Foram as últimas "PESSOAS " do seu corpo que acariciei
e meti no lugar. Uma juntinha à outra, logo
por cima... como é hábito na partida para a última caminhada.
Eram agora frias e nada "BRUTAS"
como outrora. Estavam rígidas, silenciosas, mas leves como um papel; nem
MACIAS, nem "BRUTAS", nem ásperas, deixaram de SER-PESSOAS. Eram
naquele momento, a ausência de tudo.
As imagens estão bem
acondicionadas nas minhas recordações de criança...HOJE.
O PAI tinha um "AXE", no dedo
indicador da mão direita ou seria no ANELAR??!O MAIS CERTO ,,,o MÉDIO.
Habituei-me, toda a minha VIDA, ao AXE (cravo
gigante) de meu PAI e ás suas mãos LISAS e Sapudas... umas vezes gretadas pela
"CÁLI hidráulica", outras pelos cortes das pedras e tijolos
BURRO dos muros e das ABÓBADAS das casas de construção ÁRABE.
Ouvi tantas vezes a sua companheira e minha MÃE dizer:
- Tem boas Mãos para trabalhar, mas não é nada perfeito...
Tal como você, PAI, todos os irmãos
(quatro ao todo)mais o velho ALGARVIO, renovaram a forma e o método da
construção no ZARCOS, dos anos trinta em diante até à chegada da MODERNIDADE.
Foram uma ESCOLA,,, as mãos que vieram
de São Braz de Alportel e atracaram no vasto Alto Alentejo.
Ou seria um ÁRABE disfarçado de RAMINHOS
e PIRES??...
-MÁSSAAAA!!
Vá
MÁSSA!!!
Habituei-me a ser
rápido, quando lhe dava serventia e a catalogar os gestos do derrubar dos muros
e telhados velhos, cheios de osgas e vespas - sempre as mãos que choravam,
gritavam ou simplesmente faziam "ocasos" de espera.
Onde foram imbatíveis, sempre, no levantar do copo de tinto cheio, os de 3 tostões e em arco voltava vazio fazendo "BÁC" sobre a mesa fria de mármore polida.de qualquer taberna, das muitas existentes na freguesia,,, sem limites.
Transcenderam-se sempre no toque
com os tijolos de burro e no afagar da massa, nos chão de cimento, pulverizado
de oca ou óxido de ferro, Linhas traçadas com uma gasta régua e uma chave de
qualquer fechadura...e aí estavam os percursores dos primeiros mosaicos.
Como garras, um dia, ergueram-se
para me fisgar mas os pés não acompanharam o movimento, pois as Mãos são sempre
muito mais rápidas a pensar...
Foi a única vez e não me tocaram...
As tuas mãos com o "AXE"
brilhante, que foram PESSOAS um DIA e hoje pedaços,,, fundidos na terra
BARRENTA, VERMELHA pintada a sangue dos mouros ALENTEJANOS, existiram sempre
até este artigo, deixado por uma noite às claras..
Não "fabricaram" a música
de Paredes mas construíste os meus sonhos. E hoje observo atentamente a
imagem de minhas MÃOS, a entrarem na decadência , como espelhos da
partida desses mesmos sonhos que me ajudaste a estruturar,,, da chegada da
realidade, e oiço as palavras da Angelina, repetidamente, aula após
aula...
Foto-Rosinha dos limões
Paredes tocava como um Mágico..
PAGANINI era o Diabo quando pegava no violino...
mão ferida, se possível.
Não quero mais que uma mão,
inda que passe noites mil sem cama.
Seria um lírio pálido de cal,
uma pomba atada ao meu coração,
o guarda que na noite do meu trânsito
de todo vetaria o acesso à lua.
Não quero mais que essa mão
para os diários óleos e a mortalha de minha agonia.
Não quero mais que essa mão
para de minha morte ter uma asa.
Tudo mais passa.
Rubor sem nome mais, astro perpétuo.
O demais é o outro; vento triste
enquanto as folhas fogem debandadas.
Federico García Lorca, in 'Divã do Tamarit'
Ponho nelas a minha boca,
respiro o sangue, o seu rumor branco,
aqueço-as por dentro, abandonadas
nas minhas, as pequenas mãos do mundo.
Eugénio de Andrade
Pra que as quero eu - Deus! - Pra que as quero eu?!
Ó minhas mãos, aonde está o céu?
...Aonde estão as linhas do teu rosto?
Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"
Cacida da Mão Impossível
Não quero mais que uma mão,mão ferida, se possível.
Não quero mais que uma mão,
inda que passe noites mil sem cama.
Seria um lírio pálido de cal,
uma pomba atada ao meu coração,
o guarda que na noite do meu trânsito
de todo vetaria o acesso à lua.
Não quero mais que essa mão
para os diários óleos e a mortalha de minha agonia.
Não quero mais que essa mão
para de minha morte ter uma asa.
Tudo mais passa.
Rubor sem nome mais, astro perpétuo.
O demais é o outro; vento triste
enquanto as folhas fogem debandadas.
Federico García Lorca, in 'Divã do Tamarit'
Ponho nelas a minha boca,
respiro o sangue, o seu rumor branco,
aqueço-as por dentro, abandonadas
nas minhas, as pequenas mãos do mundo.
Eugénio de Andrade
Pra que as quero eu - Deus! - Pra que as quero eu?!
Ó minhas mãos, aonde está o céu?
...Aonde estão as linhas do teu rosto?
Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"
manuel alegre / as mãos
Com mãos se
faz a paz se faz a guerra
Com mãos
tudo se faz e se desfaz
Com mãos se
faz o poema ─ e são de terra.
Com mãos se
faz a guerra ─ e são a paz.
Com mãos se
rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de
pedra estas casas mas
de mãos. E
estão no fruto e na palavra
as mãos que
são o canto e são as armas.
E cravam-se
no Tempo como farpas
as mãos que
vês nas coisas transformadas.
Folhas que
vão no vento: verdes harpas.
De mãos é
cada flor cada cidade.
Ninguém pode
vencer estas espadas:
nas tuas
mãos começa a liberdade.
Manuel Alegre
o canto e as armas
europa-américa
Tem nos olhos das mãos a alvorada
na urgência das mãos – arte pura.
Nos olhos do tempo – arte apurada.
E Nós aqui estamos, hoje , a décadas
de distância destas realidades, a tentar segurar as nossas - esquecemos,
porém, que elas são PESSOAS.
Independentes-REBELDES...indomáveis
As mãos!!!!que tanto amamos. Com ALMA,,,as MÃOS.
TOCANDO
ACRESCENTANDO
TIRANDO
...VIVENDO
APONTANDO...
ABERTAS/FECHADAS
-QUENTES-FRIAS as Mãos de quem as ...
USAABUSA
.
BACALHAU 4 mariscos
ACEPIPES de FARINHEIRA e FRAMBOESA
Prato de queijos
DOCE de CAFÉ
TRIBUTO (agradecido) à OLINDA BATISTA
PERFEIÇÃO e TOTALIDADE
DENTRO e FORA
do
COM- 123 & TEXTO
INOPORTUNO
Confraria-PENA-ALVA
DIREITOS e MISÉRIAS
JURO ser como o BACALHAU-FIEL AMIGO
COMO o CÃO do REBANHO-COMPANHEIRO
COMO a ÁGUA da FONTE-CRISTALINA
COMO o AR da SERRA-PURO
COMO a SOMBRA da ÁRVORE
...e ainda
SER COLECTIVO - como a SEARA de TRIGO
(gosto desta)
e muito + desta...
E TENTAR TRAÇAR AQUI as LINHAS do HORIZONTE sem OBSTÁCULOS.
Para todos uma "LEMBRADURA que vem ao "CONSOANTE".
Jaime da "Manta Branca", de
alcunha como quase todos os ALENTEJANOS. Nasceu em Benavila em 1894 e foi
muito novo para o Cano, onde morreu em 1955.
Analfabeto, trabalhava no campo numa zona de
latifúndio. FOI um repentista. Fazia as décimas de improviso. Bebia também uns
copos, como todos os trabalhadores, e enfrascava-se muitas vezes . Habituei-me desde muito novo a ouvir falar
do Jaime da manta branca, aos meus tios, à minha MÃE e também ao meu AVÔ.
Duas quadras me ficaram bem encaixadas das
histórias ditas e reditas de boca em boca.
Imaginei-o sempre como um vagabundo, pois as palavras frequentemente, fazem-nos construir as imagens.
CALA-TE BOCA!!
A primeira aconteceu por altura dos fins da PRIMAVERA e estava o Jaime
deitado na beira dum caminho, coberto pela sua manta, num daqueles dias quentes
a anteciparem o tempo da calina.
Passou alguém que lhe disse:
-Jaime, sai daí. Morres aí esturricado.
...Ficas um tição!
Ele olhou para o forasteiro e de seguida para o ASTRO-REI, sem grande demora, saiu-lhe esta...
Ó Sol tu és a crença
hei-de morrer aqui queimado
hei-de ter a recompensa
...do frio que tenho passado.
A tal, que jamais esqueci, foi sobre um acontecimento numa caçada de gente
importante, em coutada de rico. Um antigo patrão do Jaime estava com um vasto grupo de caçadores num improvisado banquete ( como se dizia... a fazerem as onze ) , quando o Jaime passou na estrada.
O (ex) patrão, que tinha até convidado um ministro, ao ver o Jaime resolveu alegrar o
banquete, apresentando Jaime da Manta Branca como algo típico e
divertido.
-Jaime anda cá, recita aqui um verso dos teus...
Em troca de um copo e de uma bucha recitou as décimas:
Não vejo senão canalha
De banquete para banquete
Quem produz e quem trabalha
Come açordas sem “azête”
Ainda o que mais me admira
E penso vezes a “miúdo”:
Dizem que o sol nasce para tudo
Mas eu digo que é mentira.
Se o pobrezinho conspira
O burguês com ele ralha,
Até diz que o põe à calha,
Nem à porta o pode ver.
A não trabalhar e só comer
NÃO VEJO SENÃO CANALHA
Quem passa a vida arrastado,
Por se ver alegre um dia
Logo diz a burguesia
Que é muito mal governado,
Que é um grande relaxado,
Que anda só no bote e “dête”.
Antes que o pobrezinho “respête”
Tratam-no sempre ao desdém.
E vê-se andar quem muito tem
DE BANQUETE PARA BANQUETE
É um viver tão diferente!
Só o rico tem valor
e o pobre trabalhador
vai morrendo lentamente.
A fraqueza o põe doente
e a miséria o atrapalha.
Leva no “peto” a medalha
Que ganhou à chuva e ao vento.
E morre à falta de alimento
QUEM PRODUZ E QUEM TRABALHA
Feliz de quem é patrão
e pobre de quem é criado,
que até dão por mal empregado
o poucochinho que dão.
Quem “semêa” e colhe o pão
não tem aonde de “dête”;
só tem quem o “assujête”
p’ra que toda a vida chore.
E em paga do seu suor
COME AÇORDAS SEM AZEITE
De banquete para banquete
Quem produz e quem trabalha
Come açordas sem “azête”
Ainda o que mais me admira
E penso vezes a “miúdo”:
Dizem que o sol nasce para tudo
Mas eu digo que é mentira.
Se o pobrezinho conspira
O burguês com ele ralha,
Até diz que o põe à calha,
Nem à porta o pode ver.
A não trabalhar e só comer
NÃO VEJO SENÃO CANALHA
Quem passa a vida arrastado,
Por se ver alegre um dia
Logo diz a burguesia
Que é muito mal governado,
Que é um grande relaxado,
Que anda só no bote e “dête”.
Antes que o pobrezinho “respête”
Tratam-no sempre ao desdém.
E vê-se andar quem muito tem
DE BANQUETE PARA BANQUETE
É um viver tão diferente!
Só o rico tem valor
e o pobre trabalhador
vai morrendo lentamente.
A fraqueza o põe doente
e a miséria o atrapalha.
Leva no “peto” a medalha
Que ganhou à chuva e ao vento.
E morre à falta de alimento
QUEM PRODUZ E QUEM TRABALHA
Feliz de quem é patrão
e pobre de quem é criado,
que até dão por mal empregado
o poucochinho que dão.
Quem “semêa” e colhe o pão
não tem aonde de “dête”;
só tem quem o “assujête”
p’ra que toda a vida chore.
E em paga do seu suor
COME AÇORDAS SEM AZEITE
...Está bem Jaime ( ...caras de poucos amigos)
Acaba lá de comer e
continua lá o teu caminho...
27/02/2016
FREITAS o < AÇORIANOBEIRÃO >
Angústia-REFLEXÃO e DESLUMBRAMENTO
Aos DOUTORES FREITAS da SILVA QUE, PERDIDOS nas "Brumas da MEMÓRIA", deixaram cá na TERRA toda a CARNE e todas as PAIXÕES desmembradas em GENIALIDADES literárias e gestos bondosos-seguem-se agora as palmadinhas e os elogios ao "LOUCO" FREITAS até à diluição e ao silêncio esquecido.
MORRE-SE de TRISTEZA e de DESENCANTO.MORREU.
DESAPARECEU um HOMEM BOM dos poucos que amaram os seus "cães".
Um ESTRANGEIRO por estas bandas.
FREITAS, o verdadeiro POETA-ESCRITOR "LOUCO" LÚCIDO, que nunca deixou MORRER a INFÂNCIA dentro do seu PEITO.
http://coraoquesenteacordaterra.blogspot.pt/2014/08/trincando-descaradamente-maca.html
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para o Estados Unidos, Teresa para o
convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto
Fernandes
que não tinha entrado na história.
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para o Estados Unidos, Teresa para o
convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto
Fernandes
que não tinha entrado na história.
Sem comentários:
Enviar um comentário