1 BOM DIA para VIVER
e
REFLECTIRMOS
MARI "JUQUINA!
DN
NUM DESTES DIAS...
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NUM DESTES DIAS...
Consumo de canábis: "É bué fixe mas não é assim tão fixe"
Miúdos de 18, adultos de 60. Estudantes, artistas, bancários, empresários. Em comum, a canábis. No momento em que o BE prepara propostas de legalização de uso recreativo e terapêutico, dizem porque consomem e como se dão com isso
"A grande
maioria dos meus colegas fuma. São pessoas que para entrarem no curso
tiveram médias altas, são bons alunos. Toda a gente com quem me dou fuma
regularmente, e isso não afeta em nada o desempenho. Não são nenhuns
carochos." Sara Anselmo, 19 anos, aluna do 1.º ano de Ciência Política e
Relações Internacionais na Universidade Nova de Lisboa, ri-se. Fuma
também, mas "no máximo duas vezes por mês; às vezes não chega a tanto". E
nunca comprou: "É sempre oferecido, e geralmente é erva [marijuana, a
flor da planta]."
Sara, que entrou no
curso com 16,8, começou a fumar no último ano antes da faculdade, aos
18. E não escondeu da mãe, com quem vive: "Ela agradeceu-me ser sincera e
alertou-me para os excessos. Acho que há um grande estigma à volta de
todo este assunto, as pessoas tendem a pensar que uma ganza faz logo de
uma pessoa uma drogada. Mas é como com o álcool, não temos todos de
beber em excesso. Também sei de pessoas que estão constantemente a fumar
e ficam um pouco alheadas. E isso sou contra. Uma coisa é de vez em
quando, outra é viveres para aquilo."
E
fuma porquê? "O álcool puxa-nos mais para a parvoíce, a erva dá para
sermos introspetivos, para termos conversas mais sérias. Mas já tive
experiências de não gostar da moca - lá está, nunca sabemos o que
estamos a fumar, por ser ilegal." Sara é uma das dezenas de pessoas que
responderam ao pedido, feito no Twitter, de testemunhos de utilizadores
de canábis. Houve quem aventasse que se podia tratar de um truque da PJ,
mas muita gente quis falar.
Caso
do também universitário Gonçalo Ferreira, que começou a fumar
exatamente na festa dos seus 18 anos, há quatro meses. Consome
esporadicamente, como Sara - duas a três vezes por mês, quando sai com
os amigos -, e também ele informou os pais. "Não é coisa que apoiem, mas
sabem. Fumaram tabaco durante 40 anos e aceitaram porque sabem que é de
vez em quando. E em tempo de exames e de muitos trabalhos não fumo."
Quanto à "normalidade", faz coro com Sara: "Hoje em dia na faculdade
qualquer um fuma ou já experimentou. É como fumar um cigarro."
Desportista desde criança (joga basquete), Gonçalo esteve com os pais a
pesquisar na net as consequências do consumo. "Pode trazer perdas de
memória, cancro do pulmão... Mas o tabaco, que é legal, tem seis mil e
tal substâncias que fazem mal." Entre as pesquisas feitas, porém, falhou
uma informação importante: confundia legalização com descriminalização
do consumo, a qual, em vigor desde 2001, significa não ser delito penal
consumir embora continue a ser proibido (se apanhado, o prevaricador é
presente a uma Comissão de Dissuasão de Consumo e pode ser multado; em
2015, houve 8608 processos de contraordenação relativos a posse/consumo
de canábis, 85% do total das contraordenações relativas a consumo de
substâncias ilícitas). Uma confusão provavelmente muito comum entre os
mais jovens. "Achei que era permitido, e que vivíamos um paradoxo, com
consumo legal e venda ilegal. Mas acho que não faz sentido nenhum ser
proibido. Para já trazia lucro ao Estado, por causa dos impostos, e
seria bom para a saúde porque saberíamos o que estamos a comprar,
haveria controlo de qualidade. E fazer mal não é motivo para proibir - o
tabaco e o álcool fazem e são legais - nem alterar o estado de
consciência, porque beber também altera. As pessoas devem estar
informadas dos benefícios e malefícios e decidir por elas. Cabe a cada
um decidir o que quer fazer com a sua vida."
"Aos 63 anos arrisco ir de cana"
Sara
e Gonçalo integram-se nos 5% de jovens adultos (15/34 anos) que
assumiram, no último estudo publicado sobre consumo - o "III Inquérito
Nacional ao Consumo de Substâncias Psicoativas na População", efetuado
em 2012 -, ter fumado canábis no último ano. Essa faixa etária
corresponde a mais de metade dos cerca de 200 mil portugueses entre 15 e
64 anos que consumiram nos últimos 365 dias. Muitos mais - 700 mil -
são os que, no mesmo intervalo de idades, asseveram ter consumido a
substância alguma vez ao longo da vida.
Alberto
Lopes está no extremo superior do intervalo. Aos 63 anos, conta mais de
metade da vida a fumar regularmente canábis. "Comecei nos anos 1970.
Lembro-me bem da primeira vez, foi uma pedra fenomenal. De repente foi
como se os meus ouvidos se abrissem. Achei um fenómeno muito curioso,
essa alteração da perceção. Agora já conto com isso." A experiência
ocorreu aos 17, durante um ensaio da banda em que tocava, antes do 25 de
Abril. "Quando andava no liceu houve um grupo de malucos que fez uma
plantação no jardim da Praça de Londres. Ainda esteve lá uns anos até a
polícia descobrir e haver uma grande bronca nos jornais. Aí percebemos
que estávamos no capítulo "drogados"." Ri-se. "A maneira como isto é
tratado pela sociedade é completamente idiota e inexplicável. Não há
qualquer fundamento científico para proibir ou para tratar isto como
comportamento desviante. Há um fundo de fé, ou moralista." Definindo-se
como artista - faz teatro, música e vídeo - só houve uma altura da vida
de adulto em que não consumiu canábis, a que correspondeu à infância dos
filhos, nos anos oitenta. "Consumir diariamente ou não depende do ciclo
em que estou. Neste momento estou a escrever, não consumo. Mas quando
estou a ensaiar estou sempre a fumar. É uma forma de estar concentrado."
Irrita-o "andar a brincar aos cowboys com a polícia aos 63 anos e
arriscar ir de cana". É ridículo, comenta: "Não devíamos ser forçados a
lidar com pintas para comprar."
Jorge,
53 anos, agente imobiliário, não podia concordar mais. Fumando
"praticamente todos os dias" desde os 17/18, conta 35 ou 36 anos de
consumo consistente. Efeitos? "Li tudo o que pude sobre a substância
para ver o que podia ser problema, e não reconheço nenhum efeito em mim
que não possa ser atribuído a outra coisa. Tenho falhas de memória, mas
acho normal nesta idade. E imponho-me fases de abstinência regularmente.
Fico duas ou três semanas sem fumar." E sente falta? "Claro que sinto. E
como agora não estou numa fase muito boa profissionalmente ainda sinto
mais, porque quando fumo sinto menos as agressões."
Um
dos efeitos adversos mais comummente apontados em quem consome canábis
com muita frequência é o síndroma amotivacional, uma indolência
desinteressada, "mole", falta de iniciativa, dificuldade de
concentração, problemas com as obrigações normais da existência,
alheamento social. Jorge está atento: "Faço um esforço enorme de lucidez
e no contacto com os outros para perceber se há alguma coisa diferente
em mim. Mas já vi amigos terem um comportamento antissocial por causa
disto. Tiveram de largar." Há porém um efeito indesmentível do fumar
quotidiano: no bolso. São cerca de 150 euros por mês, mais coisa menos
coisa. Compra como? "Eles vendem placas de 200 e compro meia. Tento
arranjar alguém de confiança. Agora costumo comprar a um tipo que está
desempregado e faz isto para ter com que pagar a renda. Confesso que me
custa alimentar a economia paralela, acho esta situação uma estupidez,
para mais com esta idade. Não posso sequer ter umas plantas no terraço,
porque tenho um polícia no prédio, senão tinha."
Em
casa, a filha, de 17, sabe desde os 11 que aqueles cigarros que o pai
enrola não são só tabaco. Mas o convívio não parece tê-la contaminado:
"Ela não fuma sequer tabaco. Ajudei-a a fazer as escolhas dela.
Disse-lhe que ter fumado o primeiro cigarro foi a maior estupidez da
minha vida. E comecei a afastar-me quando fumo."
Isabel,
52 anos, tem uma história similar. O facto de ser empresária impede-a
de "dar a cara", mas voluntaria-se, por e-mail, para entrevista
presencial: "Tenho uma porta aberta ao público e não posso ser
identificada - é uma questão de prudência, não de cobardia, na minha
vida pessoal não escondo -, mas falo porque me irrita profundamente que
se meta a canábis no mesmo saco das drogas duras, deixando
convenientemente de lado o álcool, quanto a mim bem mais nefasto. Posso
passar o ano inteiro sem beber uma gota de álcool e sempre disse aos
meus filhos que prefiro vê-los fumar um charro do que beber um whisky ou
um shot! Infelizmente conheço de perto tanto o alcoolismo como a
toxicodependência e creio que teremos todos a ganhar com a
desmistificação da canábis. Àqueles que defendem que leva ao consumo de
outras substâncias respondo que pelo contrário, se os miúdos não
tivessem de ir comprar a vendedores sem escrúpulos, que aproveitam para
lhes impingir outras coisas, essas sim perigosíssimas, talvez as coisas
corressem melhor."
"Já levei ganza para a TV"
Mora
a cem quilómetros de Lisboa, com o marido e dois filhos, de 22 e 15
anos, e tanto ela como o marido fumam diariamente, exceto quando viajam
("Não dá para passar fronteiras com substâncias ilícitas na bagagem",
comenta com uma gargalhada). Costumam consumir à noite e "às vezes ou
muito frequentemente depois do almoço". E porquê? Isabel reflete. "Acho
que passa muito pelo ritual de enrolar a ganzinha. E claro que há um
efeito relaxante. Mas não estamos a falar de consumos idiotas, uma
pessoa não anda a fumar ganzas o dia inteiro. É um vício, sim, mas está
ao nível do café ou do tabaco." Sequelas, sente? "Muitas vezes penso que
a minha falta de memória pode vir daí. Mas tenho imensas amigas que não
fumam e têm as mesmas brancas. Sem qualquer arrogância, tenho esta
idade, dois filhos, e uma empresa que funciona há 20 anos; acho que não
me prejudicou." E como é com os filhos? "Sempre nos viram fumar. Um dia,
devia ter uns 12, o mais novo apareceu com um pacotinho de erva a
perguntar o que era. Explicámos, dissemos que era ilegal e reagiram com
muita naturalidade, nunca mais perguntaram nada. Mas nunca lhes disse:
"Vamos lá fumar ganzas que é muito bom para a saúde." Acho que o mais
velho experimentou mas não se interessa por isso, é supersaudável, não
fuma, não bebe..." Aliás, prossegue Isabel, "o combate ao álcool devia
ser muito mais importante, aceita-se que um miúdo de 14 anos apanhe uma
bebedeira de caixão à cova".
O
humorista João Quadros, um ano mais velho do que Isabel, concorda:
"Acho que dificilmente daqui a uns anos os meus filhos vão perceber que
uma pessoa pudesse apanhar uma bezana com shots e ficar estendida no
chão e não pudesse fumar uma ganza." Como Isabel, João tem dois filhos,
de 10 e 12, uma rapariga e um rapaz. Ainda não teve uma conversa com
eles sobre o assunto e nunca fuma quando estão presentes. "Evito estar
ganzado quando estou com eles. Se quero que os meus filhos fumem? Não me
importo, mas espero que saibam fazê-lo. E não serei daqueles pais que
dizem "embora aí fumar uma ganza"." Afirmando "detestar vícios e
dependências", só consome "drogas leves": "Metade da minha geração
morreu por causa das drogas. Haxe é aquela coisa a meio. Não gosto de
coisas em que deixe de me controlar. Comecei a consumir aos 18 e nessa
altura havia haxixe a sério. Desde há uns 20 anos deixou de haver, só há
bolota e pólen. A bolota é muito forte e muito cara. Geralmente fumo
pólen. E a erva que há é skank [marijuana modificada em laboratório para
ser mais potente]. Fuma--se e fica-se a olhar para a parede." Coisa que
não convém a quem fuma para trabalhar: "Não tem a ver com ideias novas.
Tens mais paciência para estar dentro do texto e ficas mais
obsessivamente dentro do texto. Fumo várias vezes por dia. Como há
pessoas que bebem uns copos, eu gosto de fumar enquanto trabalho."
Defensor
da legalização, o humorista até já levou a substância para um programa
de TV. "Foi na SIC Radical, quando a GNR andou a revistar as camionetas
dos putos que iam de viagem de finalistas à procura de droga. Apanharam
garrafas e garrafas de álcool e só quatro gramas de canábis, de modo que
levei uma pedra de quatro gramas para mostrar, em pleno programa. O
Pedro Boucherie [diretor do canal] dizia que não era verdadeira, e eu:
"É, é ganza."" Ri-se. "É ridículo ser proibido. Já passei pelas piores
coisas para comprar, inclusive ser roubado. Isto enquanto temos uma
cultura de beber em todas as circunstâncias, incluindo no horário de
trabalho." Ainda assim, não nega riscos. "Pode dar alguma dependência.
Como tantas outras coisas. Se paro de fumar, e de vez em quando faço
isso durante uns 15 dias, fico um bocado ansioso. E já houve alturas em
que tive mesmo de parar. Sou meio bipolar e sei que por vezes o fumar me
conduz a processos obsessivos. O meu psiquiatra diz que não é muito bom
fumar quando estou nesses estados."
"Não é bom estar sempre mocado"
Fazer
pausas no consumo para aferir da capacidade de controlo parece ser uma
constante em quem fuma diariamente ou com muita frequência. Assim é
também com Gustavo Godinho, 36 anos: "Há dias em que fumo duas vezes por
dia, outros cinco, e semanas em que faço uma pausazinha para o corpo
descansar." Tem uma empresa turística em Lisboa e, ao contrário de
Quadros, quando está a trabalhar não fuma: "Ganzas a trabalhar não
funciona. Claro que se pode acordar e fumar duas ganzas e querer fazer
coisas produtivas, mas não dá. Já me aconteceu e não é bom." Depende,
decerto, do que se faz na vida. Bernardo Fachada, conhecido como B
Fachada, músico, 32 anos, também fuma todos os dias e reconhece na erva
um potencial criativo. Mas nem sempre. "Nem toda a erva é criativa. A
componente criativa é muito recente, tem que ver com o facto de a erva
ter ficado muito mais forte [devido às modificações laboratoriais
citadas]." De todos os entrevistados, é o único que vaporiza em vez de
fumar. "A minha relação com a erva mudou muito desde que comecei a
vaporizar. O ato de fumar é muito mais pesado, deixa muito mais
problemas no corpo." Mostra o vaporizador, que comprou pela net: um tubo
de metal prateado, com uma extremidade que se desenrosca e onde se
coloca a erva. "É muito mais difícil ter consciência da própria
tolerância quando se fuma. Com o vaporizador já não uso quantidades
relevantes nem preciso de paragens longas. E gasto muito menos, uns 30
euros por mês." Uma das razões pelas quais as pessoas param, explica,
para além da aferição da dependência - "que é psicológica, daí a
importância de se saber que se mantém o controlo" -, é para voltarem a
sentir com intensidade. "Porque acontece a tolerância à substância
disparar para níveis em que já não se sente nada."
Também
músico, dois anos mais novo, Pedro está precisamente num momento de
paragem: não consome há duas semanas. "Adoro fumar erva. Recreativamente
é altamente. Mas pode dar dependência. Se tiver, passo a vida a fumar.
Portanto, a minha solução é não ter. Se alguém com quem estou tiver
posso fumar, se ninguém tem nem penso nisso." Não quer identificar-se,
explica, não porque esconda o facto de consumir, mas porque não quer
fazer a apologia: "É bué fixe mas não é assim tão fixe. Fumar não é bom,
não é saudável." Já lhe sucedeu, numa altura em que viveu fora do país,
fumar sem parar. "Foi fixe, só que não é assim tão bom estares sempre
mocado. Para certas funções criativas é ótimo, para fazer arranjos de
canções, por exemplo, quando precisas de estar mesmo livre. Tira-te o
filtro. E aguento sessões de estúdio mais longas. Mas também se corre o
risco de estar tudo uma merda e achares que está ótimo." Alguma vez teve
medo de estar a ficar dependente? "Não. Mas fiquei com medo de passar a
achar que precisava de fumar para fazer música. E acho que é assim que
se torna um vício. Sei que não preciso, mas a questão é que te põe num
sítio diferente, num mundo à parte, um mundo especial. É como o álcool,
mas numa versão mais funcional." Começou a beber e a fumar relativamente
tarde - "Na minha escola toda a gente fumava aos 16. Só comecei a beber
aos 18, e só fumei o primeiro cigarro por essa altura. Sempre tive um
bocado de aversão à ideia de ter de fumar e beber para me integrar"- e
nunca experimentou outras substâncias, além do álcool: "Não sinto falta e
se gostasse acho que correria um sério risco de me passar para o outro
lado. Ninguém lixa a vida toda por causa de ganzas."
Há
quem conteste isso. Caso de Ricardo, 40 anos, emigrado nos EUA. Começou
a fumar diariamente a partir dos 21, quando foi para a faculdade, longe
da terra natal. E foi aí, diz, que as coisas se complicaram. "Sempre
gostei do efeito da erva, a maneira como expande o cérebro. Na altura
andava a reler Eça e, lembro-me, apontava nas margens os paralelismos
com a sociedade e os tempos que corriam. (A Relíquia com moca da erva é
um fartote de rir.) Mas rapidamente tudo deixou de ter graça. Como vim a
descobrir anos mais tarde, a entrada na universidade, a distância para
com o núcleo familiar e amigos de sempre, desencadeou uma depressão que
continuou a agravar-se enquanto se agravava o consumo de álcool e
haxixe. No segundo ano da universidade já ia para as aulas sob o efeito
da droga. A droga aliada à depressão isolou-me." Casou-se e desistiu da
universidade. Com a mulher, fumavam "duas ou três ganzas por noite,
depois do trabalho"
Gastavam cerca de
20 euros por dia (600 por mês) e, acumulando dívidas, Ricardo começou a
desfalcar a empresa em que trabalhava. "Nessa altura já só fumava para
me alienar. Em 2009, dei o berro. Começaram os ataques de pânico, os
vómitos constantes, o deixar de comer e o perder peso. O casamento, que
há muito não andava bem, acabou." Confessou-se ao patrão e foi
despedido. Pesava 43 quilos quando finalmente, após uma cirurgia no
hospital, lhe marcaram uma consulta de psiquiatria. "A psiquiatra
disse-me que nunca ia curar a depressão enquanto continuasse a fumar,
porque o THC [o princípio ativo da canábis] acaba por ter um efeito
depressivo e, além disso, enquanto fumasse era impossível organizar a
minha vida, fator indispensável para a cura da depressão." Parou de
fumar quando emigrou, em 2012. "Nos primeiros dois anos não toquei em
nada. Mas tenho a depressão controlada e a anorexia curada e voltei a
fumar há dois anos. Agora fumo pelo prazer da moca, limito-me a dar três
bafos no cachimbo uma vez por semana. Ver a Fox News com a moca dá-me
quase tanto gosto como ler A Relíquia." Conclui: "A erva tem os seus
encantos, no entanto não deixo de sorrir quando leio ou ouço alguém
dizer que não tem nem traz coisas más."
"Faz sorrir às portas da morte"
É
inevitável concluir que tudo depende das pessoas. Há quem toda a vida
beba álcool e nunca fique alcoólico ou sequer se embebede; há quem morra
de cirrose. De acordo com o estudo citado, foram 2,8% as pessoas que,
tendo consumido canábis ao longo da vida, sentiram necessidade de
recorrer a ajuda. Não chegaram a 1% (0,8) aquelas que associaram o
consumo a não realização de atividades importantes e menos ainda (0,7) a
problemas de saúde. É quase inexistente o número dos que reconhecem mau
rendimento escolar ou profissional (0,1%). O forte desejo pela
substância e não resistência (2,9%) e o seu menor efeito (2,4%) são as
alíneas com mais queixas. E há 10% dos consumidores que não conseguem
imaginar a sua vida sem a canábis. O estudo conclui que 0,7% da
população residente em Portugal, ou seja, 70 mil pessoas, "apresenta
sintomas de dependência do consumo de canábis". Trata-se de um décimo
dos que assumiram ter consumido ao longo da vida e de um terço dos que
consumiram no último ano. E se o número dos que pedem ajuda por causa da
dependência de canábis está a aumentar, mantém-se muito baixo: em 2015
foram contabilizadas 2637 pessoas em tratamento por consumo desta
substância; em 2014 tinham sido 2315 e em 2013 foram 2045.
Justificarão
estes números a proibição por motivos de saúde? Para Manuel, 39 anos,
residente em Vila Real e estudante de Enfermagem, nem pensar: "É
estúpido." Defende aliás que a substância deve ser legalizada
precisamente por motivos de saúde. "Tive um grande amigo que estava com
cancro no fígado e fumava. Via nos olhos dele o antes e o depois.
Imagine que está às portas da morte e há algo que a põe bem-disposta, a
faz sorrir e ser capaz de estar com os seus filhos, mesmo sabendo que
vai morrer. Não há medicação química que dê esse efeito. É daqueles
assuntos que nem têm discussão." Daí que Manuel, que fuma de vez em
quando com a mulher, também enfermeira, e os amigos ("A última vez que
fumei foi no concerto dos Waterboys, com a minha mulher e um grupo de
amigos que incluía professores universitários e outra gente de bem"), e é
apologista da legalização, preconize que se comece pela legalização por
razões médicas.
O
consumo de canábis por motivos médicos, legalizado em 29 estados
americanos, é, de acordo com os resultados de uma revisão recente de
milhares de estudos, eficaz no alívio das náuseas relacionadas com a
quimioterapia, na redução dos espasmos da esclerose múltipla e no alívio
da dor crónica. Mas os consumidores garantem outras benesses. B
Fachada, que conhece quem, estando a fazer quimioterapia, se tenha
inscrito num "clube de canábis" catalão para ter acesso à substância de
forma segura, crê que fumar "ajuda a lidar com a ansiedade, o stress, as
"dores de músico", tendinites, toda a parte de desgaste físico da
profissão". Ana, 52 anos, funcionária da banca privada, recomeçou a
consumir, depois de muitos anos sem tocar em canábis, para aliviar
sintomas de "uma pré-menopausa horrível": "Tinha problemas para dormir,
passei por períodos de quase anorexia, e aquilo regularizou-me o sono.
Também me ajuda com as dores nas costas, cheguei a estar quase
entrevada."
Tinha experimentado aos 17,
numa altura em que, admite, provou "praticamente todas as drogas".
Depois, ter sido mãe muito cedo (aos 19) e tido de ser autosuficiente
levou-a a abandonar consumos. "Só voltei a consumir quando as minhas
filhas estavam na faculdade." Fuma habitualmente ao chegar a casa do
trabalho, ou antes de dormir. Como Manuel, acha que se deve começar pela
legalização do uso terapêutico. Admitindo, porém, que o consumo possa
de algum modo prejudicar-lhe aspetos da saúde enquanto melhora outros,
questiona: "Com quem é que falo sobre isso? A que médico? Como sei que
está informado e que o meu diagnóstico de outras coisas não poderá ser
afetado, por causa dos preconceitos e da falta de informação?"
E até já TOU a COMEÇAR a GOSTAR uma UNHAZINHA da GERINGONÇA...
ESTA também é o máximo-VOTO a FAVOR.
PS aprova moção a favor da despenalização da Eutanásia e prostituição
A Comissão Nacional do Partido Socialista aprovou hoje, no Porto, nove moções, entre as quais a da "Eutanásia", "Regulamentar a prostituição" e "Legalização e regulação do mercado das drogas leves em Portugal".
O
BLOCO
O
PS
O
PC
...SãO
BUÉS
de FIXISSS!
CHEIRA tão BEM a MARIJUQUINA!!!
&
a
DESPENALIZAÇÃO da EUTANÁSIA
+
PROSTITUIÇÃO.
&
a
DESPENALIZAÇÃO da EUTANÁSIA
+
PROSTITUIÇÃO.
ASSUNTOS SENSÍVEIS, mas,, Q,deverão ser tratados com uma grande dose de LIBERDADE por quem está na no cimo do vulcão. Todos eles a que se refere o artigo do DN e a abrangência no que diz respeito à legalização da PROSTITUIÇÃO + a célebre EUTANÁSIA, isto porque não temos um interruptor para apagar a VIDA de quem vive nos limites insuportáveis da existência.
E BENDITAS MULHERES, as "PUTAS" que tantos casamentos equilibram com os seus corpos generosos, mas que arriscam em cada acto , porque à deriva navegam num oceano profundo de ilegalidades estúpidas.
...
A estupidez chega também às vivências sociais em jeito de rótulos DROGADOS e delinquentes de quem tem o azar de ser apanhado com quatro pés de "MARIJUQUINA", uns porque sim, outros porque simplesmente adoram "snifar a beleza de tal planta enigmática.
Os meios de comunicação SOCIAL encarregam-se de destruir FUTUROS.
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