LOBOS

Sou, na verdade, o Lobo da Estepe, como me digo tantas vezes – aquele animal extraviado que não encontra abrigo nem na alegria nem alimento num mundo que lhe é estranho e incompreensível

Herman Hesse

domingo, 4 de outubro de 2015

POR ELES TAMBÉM...




Dos PROFESSORES

TAMBÉM por ELES


Não ME APETECE ENLOUQUECER
ANDAR ESFARRAPADO pelas RUAS da EXISTÊNCIA a BABAR-ME pelos cantos da BOCA.


35 ANOS de VIAGENS SIMBÓLICAS


35 ANOS de ENSINO-APRENDIZAGEM
ALEGORIA aos MEUS IRMÃOS
CÃES




 Ou o SIGNIFICADO  APROXIMADO da RECUSA à DESISTÊNCIA



4 de OUTUBRO


Talvez uma forma de me livrar das televisões no dia de HOJE-ELEIÇÕES-+ 1mas a somar a tantas outras com os mesmos sujeitos e exactamente os mesmos slogans.

Bendita chuva que cai lá fora, a MÃE-TERRA sedenta  e dura de partir enxadas agradece...+ um artigo sentimental com poucas imagens  dos HUMANOS, um PERCURSO em diálogo com as interrogações-procuro encontrar o sentido das "KOISAS" e clarificar comigo!mesmo porque não desisto e continuo casmurramente num caminho com parcas referências???...
"

(2012)




Passam este ano 50 anos sobre a morte de Corrado Feroci (1892-1962), sobre quem já me referi em outro espaço. Pouco conhecido entre nós, mas um gigante - daqueles que aparecem de século a século - que foi tudo e em tudo foi genial. Este florentino arrostou todas as incompreensões e até perseguições, sacrificando uma vida intensa de trabalho  pelo amor à arte e à Tailândia, a sua segunda pátria, onde viveu e se naturalizou. Foi Feroci quem introduziu a história da arte, a crítica de arte, o ensaísmo e o ensino académico das belas-artes no país; foi Feroci o pioneiro da arqueologia científica, da museologia e das técnicas de restauro e conservação. Foi, também,escultor, ceramista, decorador, pintor, ilustrador e muralista. Foi, sobretudo, professor, um homem de vida quase espartana que nunca faltou a uma aula e chegava à universidade de bicicleta, mesmo nos dias em que envergava a soberba farda de alto funcionário do Estado.
É notável como pôde um homem só fazer tanto com tão poucos meios - sem bibliotecas, sem arquivos, sem assessores, quase sem orçamento - e como conseguiu deixar tantos discípulos e um sulco tão profundo num país que lhe ficou eternamente grato.


Eu tenho uma explicação; ou antes, duas. O tempo é breve, e se não fazemos aquilo para o qual fomos escolhidos pelo destino, ninguém mais o fará. Depois, o dinheiro e a falsa fama acabam. Só os grandes espíritos vivem para além do seu tempo. Feroci inventou tudo, foi tão convincente que o que sonhou se transformou na Tailândia de hoje. Nos tempos que correm, da plutocracia desvairada, da arte-negócio e das "indústrias culturais", é quase impossível que homens destes surjam. A arte, a cultura e o ensino são aristocráticas por antonomásia. Ai de quem os queira transformar em meras mercadorias. Aqui está o epitáfio da cultura.

ENTREI NA pista DESTE SENHOR há 3 anos e confesso que é ainda hoje uma inspiração  e um dos tantos motivos para a persistência e numa recusa ao "DEIXA-ANDAR", pois ele cai no final de cada mês. 

O que nos trouxe de catalisador esta forma de COMUNICAÇÃO ? Esta FERRAMENTA de ABSORVER SABER... INTERNET desde 2009.

Os primeiros TEMPOS foram fantasticamente LUMINOSOS, para quem há muitos e muitos anos "COLECCIONAVA" Diários de PERCURSO, replectos de referências simbólicas , planificações e ROSTOS MUITOS ROSTOS de todos os JOVENS que como DEUSES LUMINOSOS me entraram nas salas. 

   





  LIVROS GASTOS pelo MANUSEAMENTO, replectos de palavras, emoções FEITOS e ENTUSIASMOS, ESTRUTURAM um CAMINHO percorrido desde a "MALA de CARTÃO". Lembro um DOMINGO, fim de tarde o LARGO GRANDE iluminado por um SOL brilhante -FIM de VERÃO e cheio de grupos dispersos em "SÃO-CONVÍVIO". Minha MÃE levou-me à "CÁMINÉTI" para a primeira das muitas VIAGENS para LISBOA. A Mala era de um cinzento azulado em XADREZ, e de CARTÃO como a da canção da LINDA de SUZA. Foi tudo o que levei JUNTAMENTE com os SONHOS e uma força indestrutível, a caminho da casa da ORQUÍDEA  em pleno BAIRRO-ALTO (Rua do Século).


A Histórias dos DIÁRIOS conta-se em poucas palavras. As antigas e simbólicas cadernetas dos nossos PROFESSORES, (ÚTEIS e sempre à Mão), foram nos tempos de estudo uma das imagens de MARCA da ESCOLA do Estado Novo. resistiram alguns anos após 1974. Todos os alunos entregavam as benditas 10 fotografias no acto da matrícula, para o livro de ponto e as cadernetas dos PROFESSORES.

Quando iniciei a PROFISSÃO ainda convivi sem deixar de lhes dar um toque pessoal, com os tais caderninhos.


Senti já nessa altura uma" falta  de ESPAÇO", para deixar em REGISTO as EMOÇÕES e o AMOR que sentia pela SOMA dos SORRISOS, das METAS ALCANÇADAS e de todos os acontecimentos que decididamente a mente iria apagar aos poucos com o passar dos anos.



FOI PROVIDENCIAL a passagem de um filme NEO-REALISTA Italiano na TV , dos anos (70) SETENTA. Uma das cenas marcantes foi o momento de encontro de um VELHO PROFESSOR que passeava numa rua amparado numa bengala. Um JOVEM cumprimentou-o e apresentou-se como seu antigo aluno.





- SOU o CONRRADO, lembra-se de mim??...



O IDOSO surpreendido pela abordagem, olhou-o de  baixo para cima e ripostou com uma outra pergunta.



- De que ano ÉS ?...



Claro que as décadas deixam sempre a sua marca , a soma é de muitos números e os rostos transformam-se numa fatalidade difícil de contrariar.



O IDOSO despediu-se e continuou o seu caminho pois não havia mais assunto, histórias esfumadas e naquele epílogo , onde a SOLIDÃO estava INSTALADA,  os rostos e sons tinham ficado perdidos nos tempos.

No entanto,  quando chegou a casa inclinou-se sobre uma poeirenta prateleira incrustada na manchada parede amarelada pelo desgaste. De lá retirou um dos muitos cadernos de capa dura. Ano de 1936. Ali estava o CONRRADO com um BONÉ enfiado pelas orelhas num GRUPO SÉPIA de JOVENS com o sangue quente.



 



E foi essa "IMAGEM" que impulsionou a construção destes DIÁRIOS que me acompanharam até ao aparecimento desta nova FERRAMENTA.

O MUNDO NOVO CHEIO de POSSIBILIDADES (K) RIATIVAS, muito ao meu "GEITO". 

Para que servem os DIÁRIOS?.. NUNCA me preocupei encontrar um significado directo para a construção desses livros semana após semana- OCUPAÇÃO do TEMPO e PARTILHA com os alunos e passagens de MEMÓRIAS. Andou sempre por aí o significado desta "colecção". 





Quando abordei o VIRTUAL, senti-me como um "ALADINO" num TAPETE MÁGICO e só ENCONTREI POTENCIALIDADES e VIRTUDES. "Lançei-me de cabeça", pois desta forma o meu trabalho poderia sair da sala de AULA e chegar a mais gente, FERRAMENTA de MOTIVAÇÃO e orgulho para os alunos e as famílias acompanharem os seus feitos nas ESCOLAS. 

Sempre encarei a PROFISSÃO como uma entrega total ao PRÓXIMO, sem limites nem qualquer tipo de prisão para conseguir EVOLUÇÃO e DESCOBERTA. Com esta forma de REGISTO somaria também "COMUNICAÇÃO" à distância de um CLIC. 


Mas não durou muitos anos, como todos os SONHOS, há um momento para acordar e descobri os dissabores, que os novos tempos carregam. Os ESPAÇOS de PARTILHA passaram rapidamente a serem uma "FACA de dois gumes". Estes "LUGARES" são motivo (TB) para agressões, VIOLÊNCIA SILENCIOSA e INCOMPREENSÕES. 

Comecei a ter alguns cuidados, vários dissabores e desapaixonei-me. Deixei de chorar lágrimas de saudade e  abandonei o orgulho com que partilhava o "ÚLTIMO" artigo com as pessoas mais chegadas. HOJE continuo a teclar, mas sem o entusiasmo de outrora e preparo aos poucos o "ENTERRO" desta forma de me dar ao próximo.
Que estará para BREVE-TENHO ainda em MENTE, duas PESSOAS que merecem a minha atenção e o meu TRIBUTO.
Depois fecharei mais este ciclo da MINHA VIDA, 

com a SENSAÇÃO de DEVER CUMPRIDO, temperado com muito desânimo.

 
Os TEMPOS MUDARAM. JÁ não se respira a LIBERDADE cimentada  no SONHO da transformação de uma sociedade mais evoluída no que diz respeito ao AMOR e à PARTILHA ( LIVRES...será que alguma vez o FOMOS??). Acho que sim.


 Nas nossas ESCOLAS, já não  há lugar para a materialização de um projecto de referências FORTES  . Todos os dias ao LEVANTAR-ME, preparo-me para mais uma BATALHA-tal armadura de BICOS VESTIDA.
Ou talvez tivesse sido sempre da forma actual e eu é que mudei.
Hoje PENSO DESTA FORMA, seguramente desta FORMA.
ELAS reflectem como um ESPELHO a SOCIEDADE em GERAL.

 MANIPULADAS, desorientadas e somando anos ao DESGASTE de um SISTEMA que não pára de se EXPERIMENTAR a si mesmo. RETOCANDO a superfície com vernizes de duvidosa proveniência. 

 
A MINHA PROFISSÃO deixou de SER POESIA. E o MEU CORAÇÃO RENDE-SE às EVIDÊNCIAS-CANSADO e INCOMPREENDIDO.


maxresdefault333333.jpg
 
"Carpe diem quam minimum credula postero", que 
significa: "Aproveita o dia, confia o mínimo no amanhã"
(Frase basilar no filme "O CLUBE dos POETAS MORTOS") 

Eu, particularmente, fico com o professor e sua pedagogia afetiva e criativa que desconsidera métodos fechados. Eu fico com a poesia. Com a arte. Com o amor. Com a irreverência inteligente e criativa. Eu rasgaria com gosto aquelas páginas ridículas e inúteis que "ensinam" a mensurar a beleza e a emoção. Eu fico com o direito que cada um deveria ter de escolher o próprio caminho. Fico com a escola que prepara homens e mulheres e não robôs. Fico com escola que prepara cidadãos e não consumidores. Fico com a escola que não prepara a vida, mas que já é a própria vida.

Nada é mais libertador ou tirânico do que um professor. E como diria John Keating, as palavras podem sim mudar o mundo. Obviamente, o mundo tenta nos convencer de que palavras nada mudam pois nada assusta mais do que a mudança.
Muitos de nós preferimos viver condenados a vidas medíocres do que corrermos o risco de cair em uma vida trágica. Entre a mediocridade e a tragédia, a mediocridade parece menos pior. Será mesmo?
Imaginem um mundo em que as pessoas são preparadas para pensar com suas próprias cabeças e acima de tudo, sentirem. Imaginem um mundo em que cada um escolha seus próprios caminhos? Se nos dias atuais já é complicado falar sobre liberdade para decidir o seu destino e autonomia de pensamento, imaginem o quanto era complexa esta questão nos anos 1950, em que pais e professores tinham o dever moral de preparar os jovens para cumprir ordens e padrões de forma completamente obediente?

O que dizer de um jovem que já tem o destino traçado pelo pai, desafiar todo o projeto de uma vida em nome de um sonho arriscado? Lutar pelos próprios sonhos ou se render à realidade sempre foi um dos dilemas mais complexos do ser humano.
Se para alguém com uma linha mais conservadora de pensamento, o professor provocou o caos e desestruturou a vida daqueles jovens estudantes, para alguém com uma linha de pensamento mais libertária, ele promoveu uma mudança essencial, mesmo que o efeito colateral tenha sido a perda de um jovem.
Se por um lado, muitos podem imaginar que o professor provocou mesmo que sem querer o suicídio, por outro, podemos dizer que quem o detonou foi o pai, mesmo que inconscientemente.



Saber onde reside o equívoco é uma questão de ponto de vista. A situação pode ser lida nos dois sentidos e cabe a cada um escolher o seu lado. Talvez o suicídio possa ser lido com um mero gesto impulsivo de desespero. Por outro lado, talvez, o pior dos suicídios é se condenar a uma vida longa e medíocre. Neste sentido, o suicídio do garoto foi uma libertação de uma sociedade sufocante em que o teatro e o professor Keating eram as únicas lufadas de ar fresco.
 http://obviousmag.org/cinema_pensante/sociedade-dos-poetas-mortos44444.jpg
 Eu, particularmente, fico com o professor e sua pedagogia afetiva e criativa que desconsidera métodos fechados. Eu fico com a poesia. Com a arte. Com o amor. Com a irreverência inteligente e criativa. Eu rasgaria com gosto aquelas páginas ridículas e inúteis que "ensinam" a mensurar a beleza e a emoção. Eu fico com o direito que cada um deveria ter de escolher o próprio caminho. Fico com a escola que prepara homens e mulheres e não robôs. Fico com escola que prepara cidadãos e não consumidores. Fico com a escola que não prepara a vida, mas que já é a própria vida.
  Sociedade dos poetas mortos faz uma bela homenagem à Shakespeare, mostrando uma montagem teatral da peça Sonho de uma noite de verão. O interessante da escolha desta comédia romântica do cultuado dramaturgo inglês é o fato desta peça apresentar um tom irônico quando mostra todos os personagens encontrando a felicidade no final. A vida real é bem diferente de Sonho de uma noite de verão e Shakespeare parece debochar da nossa triste realidade por meio de uma ficção idílica.
O personagem de Neil vive Puc e um grande sonho durante a montagem teatral. Mas encerrada à apresentação, a realidade se impõe duramente e de forma inegociável e implacável. E da mesma forma que os irmãos do filme Os sonhadores não suportam a realidade , Neil opta por aquilo que para ele era um sonho e renuncia ao pesadelo vislumbrado por seu severo pai, que já traçou todo o seu destino nos mínimos detalhes.
Sociedade dos poetas mortos é uma aula de filosofia e um retrato vigoroso do professor que quase todos nós gostaríamos de ter. Do professor que todos nós deveríamos ter.

publicado em cinema por



 

 FOI SUBSTITUÍDA HOJE ...
POR

"Aproveito para informar os colegas , que  os Encarregados de Educação das alunas x e da y e Z não autorizam a divulgação de imagens fotográficas ou vídeos das suas educandas para fins exclusivamente educativos, como sejam o Jornal da Escola, Jornais de parede ou trabalhos escolares dos alunos.
(ATENÇÃO, estamos a falar de ACTIVIDADES dentro da própria ESCOLA e não em   REDE-SOCIAIS.

Parece de imediato um assunto SIMPLES e com  toda a legitimidade de quem faz essa exigência.
  

...Estando qualquer dos intervenientes no SISTEMA de ENSINO, no direito de recusar o que quer que seja para si ou para os seus... TEREMOS  TODOS a NOÇÃO do que isto SIGNIFICA, este PODER de INTERFERIR na "ESCOLA" de LIMITAR a acção dos PROFESSORES?! UM SINAL  de retrocesso da HUMANIDADE?... DE TUDO o QUE se CONQUISTOU.
A TOTAL AUSÊNCIA de AUTORIDADE PESSOAL por parte de QUEM DIRIGE o ACTO de TRANSMITIR SABER.

Ao sentido desanimador desta FRASE poderíamos (...nós PROFESSORES) juntar muitas mais contrariedades que levaram à DESISTÊNCIA e também à LOUCURA dos muitos e excelentes PROFESSORES deste PAÍS das gerações mais "VELHAS". Aqueles que se "ILUDIRAM" DESLUMBRARAM com o FACTOR LIBERDADE e ESCOLA PROGRESSISTA E MUITOS MAIS ADJECTIVOS QUE  baptizaram a vida nestes espaços de aprendizagem e descoberta.

Os JOVENS PROFESSORES terão que obrigatoriamente  render-se à SUBMISSÃO das vivências e dos PODERES INSTALADOS, rezando para conseguirem dirigir a "ORQUESTRA".
Não lhes será difícil...pois  foram "MODELADOS" neste "MUNDO"TECNOLÓGICO e de subordinação para se safarem e ganharem o sustento. 




Todos os DIAS e ao longo dos últimos seis ou sete anos, perdi mais um pedaço dos "MÓDULOS" que me construíram como PESSOA SOCIAL. E me vão tragicamente OBRIGANDO a deixar para trás o melhor das minhas qualidades enquanto PROFISSIONAL-O FACTOR CRIATIVO e a RENOVAÇÃO ano após ano. Que fizeram milagres nas GERAÇÕES que comigo conviveram.

Conviverei "DRAMATICAMENTE" com esta nova forma de VIDA do nosso sistema de ENSINO. 
Faltam poucos anos
e

TAMBÉM por ELES...





...E POR MIM






 TB POR ELES e POR MIM 
NÃO DESISTO.



MAS HOJE GOSTAVA de SER CÃO e TER COMO meu COMPANHEIRO EU MESMO PESSOA que tanto RESPEITA os ANIMAIS.


INVEJO tanto a SUA PAZ-COMUNHÃO e FELICIDADE.

Sem comentários:

Enviar um comentário