AMIGO
PRETO
no
BRANCO
o Que é um amigo?Duas
Nesta longa viagem, no CRUZEIRO dos tempos, existimos, construímos juntos um quarto de vida-SOMOS totalmente opostos, nas vivências, nas atitudes e no querer. Planetas opostos-Nunca fomos no relacionamento... COR.
Esta característica, talvez a que melhor temos em comum. Só PRETO e BRANCO-NEUTROS.
LISO um de nós... AGRESTE, gretado , rugoso o outro. Pouco ou nada temos em comum na forma como encaramos e vivenciamos o gastar dos dias.
Esta característica, talvez a que melhor temos em comum. Só PRETO e BRANCO-NEUTROS.
LISO um de nós... AGRESTE, gretado , rugoso o outro. Pouco ou nada temos em comum na forma como encaramos e vivenciamos o gastar dos dias.
IRRITAS-me tantas vezes, por seres tão conservador nas palavras, certinho e muitas vezes chato. Foste até hoje um "ENGENHEIRO" das EMOÇÕES ligadas aos actos. Traços sempre milimetricamente eficazes nos resultados planificados, não havendo lugar para os esboços, da contrariedade.
A tua perfeição leva à loucura o mais simples dos CRIATIVOS, traças a obra em esboços axonométricos ortogonais e ela nasce perfeita-não conheço ninguém como tu capaz de SER(S) BRANCO-PURO e LISO muitas das vezes e outras NEGRO continuando a lisura, cheio de certezas e nenhumas suposições.
Quem não conhece os teus JARDINS, nunca saberá decifrar as palavras que escrevo aqui como PEDRA gravada, da nossa existência em COMUM.
Quem não conhece os teus JARDINS, nunca saberá decifrar as palavras que escrevo aqui como PEDRA gravada, da nossa existência em COMUM.
Ninguém saberá, nem os que connosco ombrearam, as AMARGURAS, os RIOS de LÁGRIMAS que afogaram os gritos surdos, nos ESPAÇOS dos ACONTECIMENTOS- quando existia um OBJECTIVO PRESENTE na AMATO LUSITANO. Quando era uma ESCOLA LIVRE de preconceitos e imposições FASCIZANTES. NESSE tempo subia as escadas de 3 em 3 degraus, todos davam o seu melhor e comandados por PESSOAS "camufladas" no meio de nós, ninguém se destacava por decreto, mas sempre pelos feitos ou como lapas, colados aos feitos dos que mais davam o corpo ao manifesto.
As construções planificadas-a LIMPEZA e a ORGANIZAÇÃO. O CAOS KRIATIVO viveu lado a lado décadas com a perfeição de engenheiro que nem o pó tinha autorização de emperrar a afinação das SERRAS de RECORTE-ou impedia a outra dos dentes agressivos de sussurrar, uivando na sala grande ao lado da tua-onde imperavam os gestos desorganizados, as frases desconexas e os GRITOS da LIBERDADE REBELDE anti- conservadora.
São estes OPOSTOS que ainda hoje nos ligam.
Um GAUGUIN "EMPINOCADO", de calças aprumadinhas em oposição a um V. GOGH LUNÁTICO, IMPACIENTE nervoso , vivendo muitos mundos, criando no imaginário muitos mais.
Qual BIPOLARIDADE, qual excentricidade-gestos que reflectem
explosões de ideias e fidelidade a um projecto de vida, só assim se constroem as grandes obras.
Qual BIPOLARIDADE, qual excentricidade-gestos que reflectem
explosões de ideias e fidelidade a um projecto de vida, só assim se constroem as grandes obras.
Muitos milagres aconteceram para estarmos ainda HOJE aqui a fazer as contas na parte final da nossa HISTÓRIA, JUNTOS. Milagres estes vindos do mundo onde os guardiões jogam no tabuleiro da eternidade. Ou simplesmente da nossa TEIMOSIA ,persistência no paralelismo entre caminhos de origens e direcções opostas. Na esperança que ainda venha aí coisa BOA.
Estaria aqui o dia todo a teclar, para narrar todas as histórias em comum, mas deixo-te as melhores recordações, onde entraram sempre as turmas, a GAIATAGEM, as visitas de médico aos meus espaços e aos teus. A curiosidade das "CONTABILIDADES" com os meus pecados mais carnais.
Em comum já é outra HISTÓRIA. Temos um passado sólido, aventuras de generosidade e entrega à profissão e ao local que foi a nossa última ESCOLA. Ninguém, nem tu imaginarás todo o espólio que construímos juntos-recorres nas minhas costas, muitas vezes aos ÁLBUNS das fotografias, para contares feitos que se mantém vivos na memória. Das façanhas, dificuldades e "espanhanços" somadas ano após ano. Das construções onde estivemos lado a lado. Outros que nunca concordaste, mas que eu levei até ao fim. Tempos que fielmente aprisionavas as minhas LOUCURAS em cliques e sorrisos, no espaço da AMATO LUSITANO IMAGINAS quanto DINHEIRO já GASTEI em FOTOGRAFIAS?
-Não SEI, MUITO!...
-Não SEI, MUITO!...
Sei tudo, recordo todos os momentos, mas mesmo todos-ninguém melhor e mais se "MEXEU", naquela ESCOLA como nós. Sou um DESTERRADO no tempo e na terra onde vim acabar, IMPREVISÍVEL e longe da perfeição institucionalizada. Hoje permanecemos distantes nos lugares, continuo a marcar o caminho com os pés da insistência.
Já sou dos últimos, em silêncio perco-me muitas vezes naquelas duas salas , quando vazias.
Num abanar de cabeça conformado, desisto de entender, porque mudou tudo para uma existência do nada-ninguém se preocupa e muita gente se esquece dos seus deveres. Hoje não aguentarias o confronto com a política das aparências sem sumo nem conteúdo. Os lugares das batalhas, parecem armazéns da inutilidade. Nunca arriscaste, não arriscarias HOJE, confrontos em defesa da construção e da mudança, mesmo que para isso tivesses que lutar contra o sistema. Dentro de ti dissipavam-se aos poucos depois de as viveres, tempestades. Dentro de ti reciclavas as discordâncias, num sofrimento de feridas por curar. Nunca saradas...
Num abanar de cabeça conformado, desisto de entender, porque mudou tudo para uma existência do nada-ninguém se preocupa e muita gente se esquece dos seus deveres. Hoje não aguentarias o confronto com a política das aparências sem sumo nem conteúdo. Os lugares das batalhas, parecem armazéns da inutilidade. Nunca arriscaste, não arriscarias HOJE, confrontos em defesa da construção e da mudança, mesmo que para isso tivesses que lutar contra o sistema. Dentro de ti dissipavam-se aos poucos depois de as viveres, tempestades. Dentro de ti reciclavas as discordâncias, num sofrimento de feridas por curar. Nunca saradas...
Também nisto fomos e somos HOJE tão diferentes, 63 anos, 18 de ABRIL-uma vida, a parte maior fica nas costas, o FUTURO é tão diminuto. Desses 63 anos estivemos em 25, lado a lado , na LOJA, nos petiscos ao final da tarde, na entrega das ideias de bandeja para tu passares à acção, nos segredos, nos GRITOS, nas zangas, sorrisos, confrontos, desacordos. Nos diálogos , no abanar das cabeças e nas FUGAS.
Nas MerdaS! Mas nunca na INDIFERENÇA.
SECALHAR também é por isto que ainda aqui estou a escrever esta carta de AMOR para ti e porque decididamente temos que nos ATURAR até ao fim.
!
1954
Nasceste...
Os amigos têm de ser inúteis. Isto é, bastarem só por existir e, maravilhosamente, sobrarem-nos na alma só por quem e como são. O porquê, o onde e o quando não interessam. A amizade não tem ponto de partida, nem percurso, nem objectivo. É impossível lembrarmo-nos de como é que nos tornámos amigos de alguém ou pensarmos no futuro que vamos ter.
A glória da amizade é ser apenas presente. É por isso que dura para sempre; porque não contém expectativas nem planos nem ansiedade.
Miguel Esteves Cardoso, in 'Explicações de Português'
Eu SÓ QUERObeber água em todas as fontes (como no poema cantado por Teresa Silva Carvalho e Vitorino) e invejar os teus jardins aprumadinhos, sem mácula e traçados ao mm
em TODAS as FONTES...não me interessam parelhas e montes.
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