1,2,,3,,, OU QUATRO ?...
...ERA DESTA FORMA QUE DÁVAMOS INÍCIO À SOCIALIZAÇÃO. UM SIMPLES ORIGAMI DE PAPEL COM NOMES DE FRUTAS. O QUE ESTAVA POR TRÁS DAS ESCOLHAS PODERIA SER: VAIS CASAR UM DIA OU VAIS A LISBOA, DUAS REGUADAS DA PROFESSORA OU MIJAS NA CAMA DE NOITE. PEQUENAS FORTUNAS PARA QUEM NA IDADE DA INOCÊNCIA COMEÇAVA A SOCIALIZAR-SE COM O SEXO OPOSTO E COM OS MAIS VELHOS. TÍNHAMOS TODOS PERTO DOS OITO -10 ANOS. ESTE ORIGAMI QUE NAQUELE TEMPO CHAMARÍAMOS DE HARMÓNIO DE PAPEL OU AQUELA COISA DE PAPEL COM AS FRUTAS, PUXAVA-NOS À IMAGINAÇÃO.
HÁ CERCA DE DUAS SEMANAS QUE TENHO SOBRE A SECRETÁRIA UM AMONTOADO DE CARTAS ANTIGAS, ENVELOPES DA MINHA MÃE , DA SÃO C. E DA MINHA AMIGA SUÍÇA . TODAS AS CARTAS DOS FINAIS DE SETENTA PRINCÍPIOS DOS ANOS OITENTA. MAS FOI UMA DELAS (DA MINHA MÃE) QUE ME DESPERTOU A ATENÇÃO E DEIXEI DEBAIXO DE OLHO, É UMA REFERÊNCIA DA VIAGEM ESTRANBÓLICA QUE A SOCIEDADE EFECTUOU EM 4 DÉCADAS. NÓS VIAJÁMOS NESTE COMBOIO FOGUETE QUE NOS TROUXE A UM TEMPO EM QUE A COMUNICAÇÃO SE BANALIZOU, TORNOU-SE CONFUSA E GERADORA DE INQUIETAÇÃO E DISTÚRBIOS PSICOLÓGICOS. EIS QUE HOJE PELA MANHÃ NO MEU PASSEIO MATINAL AO COMPUTADOR TINHA UNS MAILS DO MEU PRIMO QUIM, UM DELES REALÇOU A NECESSIDADE DE IR EM SOCORRO DA CARTA DE MINHA MÃE.
MAS QUEM É O MEU PRIMO QUIM E QUAL A IMPORTÂNCIA QUE TEVE NA MINHA VIDA. PODERIA ESCREVER UM LONGO ARTIGO SOBRE ESTE ASSUNTO. QUE FOI UMA REFERÊNCIA NO MEU CRESCIMENTO. OS NOSSOS HERÓIS ERAM PESSOAS QUE ESTAVAM POR PERTO, DE CARNE E OSSO. OS FUTEBOLISTAS OU ACTORES DA COWBOIADA, FORAM ADMIRADOS MAS NÃO PASSAVAM DE IMAGENS FICCIONADAS.
DESDE OS 3 ANOS QUE ME RECORDO DELE NA CASA DA RUA DOS TELHEIROS, na da mata era eu muito novo não tenho recordações. DA SUA COLECÇÃO DE MUITOS E MUITOS LIVROS DE QUADRADINHOS (BUFFALO BILL CODY, KIT CARSON, MANDRAQUE, PRÍNCIPE VALENTE E TARZAN ENTRE OUTROS. GOSTAVA MUITO DE IR DE VISITA NAS TARDES DE VERÃO OU EM QUALQUER OUTRAS FÉRIAS PARA ME DELICIAR COM OS LIVROS DO MEU PRIMO, JÁ NAQUELA ALTURA ELE DEDICAVA TODO O TEMPO QUE TINHA AOS ESTUDOS. QUANDO RECORDO O PERCURSO DE ESTUDANTE DO GUILHERME VÊM-ME À MEMÓRIA A GRANDE DEDICAÇÃO DO PRIMO QUIM. POR AQUI NÃO FOI INSPIRAÇÃO. NUNCA TIVE MUITA ATITUDE EM RELAÇÃO AO MARRAR NOS LIVROS DA ESCOLA. MAS O SEU SUCESSO FOI PARA MUITOS DE NÓS MOTIVO DE ORGULHO. A FORMA COMO INTERAGIA COM A COMUNIDADE (CHEGOU A JOGAR FUTEBOL NO SPORTING CLUBE ARCOENSE). TINHA E TEM MUITAS DAS CARACTERÍSTICAS DE PERSONALIDADE DO MEU PADRINHO JÚLIO, SEU PAI.
RECORDO-ME DUMA SITUAÇÃO NA COZINHA DA RUA DOS TELHEIROS, A PRIMEIRA E ÚNICA VEZ QUE VI O PRIMO QUIM IRRITADO COMIGO E A FALAR-ME BRUSCAMENTE. FOI NO FINAL DA MINHA ADOLESCÊNCIA JÁ ENTRADOTE PARA RAPAZ. TALVEZ 16 / 17 ANOS.ESTAVA COM A MINHA MADRINHA NUMA DE PESSIMISMO E INSATISFAÇÃO CARACTERÍSTICAS INATAS À MINHA PERSONALIDADE AINDA HOJE SOU EXACTAMENTE COMO ERA AOS 16 ANOS. SEMPRE GOSTEI DE TROCAR IMPRESSÕES COM A MADRINHA LURDES. DAÍ VINHAM ENSINAMENTOS E PALAVRAS DE CONFORTO.
-TAMBÉM(!!!),,, ANDAS SEMPRE INSATISFEITO!
FIQUEI NA ALTURA MUITO TRISTE, NUNCA ME TINHA FALADO DAQUELA MANEIRA, GUARDEI O MOMENTO PARA SEMPRE, MAS FOI MAIS UM DOS DESAIRES QUE ME SERVIRAM DE MOTIVAÇÃO PARA ULTRAPASSAR TODOS OS OBSTÁCULOS QUE ME APARECERAM PELA FRENTE , UTILIZEI SEMPRE A INSATISFAÇÃO E O DESACORDO EM RELAÇÃO AOS MEUS PARES PARA FAZER SEMPRE MELHOR, REINVENTAR-ME, E SER MELHOR PESSOA. A VIDA É UMA LUTA CONSTANTE.
FOI TAMBÉM AO QUIM QUE FIQUEI A DEVER A ENTRADA EM GRANDE NA ESCOLA INDUSTRIAL-ARRANJOU-ME UM MENTOR O MELHOR E MAIS RESPEITADO DE TODOS-XICO SARAMAGO E O NOME RAMOS ATRIBUIU-ME O ESTATUTO DE FAMILIA COM O GRANDE PROFESSOR BARBAS.AQUELA PERSONAGEM QUE FEZ DE MIM PROFESSOR. UM BELÍSSIMO PROFESSOR.
NESTA VIAGEM DE QUARENTA ANOS ESTAMOS HOJE NUM PATAMAR DE IGUAL PARA IGUAL E PERANTE O AS NOTÍCIAS DELE SOUBE DE IMEDIATO O QUE FAZER DA CARTA DE MINHA MÃE.
24 DE NOVEMBRO DE 1981
ESCREVE SOBRE ASSUNTOS SIMPLES A VIDA SIMPLES DAQUELES TEMPOS- O QUE ME DESPERTOU A ATENÇÃO ALÉM DA LETRA CERTINHA DA MARIA LUÍSA-
QUERIDO FILHO...ANDAMOS NA AZEITONA NO MONTE TEMOS DE VER SE VAMOS ATURANDO PORQUE ESTE ANO DEVEMOS GANHAR 400 ESCUDOS E ENTÃO VAMOS LÁ VER SE ISTO VAI. FILHO, ONTEM FUI À CAIXA A ESTREMOZ COMO TE TINHA DITO, OS JUROS PASSARAM PARA 21 POR CENTO AO ANO E 19.5 A SEIS MESES.
ESTAMOS A FALAR DE 400 ESCUDOS NO FINAL DA AZEITONADA DE 15 DIAS. QUATROCENTOS ESCUDOS CORRESPONDEM HOJE A 2 EUROS.
UM PROFESSOR EM 1978 RECEBIA POUCO MAIS DE 8.000 ESCUDOS POR MÊS. UMA DIFERENÇA ABISMAL PARA QUEM TRABALHAVA NO CAMPO.
O TEXTO QUE RECEBI HOJE BEM CEDO, É UM DOS MUITOS QUE PERCORREM OS CORREIOS ELECTRÓNICOS DA ACTUALIDADE. NÃO SEI SE REPRESENTA FACTOS VERÍDICOS OU SE É UMA INVENÇÃO HABILIDOSA DE UM ESCRITOR SENSÍVEL. É O RETRATO DAS VIVÊNCIAS DE UMA PROFESSORA DE ANTIGAMENTE, NO TEMPO EM QUE OS PROFESSORES TINHAM AUTORIDADE.-
o Mural de Lourdes dos Anjos: Quando os meninos me pediam "papel macio pró cu e roupa boa prá gente"…Um dos textos que mais me custou a escrever e por isso tem mais lágrimas do que palavras.
“Estávamos
ainda no século XX, no longínquo ano de 1968, quando a vida me deu
oportunidade de cumprir um dos meus sonhos: ser professora. Dei comigo
numa escola masculina, ali muito pertinho do rio Douro, na primeira
freguesia de Penafiel, no lugar de Rio Mau.Era tão longe, da minha rua
do Bonfim, não podia vir para casa no final do dia, não tinha a minha
gente, e eu era uma menina da cidade com algum mimo, muitas rosas na
alma, e tinha apenas 18 anos. Nada me fazia pensar que tanta esperança e
tanta alegria me trariam tanta vida e tantas lágrimas. Os meninos
afinal eram homens com calos nas mãos, pés descalços e um pedaço de broa
no bolso das calças remendadas.
As
meninas eram mulheres de tranças feitas ao domingo de manhã antes da
missa, de saias de cotim, braços cansados de dar colo aos irmãos mais
novos, e de rodilha na cabeça para aguentar o peso dos alguidares de
roupa para lavar no rio ou dos molhos de erva para alimentar o gado.
As
mães eram mulheres sobretudo boas parideiras, gente que trabalhava de
sol a sol e esperava a sorte de alguém levar uma das suas cachopas para a
cidade, “servir” para casa de gente de posses. Seria menos uma malga de
caldo para encher e uns tostões que chegavam pelo correio, no final de
cada mês.
Os
homens eram mineiros no Pejão, traziam horas de sono por cumprir,
serviam-se da mulher pela madrugada, mesmo que fosse no aido das vacas
enquanto os filhos dormiam (quatro em cada enxerga), cultivavam as
leiras que tinham ao redor da casa, ou perto do rio e nos dias de
invernia, entre um jogo de sueca e duas malgas de vinho que na venda
fiavam até receberem a féria, conseguiam dar ao seu dia mais que as 24
horas que realmente ele tinha. Filhos, eram coisas de mães e quando
corriam pró torto era o cinto das calças do pai que “inducava” … e a mãe
também “provava da isca” para não dizer amém com eles…E os filhos
faziam-se gente.
E
era uma festa quando começavam a ler as letras gordas dum velho pedaço
de jornal pendurado no prego da cagadeira da casa…o menino já lia.. ai
que ele é tão fino… se Deus quiser, vai ser um homem e ter uma
profissão!
Ai como a escola e a professora eram coisas tão importantes!
A
escola que ia até aos mais remotos lugares, ao encontro das crianças
que afinal até nem tinham nascido crianças…eram apenas mais braços para
trabalhar, mais futuro para os pais em fim de vida, mais gente para
desbravar os socalcos do Douro, mais vozes para cantar em tempo de
colheitas.
E
os meninos ensinaram-me a ser gente, a lutar por eles, a amanhar a
lampreia, a grelhar o sável nas pedras do rio aquecidas pelas brasas, a
rir de pequenas coisas, a sonhar com um país diferente, a saber que ler e
escrever e pensar não é coisa para ricos mas para todos, para todos.
E
por lá vivi e cresci durante três anos e por lá fiz amigos e por lá
semeei algumas flores que trazia na alma inquieta de jovem que julgava
conseguir fazer um mundo menos desigual.
E
foi o padre António Augusto Vasconcelos, de Rio Mau, Sebolido,
Penafiel, que me foi casar ao mosteiro de Leça do Balio no ano de 1971 e
aí me entregou um envelope com mil oitocentos e três escudos (o meu
ordenado mensal) como prenda de casamento conseguida entre todos os meus
alunos mais as colegas da escola mais as senhoras da Casa do Outeiro. E
foi na igreja de Sebolido que batizou o meu filho, no dia 1 de janeiro
de 1973.
E
é deste povo que tenho saudades. O povo que lutou sem armas, que voou
sem asas, que escreveu páginas de Portugal sem saber as letras do seu
próprio nome.
Hoje,
o povo navega na internet, sabe a marca e os preços dos carros topo de
gama, sabe os nomes de quem nos saqueia a vida e suga o sangue, mas é
neles que vai votando enquanto continua à espera de um milagre de
Fátima, duns trocos que os velhos guardaram, do dia das eleições para ir
passear e comer fora, de saber se o jogador de futebol se zangou com a
gaja que tinha comprado com os seus milhões, e é claro de ver um
filmezito escaldante para aquecer a sua relação que estava há tempos no
congelador.
As
escolas fecharam-se, os professores foram quase todos trocados por
gente que vende aulas aqui, ali e acolá, os papás são todos doutores da
mula russa e sabem todas as técnicas de educação mas deseducam os seus
génios, os pequenos /grandes ditadores que até são seus filhinhos e o
país tornou-se um fabuloso manicómio onde os finórios são felizes e os
burros comem palha e esperam pelo dia do abate.
Sabem que mais?!
Ainda
vejo as letras enormes escritas no quadro preto da escola masculina, ao
final da tarde de sábado, por moços de doze e treze anos com estes dois
pedidos que me faziam: “Professora vá devagar que a estrada é ruim, e
não se esqueça de trazer na segunda-feira, papel macio pró cu e roupa
boa dos seus sobrinhos prá gente”.
Esta gente foi a gente com quem me fiz gente.
Hoje, não há gente… é tudo transgénico .
O
povo adormeceu à sombra do muro da eira que construiu mas os senhores
do mundo, estão acordadinhos e atentos, escarrapachados nos seus
solários “badalhocamente” ricos e extraordinariamente felizes porque
inventaram máquinas e reinventaram novos escravos.
Dizem que já estamos no século XXI...”
...
BOM DIA QUIM, NADA É POR ACASO-ACORDO MUITO CEDO, 05.30 JÁ ESTOU PRONTO, (DEITO-ME TB COM AS GALINHAS). INVARIAVELMENTE PEGO NO MEU CHÁ , CUBRO-ME ATÉ AOS OLHOS , AGORA QUE É INVERNO, A GALA(UMA PERDIGUEIRA COM 8 ANOS) ESTÁ NO SOFÁ SOSSEGADINHA. ELES JÁ "GRITAM LÁ DO SEU APARTAMENTO DE RICOS (ELES SÃO O BUS E O TERY, UM PERDIGUEIRO E UM PODENGO-IRMÃOS GÉMEOS QUE MANDAM CÁ EM CASA, FIZERAM 2 ANOS NO DIA 23 DE DEZEMBRO). HOJE LEVANTEI-ME COM UMA NA CABEÇA. HÁ MUITO QUE TENHO SOBRE A SECRETÁRIA UM MONTE DE CARTAS ANTIGAS. CARTAS DA MINHA MÃE DIRIGIDAS A MIM QUANDO ESTAVA NA RESIDÊNCIA UNIVERSITÁRIA E OUTRAS DA MINHA AMIGA DE ZURIQUE (SUIÇA) TAMBÉM DA MESMA ALTURA -ESTAMOS A FALAR DO FINAIS DE SETENTA, INÍCIOS DE OITENTA. ESTA CARTA DE MINHA MÃE É ESPECIAL REFERE-SE AO GANHAR DINHEIRO NA AZEITONA DA MADEIRINHA...400 ESCUDOS.
"ÓLHA
FILHO ANDAMOS NA AZEITONA NO MONTE , TEMOS DE VER SE VAMOS ATURANDO, PORQUE
ESTE ANO DEVEMOS GANHAR 400$00"
. ..ESTAVA A FALAR NO TOTAL AO FIM DE QUINZE OU MAIS DIAS- POIS CHEGUEI AO COMPUTADOR E TINHA ESTES TEUS MAILS , TOCOU-ME O DA PROFESSORA PRIMÁRIA. NÃO SEI SE É VERDADEIRO OU UMA BOA "ROMANÇADA" DE UM ESCRITOR SENSÍVEL, CONHECEDOR E CRIATIVO. SEI SIM QUE ME IRÁ SERVIR DE MOTE PARA O ARTIGO QUE QUERIA ESCREVER NO CORAÇÃO DA TERRA.
UM ABRAÇO QUERIDO PRIMO, QUANTOS QUERES ??!
-QUATRO!! 1, 2 , 3 ,4!!
BANANA!!
-ÓLHA!! IRÁS VIVER MUITOS ANOS...E TERÁS UMA FAMÍLIA MUITO GRANDE.
... JÁ É DIA, NÃO HÁ GEADA. HOJE COMEÇA O QUARTO-CRESCENTE. DIA BOM PARA SEMEAR AS ERVILHAS E AS FAVAS.
3 DE JANEIRO DE 20 20/07.45 HORAS
3 DE JANEIRO DE 20 20/07.45 HORAS
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