O DESCONTEXTUALIZADO

TEMPO

PERCURSO KULTURAL

MATAR a SAUDADE fugindo ao CONTEXTO
ACREDITANDO que é POSSÍVEL PORTUGAL

"Pedi, e vos será dado; buscai, e encontrareis; batei e abrir-se-vos-á. Porque todo o que pede, recebe; e o que busca, encontra; e a quem bate, abrir-se-á" (Mateus c.7 v.7 e 8);"E tudo o que pedirdes com fé na oração, o recebereis" (Mateus c.21 v.22).

Domingo especial,  dia do teu aniversário, passaram vinte anos, mais precisamente, vinte anos depois do dia em que te vi pela primeira vez.
Foi num SÁBADO nos finais de mais um ano escolar, como hoje,,, 3 dias depois de teres nascido. 
Não haverão por aí muitos PAIS  iguais a mim. 
Talvez só eu!
Talvez ??! Não!..

-COM TODA a certeza!

Nasceste numa quarta-feira em LISBOA e só no dia 5 decidi ir ver-te.

A tal certeza assumidamente marcada a fogo no meu destino ,  faltar aos meus afazeres profissionais , nunca fará parte dos meus planos. 
Recordo-me bem dessa quarta e também do sábado. 
Do dia 2 os empurrões amistosos dos colegas mais próximos a apontarem-me o dedo para  IR, ...-Vai-te embora homem!...

Decidi-me e levei-te um ramo de flores amarelas, flores pequeninas apertadinhas do centro comercial das AMOREIRAS (...o grande centro nos anos 90), com elas o teu irmão com dez anos de idade.

Hoje, 20 anos depois das flores e da visita ,aqui me penitencio. Estás um HOMEM.

 Um HOMEM BOM! 
E como são necessários PESSOAS BOAS como tu, nesta
  ÉPOCA de (MIL) confusões MIL.
BONDADE e EDUCAÇÃO

As características mais relevantes na pessoa que vejo, atento (EU), lendo o passado, todo o passado há vinte, trinta ou quarenta anos, observo-te e reflicto.
A mente divaga, tropeçando em imagens reais. 

As noites da RUA NOVA... onde os bandos de mulheres se sentavam à fresca olhando as estrelas e metendo a conversa em dia. 

Ti Nazaré, Ti Paula, MÃE, NUCHA e Idalina. 

Patinha-Nucha-Nazaré-Melindra e Paula

Os homens estariam escondidos na fresca escuridão da casa de fora. O Rádio ligado. O MELINDRA no cadeirão de verga,..., o Rato ASSOBIANDO  modas de ocasião.

-Rapaz, cresce para um dia arranjares uma MULHER e teres filhos...

Hoje, e porque o MUNDO não acabou em dois MIL...

 com o ditado:- A MIL CHEGARÁS de dois MIL não passarás. 

-Dizem as profecias do BANDARRA que em 2000 as mulheres abraçam-se às ÁRVORES confundindo-as com homens, tal será a CRISE. 

Seriam conversas destas que me atormentavam os pensamentos, quando com uma cana tentava caçar morcegos com o ouvido à escuta das lengalengas das saias.

Cheguei à condição de PAI, por mais esforços que faça para me "PORTAR" bem, ser um PAI às DIREITAS, não consigo despir a pele do rapazito atento à VIDA, que nunca quis crescer. Esqueci ou na realidade nunca aprendi as minhas obrigações.
Lendo as palavras (existencialistas), sofridas  de Álvaro de Campos, o sentimento de culpa diminuiu  desta inadaptabilidade à condição de líder de uma família.

 


Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa,
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei-de pensar? 

"In, tabacaria, Pessoa e Campos"

Fiquei um pouco mais aliviado depois de "OUVIR" o Mestre Pessoa. Certezas porém,,só aquela,,,...  que não tenho certeza nenhuma.

Hoje, perdi muitas das "VERDADES" e até a FORÇA que sempre me caracterizou, a sociedade está violenta e fragmenta por egoísmos e lutas por direitos, escolhi a resposta do silêncio e do recolhimento, não esquecendo os caminhos cobertos de sangue de uma Europa sofrida da primeira metade do século passado quando os teus AVÓS seria da tua idade, foi esta Europa destruída  e carenciada, que trouxe até nós este mundo actual cheio de fartura. 
Europa hoje cansada e mergulhada numa CRISE de VALORES, onde o dinheiro é a génese de todos os conflitos.

Restam-me algumas reservas para um abraço ou uma palavra mais experiente, que transporto para os jovens com os quais lido diariamente, para ti,,,porque "leio" facilmente o FUTURO. O vosso FUTURO DIFÍCIL e OBSCURO. 
Não me apetece desistir nem um mm do KAMINHO que marquei na "PELE " um dia que decidi seguir esta profissão por AMOR e total dedicação. 
Ainda hoje "PORSUPUESTO" não faltaria às aulas para ir a correr para a MATERNIDADE,e conhecer uma parte de mim. 
Manias PARVAS que não me deixam enquadrar nos actuais contextos .  
Sei que me desculparás por esta falha.

Hoje dois de JUNHO, crescido e com vinte anos, não me fazes esquecer que também eu tenho mais vinte anos. Eu e todas as pessoas que nasceram antes de ti, todos fazemos anos contigo, companheiro da VIDA.

2013

TREZE anos depois do MUNDO NOVO depois do velho MUNDO ter terminados em 2000 MIL.

Como diziam as mulheres nas noites frescas da RUA NOVA.

Escreveu também BANDARRA o SAPATEIRO de TRANCOSO.Sobre NÓS NAÇÃO.

Profeta, poeta e sapateiro, de seu nome Gonçalo Anes e de alcunha Bandarra, perpetuou em trovas o futuro de Portugal. Para os que se interessam pelo porvir, confiram nas suas trovas sibilinas o destino que nos espera. Do passado, vos trago os respingos da sua odisseia com o Santo Ofício.

Trovas do Bandarra

Em dois sítios me achareis,
Por desgraça ou por ventura:
Os ossos na sepultura,
A alma nestes papéis.

Sou sapateiro, mas nobre
Com bem pouco cabedal:
E tu, triste Portugal,
Quanto mais rico, mais pobre. 

Sente Bandarra as maldades do mundo, e particularmente as de Portugal.

¹Como nas Alcaçarias
Andão os couros ás voltas,
Assim vejo grandes revoltas
Agora nas Clerezias.

²Porque usão de Simonias
E adorão os dinheiros,
As Igrejas, pardieiros,
Os corporaes por mais vias.

³O sumagre com a cal
Faz os couros ser mociços,
Ah! quantos ha máos noviços
Nessa Ordem Episcopal.

⁴Porque vai de mal a mal
Sem ordem nem regimento,
Quebrantaõ o mandamento,
Cumprem o mais venial.

⁵Tambem sou Official
Sei um pouco de cortiça
Não vejo fazer justiça
A todo o Mundo em geral.

⁶Que agora a cadaqual
Sem letras fazem Doutores,
Vejo muitos julgadores,
Que não sabem bem, nem mal.

⁷Borzeguins pera calçar
Haõ de ser de cordovães,
Notarios, Tabaliães
Tem o tento em apanhar.

⁸Vêlos heis a porfiar
Sobre um pobre seitil,
E rapar vos por um mil
Se volos podem rapar.

⁹Tambem sei algo brunir
Quaesquer laços de lavores:
Bachareis, Procuradores
Ahi vai o perseguir.

¹⁰E quando lhe vão pedir
Conselho os demandões,
Como lhe faltão tostões,
Não os querem mais ouvir.

¹¹Há de ser bem assentada
A obra dos chapins largos,
A linhagem dos Fidalgos
Por dinheiro he trocada.

¹²Vejo tanta misturada
Sem haver chefe que mande;
Como quereis, que a cura ande,
Se a ferida está danada?

¹³Tenho uma gentil sovela,
Com que cozo mui direito:
Se a mulher não desse geito,
Não olharião pera ella.

¹⁴Em que seja uma donzella
Nobre, casta e oradora
Ella he a causadora,
Do que acontecer por ella.

¹⁵Sei tambem mui bem cozer
Uns borzeguins Cordovezes;
Todos os trajos Francezes
Quemquer os quer ja trazer.

¹⁶Os que não tem que comer
Fazem trajos mui prezados,
Ficão pobres, Lazarados
Por outros enriquecer.

SABE-SE QUE NASCEU NO INÍCIO DO SÉCULO XVI, VIVEU MEIA CENTENA DE ANOS E LIVROU-SE, POR UM TRIZ, DE ARDER NA FOGUEIRA DA INQUISIÇÃO.

Eis ainda hoje o MUNDO IGUAL , (séculos depois).

O  mundo acabou mas para as pessoas que pelas noites dentro me ajudaram a crescer, recordo os seus rostos e as suas vozes, partiram de vez e ficaram em mim fruto dos seus ensinamentos.

Aprendia-mos OBSERVANDO e escutando,,, calados. 

E mais não digo por palavras. 
Escolho as imagens  de uma caminhada pela tua TERRA. LISBOA num SÁBADO fora de contexto, comigo FANTASMAS MIL de uma PORTUGALIDADE em DESESPERO.

Oito HORAS RUMANDO à SAUDADE, também eu quero que minhas cinzas fiquem nas terras que olham o TEJO por onde passaram LEGIÕES de SONHADORES como eu. Perdendo os SONHOS continuaram à procura de consolo e da não DESISTÊNCIA.

SÁBADO 25 de Maio 

PORTUGAL no SEU MELHOR

10.00Horas em Frente à PORTUGÁLIA

Arte para os corações 

  10.30

Museu do DESIGN- antigo edifício do Banco Ultramarino

Deslumbrante de qualidade e SÍNTESE...ESTRUTURA ARQUITECTÓNICA-MOSTRAS.
Para o POVO VER, entrada GRÁTIS-ali mesmo nas costas do Arco da RUA AUGUSTA

Viva PORTUGAL, apetece gritar.

 11 Horas Chiado

Escola Superior de Belas Artes, manhã de Sábado  de Trabalho na ESBAL
Parece MENTIRA!!!

 Permitam-me a ENTRADA, pertenço à "FAMÍLIA"!

...12.00H=RAS

Que SORTE a TUA RAPAZ filho do "NODI" Construtor.

Que sorte teres nascido com SORTE.

 Algures no CHIADO 12.30 Horas

Loja de KOISAS d´Antigamente 

12.45 Centro de Arte Moderna

14 Horas e alguns Minutos

Centro Comercial Colombo

O Mundo da POP e do BERARDO FIXÓLAS

16 HORAS
Álvaro o HOMEM e o POLÍTICO
...INTERESSAM-ME sempre os HOMENS. Pouco me importam as POLÍTICAS.

-O HOMEM que QUIS FICAR com as FLORES-

( Desenho de Armando Alves)

Pintura e desenho de Rogério Ribeiro

É minha vontade ser incinerado no forno crematório e que as cinzas sejam espalhadas na terra ou canteiros de flores do cemitério.

É também minha vontade, que peço ao meu partido, que no funeral não sejam pronunciados quaisquer discursos.

Álvaro Cunhal

Grande HOMEM até ao fim.

PALAVRAS SÁBIAS do Fim do PERCURSO, ou a inteligência da aprendizagem da VIDA...(...)

Génio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho génios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicómios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora génios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.(álvaro de Campos o tal amigo de PESSOA e do ÁLVARO).

LISBOA!!!EIS o TEJO e a BARCA à VELA....

CURIOSIDADES do CAVALEIRO que "OLHA o TEJO"

A Estátua pesa 35.245 Kg

Altura 6.93 metros

Fundida em 15 de Outubro de 1774

Por 12 operários

"GRACIAS" a LISBOA cidade MULTICULTURAL

para o meu filho que fez hoje 20 anos

e para o outro filho que fará mais 10 anos.

O VOO do TEMPO e de nós...

Mesmo FODIDA, como é BOA a PUTA da VIDA (...esta é do MEC)

SOMOS TUDO PORTUGAL.