LOBOS

Sou, na verdade, o Lobo da Estepe, como me digo tantas vezes – aquele animal extraviado que não encontra abrigo nem na alegria nem alimento num mundo que lhe é estranho e incompreensível

Herman Hesse

terça-feira, 29 de setembro de 2020

Para a Rica

 

 

...Que teve a coragem de saltar para o outro lado da  FRONTEIRA.

 


 

Absurdo

Os gestos de levantar, bonde, quatro horas de escritório ou de fábrica, refeição, bonde, quatro horas de trabalho, refeição, sono e segunda-feira, terça, quarta e quinta, sexta e sábado no mesmo ritmo… CAMUS.

 

 

Para uma melhor compreensão do absurdo é necessário fazer uma análise do próprio QUOTIDIANO. As loucuras do dia-a-dia, o corre-corre e a busca do sentido para as coisas e acontecimentos já são indícios do absurdo. O homem cria uma rotina de vida, uma enfadonha MONOTONIA e acaba deixando levar-se pelo absurdo, perdendo o sentido da sua EXISTÊNCIA. Exemplo disso é quando o homem começa a não dar mais importância aos fatos e acontecimentos em seu trabalho, com os amigos, na família…  tudo se torna comum, rotineiro. Outro ponto que ilustra o absurdo é o facto do homem já não conseguir  dar conta dos acontecimentos e tudo lhe foge da percepção, e ele mesmo constata que o mundo não tem sentido nem razão, e que a vida é absurda e fantasiosa.

Para Camus fica um questionamento essencial no desenvolver deste tema: “ O que é, com efeito, o homem absurdo? Aquele que sem o negar, nada faz pelo eterno. Não que a nostalgia lhe seja estranha. Mas prefere-lhe a sua coragem e o seu raciocínio” (CAMUS, 1942, p.85).  Seria então o homem absurdo aquele que consegue valorizar o seu espaço, que aprecia todo o seu contexto de vida, ou até mesmo aquele que busca uma vida desarraigada, e consegue valorizar tudo aquilo que tem? Sendo também um homem que não busca o que é supérfluo ou até mesmo não ambiciona o acumular de coisas e bens? Ou seria por outro lado para o homem absurdo difícil pensar ou tentar compreender o sentido da vida, onde a mesma está entrelaçada com o tempo? Desde o nascer até os dias em que vive?

Segundo a mitologia, o herói Sísifo foi condenado pelos deuses a realizar um trabalho inútil e sem esperança por toda a vida: empurrar sem descanso uma enorme pedra até o alto de uma montanha de onde ela rolaria encosta abaixo para que o herói mitológico descesse em seguida até a encosta e empurrasse novamente o rochedo até o alto, e assim indefinidamente, numa repetição monótona e interminável através dos tempos. Não tinha como objetivo a imortalidade, mas pelo contrário, o tempo e a multiplicidade, Sísifo empenhou-se com uma atitude positiva e criativa, e conseguiu uma vida de qualidade.

 

 

O Suicídio

Seria um meio de saída dessa MONOTONIA de vida o homem abandonar-se no suicídio, buscando assim a liberdade?

Por meio do suicídio o homem chegaria a uma falsa esperança de conseguir acabar com o absurdo. Para muitos, a morte é a única forma de fugir e sair do absurdo. Camus não nega que o suicídio seja um fenómeno social e o que importa é a relação entre o pensamento individual e o suicídio. Para Camus um gesto de suicídio acontece no silêncio do coração. O homem deixa consumir-se pelas irracionalidades e mata-se. Com esse gesto percebe-se que o homem encontra-se fora da lucidez e que deixou consumir-se com os resultados do absurdo.

… muitas pessoas morrem por considerarem que a vida não merece ser vivida. Outros vejo que se fazem paradoxalmente matar pelas ideias ou pelas ilusões que lhes dão uma razão de viver (o que se chama uma razão de viver é ao mesmo tempo uma excelente razão de morrer). (CAMUS, 1942, p.14)

Achar que a vida não merece ser vivida e deixar corromper-se pelas ilusões do absurdo, é a forma em que o homem começa a ser consumido pelo suicídio.

 

Buscar valorizar e criar sonhos para o futuro é uma forma de querer sair do absurdo, mas é necessário também criar coragem e buscar inovação e outros caminhos para as actividades diárias.Tendo consciência que o suicídio não é o único caminho para viver livre de uma monotonia rotineira.

 O absurdo e o suicídio: uma visão de A Camus-

Harley Lima

 


 

 

RICARDINA>>>1969 / 2020

https://coraoquesenteacordaterra.blogspot.com/2020/04/felicidade-e.html 

 

  Assim, eu extraio do ABSURDO três consequências que são: a minha REVOLTA, a minha LIBERDADE e a minha PAIXÃO. Apenas com o jogo da consciência transformo em regra da VIDA o que era convite à morte-e recuso o suicídio. (... a liberdade absurda-O MITO de SÍSIFO. Pág 47)Camus.