LOBOS

Sou, na verdade, o Lobo da Estepe, como me digo tantas vezes – aquele animal extraviado que não encontra abrigo nem na alegria nem alimento num mundo que lhe é estranho e incompreensível

Herman Hesse

domingo, 12 de fevereiro de 2012

ONTÁGORA



FEVEREIRO 11 de 2012

A Imagem inicial transporta-nos à PARTIDA para um ASSUNTO MACABRO,,,PURO ENGANO!  Este vai ser mesmo um ARTIGO FUNDAMENTAL na ESTRUTURA deste meu ESPAÇO que, ainda que VIRTUAL, é um LOCAL onde canalizo todas as SENSAÇÕES e EMOÇÕES quando intervenho não perdendo de vista a PARTILHA com o MUNDO. Na REALIDADE, o que me motiva é o catalogar de recordações. Sempre o fiz e, de tanta "EXPOSIÇÃO", naturalmente me repito não só em frases como em imagens. Por vezes também poderei passar  uma imagem "ENGANOSA" de vaidade ou complexo de SUPERIORIDADE. Exibicionismo de tantas fotos pessoais. Nada disso! Tudo se RESUME à GENEROSIDADE e à procura de ferramentas para me explicar melhor. Tiques de PROFESSOR que foram aperfeiçoados com o passar das décadas.
 

 DEMOCRACIA HOJE
 
Estamos sempre a aprender e os tempos ensinaram-me que o verdadeiro sentido da palavra DEMOCRACIA foi, com o passar das décadas, enterrado no lamaceiro da GULA, ambição e maldade humana. Jamais haverá um sistema POLÍTICO onde exista uma verdadeira DEMOCRACIA, onde todos sejamos tratados da mesma forma e onde deveríamos juntar forças para cumprir os deveres e elevarmos a justiça ao patamar dos DEUSES.
O SISTEMA que mais se aproximou da perfeição e do sentido puro da DEMOCRACIA foi o PENSAMENTO ANARQUISTA.

 Diz em TEORIA:

Para os anarquistas, Anarquia significa ausência de coerção, e não ausência de ordem. Uma das visões do senso comum sobre o tema é na verdade o que se denomina por "anomia", ou seja, ausência de leis. Existe em torno desta questão um debate acerca da necessidade ou não de uma moral anarquista, ou se a natureza humana bastaria por si só na manutenção pacífica das relações.
As diferentes vertentes do anarquismo têm compreensões diferentes quanto aos meios para a abolição dosgovernos e quanto à forma de organização social que disso resultaria. (Fonte, Anarcopédia)
Também não é o sistema perfeito. Anarquia foi "Vendida" ao CONHECIMENTO dos menos esclarecidos, como um sistema caótico,  em que todos poderiam fazer o que bem lhe apetecesse, para o bem e para o mal. 

 
Esta introdução tem como finalidade deixar claro que,  ainda que virtual e "CAÍDAS do CÉU", as novas formas de comunicação entre as QUAIS e a maior...esta, a INTERNET, é o LUGAR mais democrático a que qualquer ser humano ou sociedade na história HUMANA teve ACESSO. Existe espaço para a pluralidade e para todas as CORES, ideias e FORMAS de VIDA.É um LUGAR apetecido para os sistemas POLÍTICOS controlarem  as "MASSAS".  Felizmente até hoje não o conseguiram mas Têm tentado.
Dessa FORMA, ainda que de uma FORMA VIRTUAL, podemos ser tudo o que queremos AQUI e passar aos outros tudo o que achamos de interesse, onde a PARTILHA tem sempre um OBJECTIVO de ENRIQUECIMENTO cultural. É ISTO que pretendo neste ESPAÇO e é com esse objectivo que escrevo mais este artigo.



ONTÁGORA
PONTÁGORA fui VER...ou fui a determinado sítio.

Desta vez acordei e pus-me a pensar; mas onde raio desenterrei este "ontágora". Alguém me perguntou o que era isso do ONTÁGORA, e Aí vi-me na OBRIGAÇÃO de reflectir sobre a situação e esclarecer o assunto até para mim que continuava  sorrir. Sorri todo o santo dia. E sorri de uma forma feliz porque essa era uma das palavras mais utilizadas nos diálogos entre nós GAIATOS do ALENTEJO, SERÁ??!
Continuei pelos TEMPOS a empregar o TERMO até ao momento em que fui acordado e tive que explicar.

Bem, (HE, HE,,,) QUER dizer que foi há um tempo não muito longe deste momento. Explicando melhor, são agora 13h e 12 min. ONTÁGORA, aí para as 9 da manhã.Percebes???!

AMOR FATAL


HUMILDADE no RECOMEÇO

Como animais ERRANTES caminhamos todos em FILA INDIANA a caminho da "ARCA" que nos LEVARÁ para a ETERNIDADE.

RECORDANDO!!NOMES de SANGUE comum.

1640
José Rodrigues
Maria Gomes
Manuel Rebola
Maria RODRIGUES
Manuel Rebola
Josefa Maria
1700
Manuel Alvares
Isabel Maria
Manuel Martins
Ana Maria
Manuel Martins
Maria Martins
1735
Manuel Mendes
Francisca Maria
Jerónimo Rebola
Ignez Maria
António Godinho
Dionisia Joana
José da Silva
Felisberta do Nascimento
1800
Joaquim José Ramos
Bernardina Maria
António Lopes 
Constantina de Jesus
António dos Santos
Maria Ignácia
Matias da Silva
Maria do CARMO
José Francisco
Bernarda maria
Manuel Alves
maria Joaquina
João Silveiro
Ana Eufrásia
Silvestre Pereira
Isabel Ignácio
Clemente José
Ana Maria REBOLA
António Capalinhos
Eugénia Francisca
João Martins
Ana Maria
José da Silva
Antónia de Jesus
Cristóvão Godinho
Mariana de Jesus
Luis António
Ignácia Teodora
Manuel do nascimento
Angélica de Jasus
Joaquim Lopes
Jerónima Rita

1840

Joaquim José Ramos
Balbina Rita
José Ferreira
Antónia Silva
Manuel José
Joana Rita
Ignácio Silveira
Maria do Rosário

Caetano Pécurto
Matilde Maria
Joaquim Paulo
Rosa Cândida
António Godinho
Gertrudes do Rosário
João António Cardoso
Rita Miquelina

1841
Joaquim José Ramos
Maria de Jesus
Miguel Francisco
Antónia Rita
Francisco Espadanal
Francisca da Conceição
Claudino GODINHO
Ana Rita de Jesus

1869

Joaquim José Ramos Júnior

Ignácia de Jesus Silveira
(Bisavós do lado do AVÔ VENTURA)
1900


Miguel Raminhos 
O POETA e o ARTISTA
Morreu em FRANÇA na 1ª Grande Guerra

Deste TIO chegara-me notícias de múltiplos talentos nas ÁREAS das ARTES, da POESIA e do cantar do FADO.
Chegaram-me também estes VERSOS para um Fado da sua AUTORIA.

Fado Português 

O Fado Linda CANÇÃO 
Nasceu pra ser PORTUGUÊS
No Entanto há quem o cante
No TERRITÓRIO Francês

Não sei como golozar
Esta quadra tão BELA
Com a minha MUSA SINGELA
Já não me quer AJUDAR

Para vos poder agradar
Vou com GRANDE DEVOÇÃO
pedir a INSPIRAÇÃO
E à GUITARRA minha AMANTE
Que acompanha cada instante
O fado Linda CANÇÃO

Sinto-me fascinado
Quando oiço algum Fadinho
cantado muito Baixinho
Pela MUSA ACOMPANHADO

Nada mais lindo que o Fado
mas eu não sei quem o FEZ
Ouvi dizer uma vez
Que o Fado SENTIMENTAL
É FILHO de PORTUGAL
E nasceu pra ser Português

Quem Canta Fado D´AMOR
Só TRISTEZAS tem no PEITO
Um SONHO talvez DESFEITO
Pla Mágoa e Pla DOR

Só um TRISTE SONHADOR
Ou um MALFADADO AMANTE
Acompanha a cada INSTANTE
Uma Doce MELODIA
Mas o FADO de Alegria
No ENTANTO há quem o cante

GUITARRA MINHA ADORADA
COMPANHEIRA de AMARGURA
Em DIAS de DESVENTURA
Tão LONGE da Pátria AMADA

GEME GEME EMBALADA
Ainda mais uma vez
Para que fuja à REVÊS
Que nos tem ACOMPANHADO
E TRINA TRINA ó TRISTE FADO
Em TERRITÓRIO FRANCÊS

O FADO NASCEU PORTUGUÊS.

(Testemunho dado pelo meu TIO Joaquim Manuel, que sabe este fado na ponta da Língua)

João Lopes Espadanal

Avó AUGUSTA-Bisavó Maria de Jesus-?-Bisavô João Lopes
Francisco Espadanal-João Espadanal o AVIADOR-Manuel Espadanal
Maria de Jesus Godinho



João Espadanal (O AVIADOR )



Ventura Ramos
1894


 
Maria Augusta Espadanal
1899

1926
1931
João Miguel Ramos
Júlio Ramos
Maria Luísa Ramos
Joaquim Manuel Ramos

1950
Joaquim Manuel Ramos
Álvaro Espadanal ramos
Francisco Ramos

1970
Hugo Ramos
Susana ramos
Júlio Espadanal Ramos
Catarina ramos
Guilherme Espadanal Ramos

2000

Maria do carmo Norte Ramos
Maria Leonor Norte Ramos
Maria de Lurdes Ferreira Norte Ramos

A Estes Nomes Juntarei OUTROS com a mesma IMPORTÂNCIA:
São Bento do Ameixial,-Santa Vitória do Ameixial-Santo André de Estremoz-Frandina- Manporcão-Vila Boim-Orada-Arcos-S.to Estevão-Sousel-Santarém-Lisboa e castelo branco.
Estes foram os PONTOS onde esta GENTE Nasceu, cresceu e VIVEU ramificando as famílias. 

 É quase um JOGO macabro estar a EVOCAR todos estes ESPÍRITOS mas  a intenção tem LÓGICA...esta é a MINHA FAMÍLIA desde 1650. São só nomes, foram em tempos PESSOAS, FAMÍLIAS, SORRISOS e DORES. FORAM trabalho e construção das localidades. Umas longe das outras. Misturaram porém o seu sangue para HOJE eu estar aqui a dar a NOTÍCIA, a evocar os tais ESPÍRITOS. Bastava um dos nomes não existir e todas as pedras seguintes não estariam neste registo. Pensar desta forma é analisar com os pés na TERRA a nossa PASSAGEM por este PLANETA magnífico. Um PRIVILÉGIO ter nascido.



TUDO ISTO FOI ONTÁGORA!!
 
E passaram quase 400 ANOS.

 Nos TERRITÓRIOS da M.L.E.R
São estas 4 letras que servem de ponto de partida para a homenagem que quero fazer a esta PERSONAGEM que preencheu a minha vida até hoje e  irá fazê-lo até ao dia que a minha consciência deixar de funcionar.
Já fiz várias tentativas para isso nas mensagens que escrevi desde o início do BLOGUE-evidenciei factos e qualidades desta pessoa. Utilizei palavras de poetas para melhor adornar a sua presença no meu coração. Mas nunca até hoje a individualizei e lhe fiz o destaque merecido.
A SENSAÇÃO mais forte é a de um AMOR FATAL




  Glitter Graphics


Esse adjectivo tem a ver com a ABRANGÊNCIA que teve até hoje em todas as minhas atitudes, pensamentos e EMOÇÕES. Nada é feito sem evocar o seu ESPÍRITO e nunca nada de muito grave se fez por respeito ao nome e MEMÓRIA de M.L.
O pedaço da vida que aqui vou recuperar é o que menos conheço já que ainda não era vivo. Foi novamente um elevado número de fotografias que permaneciam intocáveis numa caixa que serviram de impulso para completar aquilo que há muito tempo desconfiava que não estava terminado. Devia-lhe isto. Tratá-la como o tenho feito com outros nomes que constam deste ESPAÇO.


M.L. 1928

M.L. nasceu em 1926 na FRANDINA. Tinha nas suas costas o grupo de nomes já descritos em cima e quase todos eles ligados ao trabalho do CAMPO - MELHOR dizendo: - Ao TRABALHO!
A mãe faleceuquando ela tinha 11 anos e mais 3 irmãos. Foram todos separados por várias casas de familiares. Começando aí a verdadeira luta heróica pela sobrevivência. Aprendeu. Reconheço nela essa faceta de SÁBIA LUTADORA que sempre a caracterizou, exigente. Implacável nas suas atitudes. Generosa com toda a gente mas essa era a parte que eu conheci na segunda metade da sua vida.



O antes só os mais velhos me poderão falar e já não existem muitos. E também estas fotos que tenho em mãos me poderão desvendar alguns segredos...poucos.
Servem, no entanto, para repor a verdade que ela foi criança e JOVEM. Nas linhas do seu rosto lia-se já a tenacidade que sempre lhe conheci.





ML-João Miguel-Vitória-Maria Luisa 
1930

Estas CRIANÇAS não TIVERAM, tal como todos nós tivemos, muitas oportunidades para a BRINCADEIRA. Foram, no entanto, à ESCOLA. Lembro-me desses testemunhos quando ela me falava das poucas brincadeiras do tempo de menina a mais apetecida a de fazer escorrega nas escadas da Câmara e as traquinices no caminho que os levava à GRANDE CIDADE nos dias de MERCADO. Eram OBRIGADAS a saber pensar e ESCREVER com letrinhas bem desenhadas. A Organização ESCOLAR no Estado Novo estava a dar os primeiros passos. Era a "TI PROFESSORA " que comandava este GRUPO de PURAS ALMAS. Tenho em Mão a prova de exame da passagem da PRIMEIRA para SEGUNDa CLASSE. Vejam a evolução que tinha uma CRIANÇA no ESPAÇO de 1 ano a frequentar a tal ESCOLA RIGOROSA de MÉTODOS. 

 




O Pai da MARIAZINHA deu-lhe uma caixa de Lápis de côres-AZUL AMARELO  VERDE BRANCO VERMELHO

Nestes tempos M.L. ainda vivia na segurança da FAMÍLIA, entre os irmãos. Todos ajudavam na ORGANIZAÇÃO e tarefas de uma casa com muitas condições. O PAI era CORTICEIRO, a Mãe  tratava de Quatro filhos e tinha nesta altura trinta e poucos anos. AUGUSTA!!

Esta Senhora especial foi para mim, até HOJE, um Símbolo. Não a conheci. Seria anormal   ter o PRAZER de conviver com ela. Augusta nasceu numa FAMÍLIA de AGRICULTORES com TERRA no ALTO ALENTEJO. Tinha um IRMÃO que era AVIADOR e foi dessa forma que veio a FALECER numa aula de instrução de voo. Este, acrescento à conversa para dizer que há FAMÍLIAS que são marcadas pelo FATALISMO desde o INÍCIO  ainda quando esse GRUPO está no AUGE das suas aspirações. Este SENHOR morreu com 27 anos e a irmã poucos mais anos durou.
Augusta, quando partiu aos 39 anos deixou 4 filhos pequenos -  minha MÃE tinha onze ANOS e todos eles a partir desse MOMENTO-FATAL percorreram as passas do ALGARVE para conseguirem SOBREVIVER de uma FORMA HONESTA neste MUNDO DIFÍCIL.
Esta SENHORA, a quem LAVEI os RESTOS MORTAIS e os depositei JUNTO com o CORPO de MINHA Mãe, foi um dos PRINCÍPIOS de MIM como ser HUMANO.
O mais IMPORTANTE desta divagação é deixar bem PRESENTE que na BREVIDADE de sua VIDA ela iniciou a sua VIAGEM na MONARQUIA...cresceu na  República e MORREU no AUGE do Estado Novo FASCISTA. Naturalmente, absorveu todos estes "EVENTOS" sem vacilar nem tomar partido, especialmente de nenhum. VIVER TRABALHANDO, respeitando mesmo quando não se está de ACORDO.




Maria Augusta ESPADANAL
1899/1938


Não poderei esquecer a Senhora AUGUSTA como JAMAIS ESQUECEREI:
-VIRIATO e a M.L. para quem estou a escrever este ARTIGO


M.L.1938


 Falei com ela destes tempos, a seguir à morte da MÃE, onde me contou que todo o seu mundo RUIU e foi OBRIGADA a crescer.  Foram separados os irmãos e ela foi para casa de uma TIA - casa de AGRICULTORES e criação de GADO. Começou também aqui a BRILHAR a sua estrelinha da INTELIGÊNCIA,. Era ELA que fazia a CONTABILIDADE da venda dos produtos e do GADO nas feiras. Foi a ESTRELA desta nova FAMÍLIA.

M.L.1939
Com Zé da  loja pai do Saramago-Maria do Fetor

 Chegou-me aos ouvidos que era uma RAPARIGA de Fibra e que não dava grande esperança ao elevado número de PRETENDENTES.
Mas tinha nesta altura um GRANDE AMOR, tal como todos nós ficamos marcados por algum que choca contra a nossa testa e nos deixa abananados. O seu GRANDE AMOR, por testemunhos a meia voz que me chegaram, tinha nome de FRUTA e vivia nos seus TERRITÓRIOS. Quis o DESTINO, este também como quase todos os DESTINOS, que não desse certo e foi "roubada" por um FORASTEIRO que numa BICICLETA a CONQUISTOU. Forasteiro esse que deixou também o seu grande AMOR depois de um namoro de 8 anos. Como poderia dar certo este ENLAÇO se duas pessoas deixaram os seus VERDADEIROS AMORES para "FUGIREM" numa BICICLETA para uma terra distante.
Foi Casamento que se aguentou, mas sempre em TUMULTO VIVEU,. Eram outros TEMPOS onde a PALAVRA valia o seu peso.





O Homem da Bicicleta

Que um DIA em cima de  um TELHADO e numa conversa de brincadeira quis trocar a sua IRMÃ VITALINA  pela IRMÃ do JÚLIO... MARIA Luísa. Deus quis que assim fosse, mas só de uma das partes. Vitalina FICARIA no ZARCOS e casaria com um JOVEM de BORBA.
O Negócio ficou desta vez por metade.




VITALINA a linda rapariga, moderna que andava de  bicicleta

 ML chegou ao ZARCOS no fim dos ANOS 40 ou início de 50. Era uma MULHER DIFERENTE, COLOSSAL em atitudes e na forma de  como se APRESENTAVA. Os seus vestidos às FLORES faziam inveja assim como os SEUS cabelos negros.
O" POBRE" FILHO do PEDREIRO ALGARVIO tinha encontrado em terras distantes uma JÓIA de SABER e BELEZA.



M.L. nos Anos 50
E Foi em 1956 que M.L. se TRANSFORMOU na MINHA Mãe.

AMOR FATAL



Homenagem feita pelo seu NETO JÚLIO ESPADANAL RAMOS


MARIA LUISA ESPADANAL RAMOS

Nasci na Rua Nova para onde se mudaram. Sei que quando casaram foram viver para os ALTOS(...como ela dizia), no MONTE do MADEIRINHO. Nasci já tarde, depois de algumas tentativas falhadas. Lembro-me há muitos anos das palavras do Cardoso o "CEGO", ele sabia todos os SEGREDOS das MULHERES da RUA NOVA, vivia no seu convívio... apanhava-as TODAS como se diz na GÍRIA e também, como ele disse, foram "alguns" para o "BALDE", referia-se às mulheres da Família entre as quais minha mãe.
Já referi a vida na casa do número 55 em vários artigos deste BLOGUE. Muita coisa poderia acrescentar, mas fico-me pelas mais  importantes. Entre essas as VIRTUDES que sempre acompanharam a minha esta SENHORA. A SABEDORIA na relação como os outros. Como ela dizia,:-TEMOS que saber VIVER!
Esse AMOR, a que chamo de FATAL, ainda  é hoje um SENTIMENTO PROFUNDO. A palavra FATAL tem aqui um SIGNIFICADO com um peso de UNIVERSALIDADE e de relação Biunívoca quase sempre dolorosa. Uma dor ASSUMIDA e VIVIDA. Penso que aconteceu desta forma por vários MOTIVOS,  (..Não SERÁ  sempre o VERDADEIRO AMOR um SENTIMENTO com rastos de DOR??!), Eu transformei-me na verdadeira e derradeira OBRA de uma Lutadora que teve que fazer pela vida a partir dos 11 ANOS. Foi uma CONSTRUÇÃO dura o crescer e fazer-me homem na sua ÁREA de ACÇÃO. Ainda o é hoje na FORMA em que continuo o percurso dela na exigência, "combate" e procura da rectidão. Porém, não tenho uma das características ou algumas… mais preciosas de MINHA Mãe; o tal saber VIVER com os OUTROS. Sou uma PESSOA que quase sempre vai em FRENTE com o CORAÇÃO sem fazer uso da RAZÃO. 


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Isso trouxe-me, até hoje, uma salgalhada de problemas no relacionamento com o SOCIAL. Maria LUISA sabia contornar esses obstáculos e dava-se bem na generalidade com GREGOS e TROIANOS mas todos temos que seguir o nosso próprio CAMINHO.
O Tal AMOR FATAL-DEPENDENTE tem sido até hoje o meu sustentáculo de VIDA e acompanhar-me-á até ao fim. Continua comigo a sua voz distante a ajudar-me a fazer as ESCOLHAS, a ser HONESTO e a pensar por MIM. A ELA, e à sua INTELIGÊNCIA, devo tudo o que tenho e sou HOJE, não esquecendo o TRABALHADOR meu PAI.  Com ela aprendi a não ter MEDO, a ir VISITAR os MORTOS, a lavar os ossos dos ANTEPASSADOS. Aprendi algo extraordinário que nestes TEMPOS me tem dado muito GEITO-SABER POUPAR, nunca mas nunca desejar algo sem ter dinheiro para o adquirir...Os POLÍTICOS da "DEMOCRACIA", teriam muito a aprender  com esta mulher. HOJE, não estaríamos  de TANGA à BEIRA do ABISMO.
Aprendi que ajudar o PRÓXIMO é GESTO cheio de recompensas duradouras. Aprendi o VALOR do TRABALHO e de SABER fazer as coisas BEM FEITAS.



Maria do Carmo e Maria Luisa-1982 


Um SER SOCIAL

Era ELA no FORNO da RUA NOVA a ser a CHAMADA para TEMPERAR os ASSADOS das VIZINHAS. Ninguém o sabia fazer como a MARIA LUISA. Era ELA, também, que era chamada para vestir alguns dos MORTOS com a sua ÚLTIMA ROUPA pois os familiares não tinha coragem para o  fazer. Foi a GRIZÉUA (...ALCUNHA que ganhou com o CASAMENTO) que apoiou fielmente e  SEMPRE a DONA CABACINHA em 3 décadas de viuvez.
É difícil imaginar alguma coisa que a minha mãe não soubesse fazer BEM FEITO.
Por cá deixou tudo, o seu SABER, a SUA GENEROSIDADE nas acções e os RESTOS que descansam no seu LUGAR de ELEIÇÃO-ESTREMOZ, sempre me PEDIU  para a levar para perto dos SEUS. E EU CUMPRI com ORGULHO...o dia que ela  partiu de vez, foi dos mais felizes da minha VIDA. Ninguém GOSTA que o seu AMOR SOFRA e ela sofreu nos LIMITES nos últimos anos da sua VIDA. Foi a paga por todo o BEM que fez nos setenta e poucos anos que viveu entre nós.



Hoje TENHO SAUDADES da sua voz, dos seus conselhos e até dos seus GRITOS irados de quando eu era CRIANÇA.




    O MENINO GRANDE   
     Também eu, também eu,  joguei às escondidas, fiz baloiços,  tive bolas, berlindes, papagaios,  automóveis de corda, cavalinhos...  Depois cresci,  tornei-me do tamanho que hoje tenho,  os brinquedos perdi-os, os meus bibes  deixaram de servir-me.  Mas nem tudo se foi:  ficou-me,  dos tempos de menino,  esta alegria ingénua  perante as coisas novas  e esta vontade de brincar.  Vida!  não me venhas roubar o meu tesouro:  não te importes que eu ria,  que eu salte como dantes.  E se eu riscar os muros  ou quebrar algum vidro  ralha, ralha comigo, mas de manso...  (Eu tinha um bibe azul...  Tinha berlindes,  tinha bolas, cavalos, papagaios...  A minha Mãe ralhava assim como quem beija...  E quantas vezes eu, só pra ouvi-la  ralhar, parti os vidros da janela  e desenhei bonecos na parede...)  Vida!, ralha também,  ralha, se eu te fizer maldades, mas de manso,  como se fosse ainda a minha Mãe...
  Sebastião da Gama


Todos estes ACONTECIMENTOS, todas estas PESSOAS, viveram ONTÁGORA, não muito longe de AGORA. DE MUITOS deles nada ficou mas sem ELES eu não estaria aqui a perpetuar os seus passos , o seu (K) ...aminho SOBRE a TERRA. Uma IMENSIDÃO de GERAÇÕES misturaram o SANGUE para continuarmos sobre este planeta a FAZER HISTÓRIA. Com um pouco mais de TRABALHO, com toda a certeza, iria descobrir que somos todos IRMÃOS, PRIMOS, PAIS, Mães e FILHOS um dos outros. Uma FAMILIA com ESPERANÇA.

PARA a MINHA Mãe com AMOR ETERNO e FATAL


 
...Não me arrependo de nada,,,tenho ORGULHO de TUDO e de TODOS....
ONTÁGORA, foi há tão pouco TEMPO...

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