LOBOS

Sou, na verdade, o Lobo da Estepe, como me digo tantas vezes – aquele animal extraviado que não encontra abrigo nem na alegria nem alimento num mundo que lhe é estranho e incompreensível

Herman Hesse

quinta-feira, 6 de julho de 2023

A IMPORTÂNCIA das importâncas

 Carta (14) para  a Natividade Oliveira.

BY (K)ULTURE 3

 NOME de LARGO

A IMPORTÂNCIA das importâncias.

CONQUISTA da DIGNIDADE

Confesso que desta vez fiz batota (...)


« Gosto de abraçar os desafios  sob pressão, seguir deixar-me ir pelo rio , na força da corrente que me leva os pensamentos.»

 

HOJE É TEMPO de REFLECTIR e avançar com cautela. 

HOJE É O TEMPO! >< ARRASADOR/ARRASADORA.

 

«Amiguinho, estamos em pleno séc. XXI, fala-se muito na Globalização e nós professores sentimos que aos nossos jovens lhes falta uma educação para lidar com as dificuldades e sacrifícios inerentes à vida. Não lhes é fornecida no lar, na escola, nem na sociedade a noção de exigência do sacrifício, da beleza da luta, da alegria da conquista e da vitória sobre si mesmo para se alcançar um ideal. Os nossos pais, ainda que dotados de fraca escolaridade souberam transmitir- nos esse saber experiencial. Falando de atualidade constatamos que para os nossos alunos e não só perder um telemóvel é pior que perder os seus valores. A casa de banho virou estúdio para fotos, lugar perfeito para check in. Séc. XXI, onde homens e mulheres têm mais medo de uma gravidez que do HIV, onde o serviço de entrega de pizzas é mais rápido que uma ambulância, onde as roupas decidem o valor de uma pessoa e ter dinheiro é mais importante do que ter amigos ou até mesmo uma família...»Natividade Oliveira,junho 023.


 



ahhhh ahhhh ahhh!verão…deslumbrou!!

só podia, deslumbrar é o termo mais badalado nos verões…

verão é excesso, é irresponsabilidade… é no verão que começam os namoros intensos que só durarão até à segunda semana do outono (no calendário). Neste verão(COMO NOS ANTERIORES) morrerão afogados estupidamente dezenas de jovens em charcos, praias não vigiadas e etc e tal.

É no verão  que nas despedidas de solteiro (uma aberração esta invenção) o noivo cai dum quarto andar e morre morrido ali mesmo sobre a calçada gasta de uso. É também no verão que entram os negócios milionários dos fogos nas florestas- os repetidos acidentes nas estradas 1200. É também no verão que eles e elas se despem para a fotografia.

É NO VERÃO QUE SOMOS TODOS IMPORTANTES (>><!!)+ (...).VAMOS APROVEITAR , TUDO TERMINARÁ EM SETEMBRO COM A CHEGADA DOS DIAS CURTOS.

 

 

 

HOJE ( JULHO NASCIDO) É O TEMPO DE  VIVERMOS O PRESENTE , SÓ O PRESENTE E ESQUECERMOS TODOS OS MUNDOS PARALELOS   HABITAM EM TODAS AS LATITUDES, NOSSOS VIZINHOS MAS AOS QUAIS SOMOS INSENSÍVEIS. 

 

-DOS VESTIDOS, DAS BARRIGAS , E DAS MAMOCAS. DOS TRASEIROS AVANTAJADOS E DOS CONFRONTOS DIGITAIS. DAQUELES QUE VOMITAM O FÍGADO MISTURADO COM AS COMEZAINAS DA MADRUGADA.

  NESTE ÚLTIMO DIA DA VIDA   RECUEI ATÉ 2009/ 2010. Início dos mergulhos neste lago das redes sociais. Deslumbrante  e motivadora (...para um KRIATIVO) a nova ferramenta  nos domínios da comunicação e na organização das memórias. O «CORAÇÃO que SENTE a COR da TERRA» foi um dos 4 espaços digitais que abracei e dei o melhor de mim. Entrei também " com tudo" no FUÇAS e depressa desisti. Dez anos depois regressei abrindo uma porta, descobrindo motivos para retomar a comunicação. FÁTIMA BORRALHO foi importantíssima nos domínios da motivação, pois «HABITAVA UM VASTO MUNDO» TINHA MEMÓRIAS e  herdou um espólio riquíssimo de seu pai João.A grande multidão de aderentes ao fuças é composta por pessoas nascidas muito depois destes acontecimentos semanalmente narrados, evocados em imagens  de um tempo que o zarcos fervilhava de gente e de simplicidade. 

  Quereis descansar das fúteis importâncias do VERÃO -23?

  Então votem para que o Rossio , o nosso ROSSIO onde gerações rasgaram os joelhos, aconteceu cultura , onde permanecem memórias  de antes e depois da electicidade, das estradas alcatroadas  e do vertiginoso passar do tempo. 


rossio JOÃO PÉCOXINHO

HISTÓRIAS do LARGO-FIGURAS IMPORTANTES

O LARGO-JOÃO PÉCOXINHO
 
"Se depois de eu morrer. quiserem escrever a minha biografia, não há nada mais simples.Tenho só duas datas : a de minha nascença e a de minha morte. Entre uma e outra todos os dias são meus......."

 Quem melhor que Fernando PESSOA para resumir em poucas palavras o SENTIDO da VIDA de um HOMEM  GENIAL.

 
"JOÃO PÉCOXINHO"
O HOMEM, o TRABALHADOR, o MÚSICO, o HUMANISTA , o ARTISTA 
e o PACIFISTA
-UM HOMEM POSITIVO-
 

João Manuel Borralho Pécoxinho
Nasceu a 16 de Abril de 1933 e faleceu a 24 de Março de 1993
 

"João Pécuxinho", aqui estou eu novamente a esgaravatar nos ricos territórios da história. A Escrever sobre uma personagem que recordo muito bem..
O  tenho eu? o que me  habita? que palavras gravadas na minha memória, que, sirvam para honrar esta personagem multifacetada do ZARCOS? A primeira, e de imediato, uma  certeza(!!) : Que...se o JP estivesse aqui à minha beira, e lhe dissesse que estava a iniciar um artigo sobre a sua vida,  a sua resposta natural  não seria formulada pelo som das PALAVRAS; a resposta viria com  a forma de um SORRISO. Sorriso desenhado na BOCA e sorriso clareado pelo brilho dos seus olhos. Esta era a imagem de marca que me ficou desta figura esquia de braços pendentes que descia diariamente a estrada ao lado do ROSSIO. O seu perfil elegante, terno e apelativo, tinha sempre um destino na sua calma caminhada:O servir o próximo. Como todos os ARTISTAS e HOMENS de CULTURA, MESTRE JOÃO, tinha sempre todo o tempo do mundo para fazer qualquer coisa, depois de despegar do serviço (SERVIÇO, trabalho- a mesma coisa-o meu PAI dizia muitas vezes esta palavra). Nos anos posteriores à 2ª Guerra Mundial as actividades culturais das ALDEIAS, como a nossa, estavam entregues à improvisação e à espontaneidade dos grupos de trabalhadores/as, os trabalhos da ceifa e da apanha da azeitona seriam com certeza motivo para fomentar o gosto pela alegria e a brincadeira. Bailes, cantares à desgarrada e encenações tímidas de teatro, tiveram origem nestes GRUPOS de trabalhadores. 
O Mestre João esteve desde a primeira hora envolvido de ALMA e CORAÇÃO em todas as actividades culturais da nossa terra. A prova desse AMOR e dedicação, é um ÁLBUM de fotos e MEMÓRIAS que deixou para a posteridade, sem toda esta organização, muito dos registos que tenho no "Coração cor da TERRA", ter-se-iam perdido.

 

Este homem foi um ARTISTA-MULTIFACETADO. A música, a sua grande PAIXÃO, tal  como, servir a sua terra com dedicação e sem pedir nada em troca. Como todos os verdadeiros seres humanos,  altruísta e desinteressado por louros ou outro tipo de glórias, João Pécoxinho, era presença constante no TEATRO, nos RANCHOS e no GRUPO-Musical. FOI aqui que ainda tive o prazer de o ver em ACÇÃO. MUSA-SANTAR, este grupo musical foi o prolongamento da ORQUESTRA ARCOENSE e dele faziam parte, além dos MESTRE JOÃO-O VARANDINHAS, o Mestre TÁTA e o ZÉ Carvalho (FODRICO). Penso que foi esta a última actividade cultural do João PÉCOXINHO. Já estava a chegar aos limites da resistência, no princípio dos anos 80 começava a dar mostras de fadiga, penso que foi o início da sua doença.

 

 

Grupo de Teatro em 1958
Na parte posterior desta foto está escrito o seguinte:1958= a VILA VIÇOSA= A Céu azul de Portugal
Representado na Casa do Povo de Arcos e no dia 9 de Março  em Cabeção, e no dia 20 de Abril 
também em Cabeção, no dia16 de Março em Vila Viçosa, Música Manaças e Orquestra de Arcos.
João António Henriques

REGISTOS e FACTOS 

NOMES que FIZERAM HISTÓRIA

  Tive o prazer de assistir a alguns ensaios do grupo no antigo Casão do NUNES, MJ sempre pontual e sem qualquer tipo de primazia ou vaidade, mantinha-se  sempre sereno e compreensivo nos diálogos que se estabeleciam entre o GRUPO, para escolha desta ou daquela música. Só quando solicitado tomava a palavra e sempre com a elegância que sempre o caracterizou.

 
  Como todos nós, João Pécoxinho teve uma história. Talvez esta a mais importante-a HISTÓRIA da VIDA, a FAMÍLIA e as lutas diárias para conquistar a DIGNIDADE. Penso que todas estas personagens, que nos antecederam, tinham  na sua MENTE  a conquista desse pó mágico só conseguido com suor e persistência.
Esta DIGNIDADE referia-se não só à SOBREVIVÊNCIA pessoal e da FAMÍLIA mas, também, da própria COMUNIDADE onde estavam inseridos. Este SENHOR, além de ser  o ROSTO de todos os ADJECTIVOS escrito neste tributo;  tenho a certeza que por mais gente que o conheceu, foi um HOMEM de Família, um lutador e um VENCEDOR!...como todos os " HERÓIS da HISTÓRIA", JP foi um Humanista, defendeu causas e pessoas. Ajudou muita gente necessitada...tendo mesmo uma predilecção pelos marginalizados da sociedade. A história do Gatorro é emblemática da bondade deste homem e de toda a FAMÍLIA Pecuxinho. Foi ele que levou o Gatorro para o hospital e foi ele  que pagou o funeral e o acompanhou até à sepultura, com a sua filha por companhia. Pela casa de MJ, e dos seus pais, passaram foragidos da GUERRA de Espanha (... o menino ESPANHOL). Ao dar-lhe guarida arriscou, e muito, a sua imagem vivia-se  num tempo de repressão e de grande controle. 

 


 



Passaram, e pernoitaram, LOUCEIROS do REDONDO, Tendeiros e muitos "miseráveis" tiveram acolhimento nesta casa de bem. Mas o HOMEM-ARTISTA e HUMANISTA não se ficou por aqui e, Herói (tal QUIXOTE) que foi, lutou duramente até "sangrar"  para CONQUISTAR a sua "DULCINEIA". 




O Amor de sua vida estava em BORBA. Contra tudo e contra todos ( ...os PAIS incluídos), lutou para trazer a sua MARIA para a terra. Amou-a profundamente, ...a tempo inteiro-exclusividade-plena na admiração e no conteúdo. DONA MARIA do CÉU, o seu grande Amor. Uma mulher também ela positiva como o JP, simpática e com um espírito de diálogo aberto. Uma presença querida para nós jovens  do ZARCOS. Tinha sempre uma palavra para iniciar com delicadeza e cortesia uma curta mas simbólica troca de assuntos. , ESTAS PALAVRAS são também uma prova de gratidão pela sua amizade por nós. - Então Álvaro estás bom?!...eram as primeiras "BADALADAS SIMPÁTICAS" para um dedo de conversa.



 Por ela, o MJ, teve dificuldades em ser aceite com a nova companheira na casa dos PAIS. Por ela foi Feliz e, penso que, morreu FELIZ depois de uma dura e cansativa doença. 



"A HISTÓRIA do MENINO ESPANHOL "
...teve continuação.


A história do menino espanhol teve continuação.
Resumidamente a história é a seguinte:
Durante a guerra este menino fugiu sozinho para Portugal. Morava em Badajoz. Veio andando e encontrou refúgio nos Fornos comunitários da freguesia. Foi apanhado mais do que uma vez pela guarda que o colocava na fronteira. Por último, percebeu que estava muito mais resguardado no nosso forno. Estava dentro de propriedade privada. A guerra acabou e ele regressou à sua terra. Passados cerca de 25 anos esse menino feito homem regressou aos Arcos a agradecer o apoio que a minha família lhe tinha dado. Foi muito comovente! Julgo que aproveitou um acordo entre Portugal e Espanha que abriram as fronteiras durante o dia de S.João de 1960 e qualquer coisa. Devia ser um domingo... porque eu ia com a minha tia Bárbara para a Igreja e há um senhor muito franzino sentado no poial da igreja que se dirige a nós e diz "Sinhora Bárbara?" é verdade reconheceu a minha tia... e deu-se aí a conhecer. Lembrava-se dos nomes de toda a família e pediu para os cumprimentar.





Dona Maria do Céu e Mestre João 
1973
 Com este artigo homenageio uma pessoa importante da cultura da minha terra. Homenageio também o HOMEM simples, amigo de todos e um grande trabalhador. Como o meu PAI dizia: - O Mestre João Pécuxinho é PERFEITO no que faz. Referia-se ao trabalho. Eu Refiro-me ao todo da sua VIDA. OBRIGADO...MESTRE JOÃO, pelo seu SORRISO PERMANENTE.E pela DOÇURA  da sua presença entre nós. AMIGO!!! OZARCOS AGRADECEM O LEGADO.


- As coisas e os animais são o que são e permanecem o que são. Mas o homem será o que ele decidiu ser. O seu modo de ser, a existência, é um sair para fora em direcção à decisão e à auto moldagem. Assim, a existência é um poder-ser e, portanto, é incerteza, problematizar, risco, decisão, impulso adiante. Este impulso pode ser em direcção a Deus, ao mundo, ao próprio homem, a liberdade, ao nada...-  
Jean-Paul Sartre- da Liberdade à Consciência
 
Termino a noite de lua-cheia fazendo AMOR com as ROSAS numa CAMA de GIRASSÓIS.
 
 As sete (7) vidas de um Pistoleiro « o IMPORTANTE das IMPORTÂNCIAS» Nome de Largo.

 

 

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