LOBOS

Sou, na verdade, o Lobo da Estepe, como me digo tantas vezes – aquele animal extraviado que não encontra abrigo nem na alegria nem alimento num mundo que lhe é estranho e incompreensível

Herman Hesse

domingo, 28 de abril de 2024

O IMPÉRIO

 

 

 PAIXÕES

«O IMPÉRIO DO BEM »

 

 Zé Paixão- 27/01/1887 a 05/04/1972 

Marina Pinto - 05/08/1889 a 01/01/1975.

 

 

(inícios de Abril-4)
 Há algum muito tempo que tinha em mente este assunto, queria falar-te da importância que tens na minha vida. E  no que penso dos teus, só poderia ser contigo Bizé, porque foi contigo que muitas vezes troquei palavras  e assuntos nas minhas vindas à terra, ouvias-me com ternura, o teu olhar "dizia" falava as palavras. Ficou-te a da inteligência a qual te agradeço, hoje quatro décadas e uns aninhos depois chegou o momento de acertarmos contas; não é inteligência (todos a temos), resume-se à «MALDIÇÃO» de ter um espírito inquieto e estar com atenção ao que não vem nos livros.

 Só contigo poderia e falar da tua gente, libertar o RIO das PALAVRAS , porque sei que me estás a ouvir e a sorrir. Sinto-me confortável quando vejo rostos felizes. Agradeço abraços e brilhos nos olhares. 

Olhando o poente, sentado numa pedra encontrei as respostas que me faltavam, uma pintura ou um filme não cresce sem uma "narrativa" cuidada. Ai, AI..essa foto, a foto do IMPÉRIO, do NOSSO IMPÉRIO do BEM.

Sentei-me e esperei que o sol descesse, procurei o silêncio no isolamento, precisamos dele  para nos reencontrarmos. As flores(a PRIMAVERA é breve como  a vida), habitaram-me o olhar. Equacionei desistir, TEIMAR(!!) é caminhar em vão e chegar a nada. Já não temos tempo nem plateia. Senti-me "INVADIDO" o corpo leve, levitando. O astro REI, teimava em descer, deixando-me em monólogo breve, pois  a noite chegara novamente, sempre a noite a noite a marcar-nos a instrospeção. No peito a paz, permanecem os espíritos do meu império do bem. Falam pelo tacto, roçam-me a pele e alertam-me que na memória vivem os tratados que nos trouxeram até ao momento da lucidez. Escolho sempre as vozes da subtileza, as flores e a luz da COMUNICAÇÃO. Por isso estou aqui e tu aí.

...foram os RETRATOS dos teus, são os retratos que nos fazem recordar da importância das pessoas nas nossas vidas.Na mente perduram longe da imaterialidade do desgaste.

Verdadeiramente só conheci os homens, os seus poderes e o "PRESTO" que tiveram na  comunidade. Recupero os homens na ordem dos sentidos e muitas imagens úteis para a evocação, suficientes para ter esta conversa. Não iriam aceitar, discretos e focados nos seus objectivos.Tinha as memórias catalogadas e as vozes no arquivo (...a tua irmã ajudou ao resto), as tuas vindas e idas do monte para a loja e o contrário, até sei que bem contados seriam 1240 "passadas" para cima e as mesmas para baixo. Faltava-me a outra parte, a da PROVOCAÇÃO...ninguém gosta que digam mal dos seus e a Clara (que aprecio muito das suas escritas e fala muito bem na televisão. Quanto ganhará? e qual a dimensão da sua conta bancária? Hoje são todos ricos os que "MAL-DIZEM" dos  abastados de antigamente///os que conheci, saia-lhes do "pêlo" e da inteligência, Clara ofereceu-me da bandeja a parte que me faltava. Nunca fui defensor de rupturas e fi-las toda a vida, tens a noção do peso que carrego sobre os ombros, bem não queiras saber.

 Clara Ferreira Alves, num longo artigo,despertou-me, inquietando-me, acordando-me  para a realidade(em 2017) e as palavras são dela:

 «Nesse Portugal toda a gente era pobre com exceção de uma ínfima parte da população, os ricos. No meio havia meia dúzia de burgueses esclarecidos, exilados ou educados no estrangeiro, alguns com apelidos que os protegiam, e havia uma classe indistinta constituída por remediados. Uma pequena burguesia sem poder aquisitivo nem filiação ideológica a rasar o que hoje chamamos linha de pobreza. Neste filme a preto e branco, pintado de cinzento para dar cor, podia observar-se o mundo português continental a partir de uma rua. O resto do mundo não existia, estávamos orgulhosamente sós. Numa rua de cidade havia uma mercearia e uma taberna. Às vezes, uma carvoaria ou uma capelista. A mercearia vendia açúcar e farinha fiados. E o bacalhau. Os clientes pagavam os géneros a prestações e quando recebiam o ordenado. Bifes, peixe fino e fruta eram um luxo.

A fruta vinha da província, onde camponeses de pouca terra praticavam uma agricultura de subsistência e matavam um porco uma vez por ano. Batatas, peras, maçãs, figos na estação, uvas na vindima, ameixas e de vez em quando uns preciosos pêssegos.

(...)

A grande viagem da família remediada ao estrangeiro era a Badajoz, a comprar caramelos e castanholas.

(Hoje somos quase todos ricos materialmente.Frustrados e cansados mentalmente, eis o outro lado do espelho)

 Após ler o artigo senti-me a arder e ofendido! Nas palavras dela tinha perdido 16 anos da minha vida e tudo o que os meus e os teus fizeram de nada valia. Onde pensava que tinha sido feliz com as aprendizagens e todos os convívios, desaires e partidas sem regresso. Agora nada restava.

 

MAS ÉRAMOS TANTOS UMA VERDADEIRA MULTIDÃO E BONS UNS PARA OS OUTROS...O RESTO DO BACANAL OUVI FALAR MAS DE LONGE...TAMBÉM FUI A BADAJOZ, NÃO ÀS CASTANHOLAS MAS VER AS ESPANHOLAS (AINDA CÁVIMMM)e comprar as célebres calças Lois que ficavam claras com muitas lavagens, e o Pão AOS CUBINHOS FOFINHO. E claro comprar o material eléctrico com o teu tio Aníbal para iluminar as pocilgas dos porcos. A SENHORA ESTÁ MAL-INFORMADA QUANTO A BADAJOZ nós os da fronteira não fomos tão parolos.

 Passaram 50 anos e não me esqueci da HERANÇA enquanto personagem duma comunidade em "EBULIÇÃO", vou deixar a Clara e o seu artigo perfeito (...como escreve bem!! e ganha muito bem).

Falta a narrativa parte II, a segunda parte, a realidade na ACTUALIDADE.
   Os próximos dia serão festivos, ouvir-se-ão muitos foguetes. Desfiles, hurras à democracia,  medalhas nas lapelas...e muitos discursos por pessoas importantes e sábias; tudo cópia fiel do antigamente. Na verdade somos todos (ou quase) muito ricos, para viajar além Badajoz e somarmos património ao património, mas com que memórias ficarão os que nasceram após-revolução. UFFF! CABO-LHES A SORTE.
 
 

 (Bizé-Zé Dirêto-Dalberto-filha do Manél do Chinês e Tózei)
 

  Estou ainda expectante e de sorriso maroto , com receio de mergulhar no grande lago do passado, PAIXÃO!PAIXÃO! PAIXÃO!PAIXÃO!PAIXÃO!PAIXÃO!PAIXÃO!PAIXÃO!PAIXÃO! =9
 Já sei no que vai dar: BEBER AS LÁGRIMAS  amargas de tocar no que sagrado deveria ficar em descanso.

QUEM FORAM?
QUAL A IMPORTÂNCIA NAS NOSSAS VIDAS?
O QUE SERIA A COMUNIDADE SEM ELES?
 
...poderiam 
lançar-me  10 questões e para todas teria resposta. Continuo contigo no pensamento, olho-te sei que estás algures de rosto plantado por um sorriso meu familiar. Deixo-te as fotos que seleccionei para ti e para contar a tua história. Sem elas aos poucos,serias esquecida, hoje és tudo, representas todas as riquezas para a motivação do meu teclar.
(FALTA-ME QUALQUER COISA...), TENHO UM PEDAÇO DA TUA HISTÓRIA O TEU ROSTO BONDOSO E FELIZ.
 
 
(COM A FÁTIMA)

(VESTIDA DE IMORTALIDADE E BELEZA)

(contigo MESMA!)


O NOSSO IMPÉRIO DO BEM//PAIXÕES!
 
DAS MEMÓRIAS, OUTRAS:
 
«Não é por ser meu avô, foi sempre trabalhador, muito à frente no tempo e muito respeitado nos Arcos, tenho muito orgulho, assim como deves ter nos teus que também me lembro que toda a gente gostavam de todos e também muito respeitados nas suas profissões.
Os teus avós também sofreram muito para criarem tantos filhos, mas humildes e bastantes honestos.»
A loja foi o meu avô que deu um princípio de vida a todos os filhos/homens (porque na época os homens é que tinham que ter um trabalho ou um negócio). Ajudou todos uns com comércios (tascas, mercearias ou bicicletas).A mercearia com talho foi começou na tua rua, lembras-te ?v Com o Zé do Aníbal. Que era da Orada primo da minha tia. Depois de os negócios lhe correrem bem, comprou a adega onde foi a loja e ainda é o prédio das mingas primas( não me lembro do nome do senhor ,ele era vizinho do teu avô, a mulher era a Donana.
 

 
«Pois a n °. 1 como te deves lembrar era o meu avô Zé Paixão,  um homem muito à frente no seu tempo que mal sabia ler e escrever, mas com um saber para os negócios e  para agricultura como se tivesse estudado para tal e ensinar os filhos e dar-lhe o inicio dos seus negócios, todos se estabeleceram em comércios.
N. 2 a minha avó e madrinha Marina muito trabalhadora e soube educar 9 filhos e ensinar as filhas a cuidar das suas casas e a cozinhar e a costurar, todas sabiam costurar as roupas dos filhos ( na altura não havia roupas feitas a vender, só havia tecidos para costurar todas as roupas).
N.3 o meu tio Aníbal que tu bem conhecestes, muito empreendedor criou uma empresa, onde a minha irmã trabalhou toda a vida que lhe foi possível trabalhar, primeiro no balcão da mercearia e depois de a Fátima se empregar em Lisboa, passou para o escritório .
N.4 o meu tio Chico do Paixão,  também virado para o comércio com uma mercearia com talho ( como todas as mercearias na altura tinham) assim como ligado à indústria do carvão.  
N.5 a minha mãe que não pode aprender a ler e escrever porque era a filha mais velha e teve que ajudar a tratar dos irmãos, mas uma pessoa também muito à frente no tempo e com uma memória fora de série,  sabia as datas dos nascimentos e eventos dos irmãos, sobrinhos e tios e primos.
Quando foi feita a árvore genealógica,  ela é que informou as datas quase todas. E muito prendada, faleceu com 90 anos e fez croché até ao antepenúltimo dia de vida, estava sempre a inventar.
N. 6 O filho mais velho o Zé  Gato, também criou um comércio a Samor onde vendia tintas, ferramentas e bicicletas.
E tirou o curso de Guarda livros (eram os cursos que havia na altura) e empregou-se na Casa do Povo onde se recebiam as cotas que depois do 25 de Abril serviram para poderem ter direito a médico e reformas, assim como se fez agente de Companhias de seguros e ligado também ao Banco Espírito Santo.
N. 7 a minha tia Bárbara,  uma cozinheira de mão cheia. Teve o restaurante Adega Regional em Estremoz (que ficava ao lado do Banco Espírito Santo) Uma senhora com muito saber e muito amiga de toda a família . Os 19 sobrinhos adoravam-na.
A que não tem número é a minha tia Paula, vivia na Glória e tinha também um café e uma churrasqueira de frangos assados, mas não eram assados inteiros eram partidos e ficavam muito saborosos, tinha muitos clientes de longe.
N.8 o meu tio Joaquim Zé,  dedicado à tasca, como bem conhecestes, e também vinicultor que deixou esse delegado ao filho que se formou em Eng. Agrónomo.
N. 9 a minha tia Bia (Maria Rosa) ainda viva com 91 anos, foi casada com o Tata (Carlos Secretário) agricultor e musico, deves-te lembrar do Conjunto Arcoense  que animavam os bailes da Casa do Povo na minha mocidade , era o nosso divertimento,  
Essa minha tia foi sempre Dona de casa, tal e qual como a minha mãe.
N. 10 o meu tio Tólho que tem 88 anos ( o mais novo com menos 18 anos que o meu ti Zé).
 
  «DESENROLAR O NOVELO»
 
 BEM TE DISSE ASSIM o FIZ-FALTAVA-ME QUALQUER COISA, QUALQUER COISA QUE LIGASSE AS VÁRIAS "ilhas" DAS MEMÓRIAS. ONTEM FOI UM DIA IMPORTANTE NO REINO DE "AQUÉM" MAR. ONTEM (...) O DIA 25 DE ABRIL><

 «...Houve arraial e foguetes no ar
O vinho correu à farta
E a fanfarra não parou de tocar
E o povo saiu à rua
Com a alegria que costumava ter
Cantando se o rei faz anos
Que venha à praça, para nos conhecer
Mas nesse reino distante
Quem tinha um olho era rei
Lá vai rei morto rei posto
Levado em ombros p'la grei
E a festa continuou
Já que ninguém tinha nada a perder
Só ficou um trovador
P'ra contar o que acabava de ver»
 
Foram meses exaustivos de preparação para tão badalada comemoração.Durante a semana, muitos colóquios (reuniões emotivas com oradores escolhidos a dedo)e para finalizar em grande um coro com muitas vozes . Informo-te que não é de bom tom, ser "obrigado"a fazer o que quer que seja, se me pedirem ou aconselharem,  pensarei no assunto. Bem lá fui a um destes "FESTIVAIS ABRILESCOS" onde uma vez mais se diabolizou o passado na figura de uma personagem  e de um tempo há muito perdido. Não nas nossas vivências. 
Ficou-me uma que me incentivou à motivação> cantou-se por todos os cantos do reino, a canção do momento , "todos" os grupos e há hora certa  oficializada por quem manda, estavam com os seus ávidos aprendizes no largo em  frente aos edifícios (...)terminou a "sessão de "ACULTURAÇÃO das MASSAS JOVENS  para criação de uma futura e nova "Mocidade Patriótica"e do povo com os chavões 25 d´Abril sempre e LIBERDADE LIBERDADE LIBERDADE, acredita que  entre quatro paredes o assunto não funciona dessa forma. Segunda-feira tudo toma  a forma do antes da "ABRILADA", E SEREMOS EMBALADOS PELOS PROBLEMAS DE SEMPRE. O MEDO AINDA É UMA REALIDADE, MAS COM OUTROS ROSTOS.
 
Uma das  jovens chegou à sala muito entusiasmada e com uma afirmação em jeito de desabafo:
  -Parecíamos todos comunistas, mas diga-me :-o Partido Comunista não ganhou, estávamos  todos tão  entusiasmados e felizes a gritar de punhos no ar as palavras de ordem...LIBERDADE  LIBERDADE LIBERDADE- estou mesmo confusa.
  
Foi desta forma ontem, e nos dias anteriores. Prepararam-se as festividades e os  momentos solenes.Em todas as cidades o POVO SAIU À RUA para gritar em defesa da LIBERDADE e das CONQUISTAS de ABRIL. Milhares, muitos milhares de cravos vermelhos.
Escolhi a reclusão, confesso-te, triste, muito triste por não conseguir dar cor ao meu potencial (K)riativo. E ajudar na festa. Decidi comemorar o feriado duma forma que me aproximasse dos meus, aqueles que enchem ainda a minha existência de boas recordações.
 
  De joelhos no chão e "de cu pró-ar"...SEMEEI GIRASSÓIS, «antes e em DURAS cavadelas(600/700práiii!) abri os regos», em círculo pois então a forma mágica do universo, e dos ninhos dos pássaros. Do SOL e da LUA, tudo o que é BELO tem a forma de um círculo.
 Pensei em ti, mesmo estando triste e em reclusão,  e na parte do novelo que ainda faltava  desembaraçar. GAZA E UCRÂNIA, O CEMITÉRIO DO MEDITERRÂNEO, NÃO ME SAEM DA CABEÇA.
UM DOS MALES DO SÉCULO É SABERMOS EM DEMASIA E A INFORMAÇÃO MANCHADA DE SANGUE SER O PÃO NOSSO DE TODOS OS DIAS.
 

  Aos tão BADALADOS TERMOS>LIBERDADE-FASCISMO.

 

De joelhos acrescentei-lhe a (k)ultura. 

 

E o tempo dos meus 15 anos.

Eu sei, eu sei... falta dizer-te porque semeio girassóis , antes mesmo de plantar os tomateiros, os pimenteiros e as abóboras. 

daria meia dúzia de páginas escritas, mas não me quero distrair e "morrer na praia" agora que estou lançado.

 

...há uma força que nos move e nos faz sentir «muitas pessoas» é como tivéssemos uma multidão dentro de nós.

...


Resolveria o assunto em três linhas, mas quero que nunca esqueças esta carta de amor, que te fique como "marca" prova de gratidão da minha parte, levei tanta "porrada", que sempre que me chega um mimo, uffff !fico eternamente grato e não me farto de tentar arranjar meios para retribuir.

«OS GIRASSÓIS NÃO SE COLHEM, AS ROSAS SIM,,,PARA OFERECERMOS A QUEM AMAMOS»

 

 Ofereço-te 1ma! a primeira do meu roseiral, de pétalas aveludadas...vestida.


 

PAIXÕES

DESENVOLVIMENTO

(K)VLTURA

...RECORDO-ME MUITO BEM DE DOIS MOMENTOS, SILENCIOSO SIM!

 TERIA EU "PRÁÍÍ"SETE ANOS.  

 

Foram os dois acontecimentos (imagens na memória) no mesmo lugar. Os bancos do Rossio,  o nosso  trono dos dias. Modernos, acabadinhos de chegar, prateados nos metais , (...a parede lindíssima que antes circundava o largo, descansava em dois montes - destroços acinzentados com pequenos pilares brancos,ao lado da novíssima casa do povo...onde viria a ser edificada a casa do "MêtiVENTURA", foi a primeira a ocupar a Rua de Borba nos terrenos do Correia de Sá.

Todas as tardes  de fim de Inverno, dias já quentinhos. Sentado na tábua afundada, no  carro com um macho(ou uma mula), o "VELHOZÉPÁIXÃO"descia (com olhar fixo e firme com os seus propósitos), a estrada direito ao monte, indiferente aos olhares de quem queimava o tempo nos bancos e na base elevada do muro do Largo.

O segundo momento:

Roupa escura, colete  e uma camisa branca, colarinho pequeno e risquinhas brancas brilhantes. De carnes secas , rosto pálido(um pouco vermelho do sol em pele branca). No ombro direito o machado, chegado de algum olival, estávamos no tempo das últimas podas. 

 Eu (gaiato) não sabia ainda que aquele senhor já entradote na idade, era o DONO do IMPÉRIO-o nosso «IMPÉRIO DO BEM».

Longe de mim que tinha muitos filhos...chegou-me aos ´"ÓVIDOS" em conversa no meio de saias. Com objectivos bem definidos-mais tarde consegui interpretar a sua força. Os descendentes eram  a mola impulsionadora para as suas dinâmicas solitárias.

 

...

 


-Aurora enquanto lavo estes trapinhos, vai-me lá guardar a Bárbara, está a namorar.

 

 Não conheci a tua AVÓ MARINA ou passou-me despercebida, as «mulhéris» estavam em casa. Mas sei que um dos locais da CULTURA-FEMININA foi nos tanques rasos (ao nível do chão)do Pécochinho e do «ZéPaixão»ali na horta que começava do lado de lá da igreja. E foi nesse local que aconteceu esta conversa. Em frente à cabana onde pernoitava o GATORRO.


 Hoje seis décadas (ou perto disso) é o momento de em nome de um POVO ( ...todos os que ficaram nas nossas costas),  dizer-te o que penso do LEGADO. Só  a ti, pois nenhum dos teus tios aceitaria esta exposição (GATOS-PAIXÕES) não são personagens para "FICÇÃO" NET.

 Teria bagagem para escrever um artigo para cada um dos filhos evocando as dinâmicas, as palavras e as importâncias dos negócios e das relações que estabeleciam com a comunidade OBRA  SUPREMA de UM TRABALHADOR sem MÁCULA a FABRICOU" para OS SEUS DESCENDENTES.

 

CULTURA 

OS ESPAÇOS DE CONVÍVIO-O TANQUE-AS TABERNAS E MERCEARIAS. O LARGO O LUGAR DE TODOS OS ENCONTROS. AS PESSOAS-TODAS AS PESSOAS ME DEIXARAM APRENDIZAGENS.

Quando penso em (k)vltura (hoje muito musicada e banalizada pelo excesso) " não a (cultura erudita> também chamada de alta cultura), esta não se encaixa na minha formação. 

A cultura a REAL foi aquele criada pelo POVO para o POVO, não faço cedências nem ergo bandeiras. Aqui entram os PAIXÕES(as gentes do teu sangue)-a CASA do POVO e o GENIAL JOÃO PÉCOCHINHO.

 

 

 Sem este triângulo, não existiriam as memórias de acontecimentos dignos de nota, longe das tragédias que assolaram as vidas de cada um dos habitantes da freguesia no anos anteriores a 1980. Sem esquecermos que ao lado  nos anos 40, a Guerra Civil ceifou a vida de 300.00 Espanhóis. A II  Grande Guerra matou 40 milhões de civis e 20 milhões de militares. A Máquina do Estado-Novo e o genial astucioso  Lobo de Santa Comba Dão safou-nos desta. 

Poderia (especificamente) falar sobre cada um ...enumerar um sem número de descendentes que saíram da "dupla Zé-Marina ".A Dona Marina os tais olhos rasgados que "fabricaram" a eternidade.

As FLORES dos GIRASSÓIS da MINHA EXISTÊNCIA. SOBRE CULTURA, BEM!! BEM, DEIXO-TE UMA SÉRIE DE RETRATOS símbolos-carimbados DE UM TEMPO MEMORÁVEL. 

-FALAM P´LOS COTOVELOS...

-ÓLHEM-NOS !

«-SOMOS LIVRES FELIZES E AFECTUOSOS,sobreviventes num tempo duro de trabalho,suor e lágrimas». QUE MAIS QUEREM PARA TERMOS UMA COMUNIDADE FORTE QUE SE PERPETUE NO TEMPO ESTES FORAM OS NOSSOS PAIS, COMPANHEIROS e AVÓS.

 Vós os descendentes (terceira geração), que não esqueçam que existiu um Portugal cheio de vida, unido e útil nos TEMPOS HOJE, DIABOLIZADO. 

A QUE CHAMO O TEMPO das Paixões e dos paixões.






 



 

 

Loja do Aníbal e talho do Aníbal na rua NOVA

SÁMORI-o Lugar dos sonhos

Sámori das BICICLETAS

A monumental Loja do Aníbal do Largo onde deste o litro.Tu o Zé do Aníbal, a Fátima , a Mariazinha do Rôla, a Lurdes- e consequentemente noutro ramo , o Dinis, o Virgílio e o Estrela.




Adega do Joquim ZÉ-  O melhor frango temperado feito pela mãe do Óscar(Desculpe Vzinho Angelino ai eu e o Tólho, uma nódoa a não esquecer-loucura de gaiatos  a quererem ser grandes).

Chico do Páixão... pai da Mari Alice e do Lélica, aquela mulhéri era duma simpatia afectuosa inesquecível, daquela loja pequenina (prólargo) e pouco funda, cheirava a paz.

O teu tio Aníbal, o genial empreendedor, não dava confiança a qualquer um. Levou-me a Badajoz comprar material  para eletrificar o «cabanão dos porcos» , nesse dia conheci bem  a verdadeira essência do Aníbal gato, um privilégio ele dar-me "CONFIANÇA", não foi para todos. 

Adega do Tólho, o lugar mais publicitado além fronteiras doZARCOS, muito haveria para dizer.Histórias de histórias somadas  a outras histórias, esta taberna, penso que foi primeiro do teu AVÔ.

 Zé Paixão, filho. O conselheiro das GENTES que "aportavam" na Casa do Povo. Uma das personagens tal como o João Pécochinho que mereciam nome de RUA. Tinha sempre um conselho ou um raspanete para dar a quem era devido. O Sábio do GRUPO. 

 

 O resto disseste tu pela gentileza da tua irmã.

Não me vou embora sem te dizer o segredo dos GIRASSÓIS: Além da beleza que transportam para os nosso olhos, são a única flor que desde pequenina, acompanha o SOL na sua viagem diária em arco . E para que saibas lá onde estás a FLOR do GIRASSOL  atrai todas as abelhas que ávidas de "suco" esperaram pacientemente pelo momento do AMARELO-FORTE para mergulharem as suas PAIXÕES. ABELHÕES ÀS RISCAS loucamente ávidos e apaixonados,INDIFERENTES à minha presença.

Talvez tivessem sido os GIRASSÓIS e as ABELHAS a MOTIVAREM à CONSTRUÇÃO DO NOSSO IMPÉRIO do BEM-OS PAIXÕES e estes a fazerem de nós o que somos hoje-UMA GRANDE BIBLIOTECA REPLECTA DE MEMÓRIAS E CULTURA.

  «DIZEMPRÁÍ QUE FOSTE UMA DESAFORTUNADA... »

...esta minha primavera, a de hoje é toda para ti...



 


ABRAÇO-TE E INVEJO A TUA PAZ,,,SÃO FLORES É luz e continuidade,,, vives num outro lugar ainda inacessível aos simples mortais, com certeza mais límpido e caloroso . ONDE TODAS AS PESSOAS SÃO TRATADAS respeitosamente POR IGUAL E A PALAVRA LIBERDADE TEM SENTIDO...O TEU SORRISO PERMANECE EM MIM E A BELEZA DO  DO TEU OLHAR, A TUA BONDADE. NESTE PORTUGAL DAS MINHAS MEMÓRIAS NASCIAM FLORES, SONHOS E ESPERANÇA. TAMBÉM APRENDIZAGENS QUE SOBREVIVERAM ATÉ HOJE, PORQUE OS FACTOS E AS PESSOAS  PERDURAM NO MEU MELHOR COMO MARCOS CULTURAIS INESQUECÍVEIS  .

 POIS AGORA JÁ ENTENDES QUE PREFIRO COMEMORAR O DIA 25 DE ABRIL DE «CUPRÓAR» SEMEANDO GIRASSÓIS.

Punhos cerrados dirigidos ao céu (NÃO!), punhos cerrados só para partir nozes,,,pois sou um homem de paz.







«...Nunca estivemos SÓS! Clara. O vazio instala-se quando desistimos e não é o caso.

NÓS os da "FRONTEIRA" sem terras nem ouro, TENAZES NA REINVENÇÃO CONSEGUIMOS SOBREVIVER UNIDOS POR LAÇOS QUE PERMANECEM EM MIL HISTÓRIAS (MEMORÁVEIS)- DONOS DO IMPÉRIO TODOS...OS nossos IMPÉRIOS DO BEM.»...SEM ABELHAS e "PAIXÕES" não seria possível a vida tal como a conhecemos.

 

 Foi um prazer BIZÉDUANÍBAL.

 TEU FIEL ADMIRADOR!

E A TEUS PÉS...



 Agradecimentos - Milú-Fátima Borralho-K Kriativa.


 


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