LOBOS

Sou, na verdade, o Lobo da Estepe, como me digo tantas vezes – aquele animal extraviado que não encontra abrigo nem na alegria nem alimento num mundo que lhe é estranho e incompreensível

Herman Hesse

domingo, 13 de setembro de 2015

No OUTONO secamos como as folhas



Esperando a PRIMAVERA


...no TEMPO dos AMOLA-TESOURAS








Poema para a NUCHA do ALVINO


(MÃE TERRA)


A Sabedoria Ecológica dos Indígenas 



Um testemunho menos conhecido, mas não menos belo, foi deixado a nós pelo chefe  Urso-em-pé, dos Lakota. Ele disse, lembrando de tempos anteriores:




“Os velhos Lakota amavam o solo e sentavam-se ou reclinavam-se no chão com o sentimento de estarem próximos de um poder maternal. Era bom para a pele tocar a terra, e os velhos gostavam de se descalçar e andar com os pés nus sobre a terra sagrada. As tendas eram erguidas sobre a terra, e os altares feitos de terra. O solo era tranquilizante, revigorador, purificador e medicinal. Por isso é que os velhos índios ainda se sentam diretamente na terra, fonte de suas forças vitais. Para eles, sentar-se ou deitar-se no chão permite pensar com mais profundidade e sentir com mais clareza; podem penetrar nos mistérios da vida e descobrir seu parentesco com outras formas de vida ao redor. (...) Os velhos Lakota eram sábios. Sabiam que o coração do homem distante da natureza se torna duro; sabiam que a falta de respeito pelas coisas vivas leva imediatamente à falta de respeito pelos humanos”.





Urso-em-pé mencionou aqui uma causa central da violência e degeneração da vida emocional das grandes cidades. Dominadas hoje por meios electrónicos de “comunicação” cuja influência parece crescer lado a lado com a falta de comunicação real entre seres humanos, as cidades degeneram pelo seu distanciamento da natureza e dos seus ritmos vitais básicos.  Como um animal em cativeiro que perde a alegria de viver, o ser humano distante da natureza é  preso por suas preocupações pessoais,  e dificilmente encontra paz, dentro ou fora de si.  O resultado é a violência: primeiro em pensamento e sentimento, e depois na realidade exterior.







Observo atentamente pela janela das traseiras o OUTONO a CHEGAR...o LONGO INVERNO que só nos dará descanso lá para fins de ABRIL. Muitos levará nas suas asas-os mais velhos sucumbirão aos frios e às purificadoras gripes. O LONNNNNNNNNGO Verão chegou ao fim e os excessos dos homens neste mundo em GUERRA.



A TERRA voltou a estar "feia", deu de si todas as energias os frutos quase todos colhidos são a imagem da renovação, ano após ano de uma MÃE cansada de tanto maltratada.






Foto 



 
Lembrei-me  por mero ocaso, que o tempo das vindimas quase que coincidia com o início das aulas (...aberturas das Escolas aos alunos do meu tempo-1 de Outubro).
Tínhamos ainda muito tempo de brincadeira e assistíamos serenamente ao tempo das vindimas.
Porque corríamos nós  à procura de um cacho de uvas arrancado a ferros do carro que as despejava na Adega do António ?...

UVAS CAÍDAS UVAS PERDIDAS

Era nesse tom que a gaiatagem esperava de olho alerta pelo transporte das madurinhas e docinhas brancas e negras à porta do António e também do Silvério.  

Não me escaparam as recordações dos suculentos pêssegos da azinhaga que dava para os montes, um pouco à frente do quintal  dos Pais da DÁDICA e das CEREJAS do CANHÃO.
Apesar do assunto se tratar de UVAS, é-me impossível esquecer as grandes caminhadas que fazíamos à procura da "SATISFAÇÃO-ORGÁSMICA" , não havia distâncias que nos metessem medo.

Para o Alentejano é já ALI!!!  

E esse já ali poderia ser no tanque da Coelha(... para dar um mergulho e voltar para casa uma ou duas horas depois) bem lá nos confins da estrada da ESTAÇÃO ao lado do VIGARISTA na Glória. 
A pé pois claro. Nesse tempo ainda não tínhamos idade para sermos uns ricos proprietários de uma bela bicicleta "BREMEN".
Não existiam odores iguais aos do vinho novo nas tabernas da TERRA-a PROCISSÃO estava armada> António Vcenti-JUQUIMZÉ-TÓLHO GATO-SABINO-AMEIXA-SILVÉRIO BAINETA -PERDIZ e PXÓCA. FORAM nestes  TEMPOS os locais obrigatórios dos roteiros dos fins de tarde e fins de semana. Mil odores como os de  numa Medina ÁRABE de especiarias pintada, invadiam a terra duZARCOS-Mil odores que o vento uivante de fim de Verão não encerra no fustigar das minhas paredes. 

É por tudo isto e muito mais que por vezes  procuro o SUL  nesta cruzada à procura da ESPERANÇA de não cair em desânimo. 






Também ontem fiz as VINDIMAS, mas faltam-me as vozes de ANTIGAMENTE e o calor dos cantos ao desafio. No fim da noite escura nas tabernas a cheirarem a uvas frescas.
Ficam as imagens para não se perder tudo. 






E o António Calvário que a Nucha do ALVINO tanto gostava.


                                                                           


Quando, Lídia, Vier o Nosso Outono


Quando, Lídia, vier o nosso outono
Com o inverno que há nele, reservemos
Um pensamento, não para a futura
Primavera, que é de outrem,
Nem para o estio, de quem somos mortos,
Senão para o que fica do que passa
O amarelo atual que as folhas vivem
E as torna diferentes.

Ricardo Reis, in "Odes"
Heterónimo de Fernando Pessoa

...Dias cinzentos, com o vento a uivar. Dias propícios ao som agudo da "GAITA-PÍFARO" do amola TESOURAS.
O OUTONO CHEGOU

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