LOBOS

Sou, na verdade, o Lobo da Estepe, como me digo tantas vezes – aquele animal extraviado que não encontra abrigo nem na alegria nem alimento num mundo que lhe é estranho e incompreensível

Herman Hesse

quarta-feira, 26 de julho de 2017

O "FEXAR" do círculo / o VOO dos ANJOS







>>FRAGMENTA++Ç+
  ÕES! << 

Fronteiras do TEMPO! A fragmentação-RUPTURA de cada espaço nas nossas  VIDAS.
Os limites onde  nos metamorfoseamos...recordo-me da primeira grande mudança- (não temos pedalada, para acompanhar transformações no  crescimento),  revestem-se de uma  subtileza macia, transparente, volátil. Sentimos na pele os sinais, as "comixões", os orgasmos de vária ordem, distraídos vamos em frente sem fazermos a leitura correcta dos silenciosos fenómenos .

A grande notícia chega pela voz dos outros.
Esta coisa das FRONTEIRAS tem que se lhe(s) diga.







A primeira é quando te tratam por SENHOR. 



Chega o dia em que as crianças se dirigem a ti de uma forma diferente daquela que até aí  estavas habituado. 
SENHOR!
Após este primeiro abanão,  tudo  acelera até à última FRONTEIRA.
A VIDA  passa-te  em frente dos OLHOS- SENHOR!
Pensamentos em dispersão EMBALADOS pela inquietação.
O que sei»!!?-Sei que lá fora está muito  calor, que o mundo não pára, e as pessoas seguem em MOVIMENTO o caminho. 
Nestes tempos de fartura.  Procurando  qualquer coisa-uma visão , uma paisagem ou um selo no passaporte (...ainda há passaportes?), ou simplesmente à deriva porque SIMMM!!!!
Perdidas mas fartas. ESTÁTICAS, cansadas...



A TERRA dos POBRES ARDE, ardem os SONHOS e o pouco que construíram na vida.
Uma raça em EXTINÇÃO, sem gente nem esperança.


Cheira-me a calor! O calor tem AROMA, aqui no escuro, fresco...observo a 2 metros, pela janela as ROLAS e os PARDAIS que procuraram a sombra da minha trepadeira, nunca em vida tinha visto as ROLAS tão perto e amigas da pardalada saltitante...os PARDAIS sim , são espertalhões, sobrevivem em quase todo o MUNDO. Adaptam-se! Estas 3 ROLAS estão a aprender com eles.
CHEGOU o primeiro VOO directo da CHINA, cheio de CHINESES  CLARO e ESCURO). Chineses SORRIDENTES (..é de desconfiar,chineses sorridentes??! QUE MEDO) com direito a bolo à chegada. Vinham em fila indiana,até os olhos lhes saltavam das órbitas. Com os seus SMARTES KUALQUER COISA em riste para documentarem a chegada ao VELHO CONTINENTE, vieram para ficar ou não???! Mas que somos uma das suas casas é VERDADE.




Lá no LITORAL vive a riqueza, o fausto e a SEGURANÇA por agora. 



As pessoas ainda não perderam TUDO.
POVO DESGRAÇADO-ABANDONADO, sem RUMO.
RECORDO tantas vezes uma das FRASES eleitas pelo Vizinho ANGELINO, não será necessário tirar a cera dos ouvidos, para ainda  agora; -A ouvir  ao LONGE;0000🙆


Angelino Gato e Mestre João Grizéu /1983

-Ninguém quer MORRER NOVO, mas também ninguém quer ser VELHO. 


HOJE!

Lá fora quase todos são jovens, ou fazem para isso.
Hoje aconteceu-me quase tudo, vi um TOURO que ESCOLHEU suicidar-se contra uma barra de ferro, deixando nas suas traseiras uma vida, na qual os humanos lhe colocavam tochas de fogo nos cornos- A TRADIÇÃO DIZEM para explicar tanta barbaridade. 

TOURO CORAJOSO e HERÓICO.





HOJE!!
 
Hoje também, ouvi ler pela primeira vez a carta à JOSEFA
do José Saramago, nunca consegui LER JS, mas esta escrita soa-me apelativa. Por momentos mergulhei na BÍBLIA sem nunca a ter lido. Senti que estava numa aldeia de Jerusalém e aquela velha-Josefa se chamava ÁMON



HOJE, procurei saber muitas mais coisas...
-Porque se suicidam as jovens VEDETAS, e os jovens anónimos?
PORQUE se CANSAM»»»»??!

- Porque num dia de CALOR como este, se pendurou o Sr.Romão numa oliveira à BEIRA da ESTRADA?Ainda recordo a sua silhueta, parecia que estava de pé a observar os carros que passavam na estrada nacional.
Tínhamos talvez oito anos e corremos para o local e em silêncio tentámos entender , não esqueci tal acontecimento de há 52 anos atrás.

Chester Bennington tinha 41 anos e seis filhos-e muitos milhões de dólares...o Sr.Romão 3 e deveria ter a mesma idade.Três filhos muito jovens a precisarem do PAI, o Sr. Romão era pobre como todos nós.
NÓS GAIATOS na 3ªCLASSE  na SALA da PROFESSORA MARIA DO CÉU BARATA BANHA.
ALGUÉM SE RECORDA do nome completo de um professor do secundário ou da FACULDADE?







- Ninguém quer ser velho...mas, ninguém quer morrer NOVO!!!
Angelino Gato 

A outra fronteira muiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiTO distante é o dia em que te PERGUNTAM:




-Já és AVÔ?!
-Já tens NETOS???"

Aqui ficas mesmo sem resposta, mas que raio-AVÔ??!


PORQUÊ AVÔ?


ÓLHA porque já tens muitos anos,,,não sabes fazer contas»»?


A outra MALDITA!


Já tás REFORMADO??!!




Esta é mesmo FODIDA de TODO, apetece-me e em grande desespero, oferecer-lhe bem impressa esta do génio da fotografia -

Robert Mapplethorpe

Mulher IDOSA com PÉNIS GRANDE debaixo do braço..

  Mas antes disso oiço a voz deste grande homem, lá no alto onde o elevador da Bica apanha os passageiros para a descida.

- Álvaro é uma tristeza, quando chega o dia em que deixamos de ter prazer. De nos interessarmos...

Domingos Mendes, Sr Mendes da ORQUÍDEA-deixou-nos em 2001 

Em 1989, no alto dos seus perto de 1.70 metros de corpulento homem, vestido com um fato-macaco azul escuro-o Sr. Cardoso fala!..

Fui comprar-lhe uns tabiques a 10 escudos cada um.

-Álvaro! O pior é mesmo quando entras nos "ENTAS", quarenta, cinquenta, e por aí adiante, as décadas voam.

Sr. Cardoso, pai do Daniel cabrito- homem de poucas sociedades, as vacas davam-lhe trabalho que chegasse...foi pessoa inteligente, esta frase "SÁBIA" a prova disso.

 

Louise Bourgeois por Mapplethorpe

 

...

É pela boca dos outros que sabemos  isolar e separar cada fragmento da vida,,,também nos tornamos menos apetecíveis e com muito menos escolhas.

Mas, enfim se contornarmos esse assunto e olharmos para dentro de nós, vimos crescer a RECUSA. Eu acredito na RECUSA por momentos- porque depois do SENHOR tudo se resume a uma soma vertiginosa, sem direito a travagem.

Hoje ouvi recitar SARAMAGO, parecia-me estar perto de Jesus e José, ali na CARPINTARIA há dois mil e muitos anos...






Robert Mapplethorpe

“Tens noventa anos. És velha, dolorida. Dizes-me que foste a mais bela rapariga do teu tempo – e eu acredito. Não sabes ler. Tens as mãos grossas e deformadas, os pés encortiçados. Carregaste à cabeça toneladas de restolho e lenha, albufeiras de água. Viste nascer o sol todos os dias. De todo o pão que amassaste se faria um banquete universal. Criaste pessoas e gado, meteste os bácoros na tua própria cama quando o frio começava a gelá-los. Contaste-me histórias de aparições e lobisomens, velhas questões de família, um crime de morte. Trave da tua cama, lume da tua lareira, – sete vezes engravidaste, sete vezes deste à luz.
Não sabes nada do mundo. Não entendes de política, nem de economia, nem de filosofia, nem de religião. Herdaste umas centenas de palavras práticas, um vocabulário elementar. Com isto viveste e vais vivendo. És sensível às catástrofes e também aos casos da rua, casamentos de princesas e ao roubo dos coelhos da vizinha. Tens grandes ódios por motivos de que já perdeste a lembrança, grandes dedicações que assentam em coisa nenhuma. Vives. Para ti a palavra Vietname é apenas um som bárbaro que não condiz com o teu círculo de légua e meia de palmo. Da fome sabes alguma coisa: já viste uma bandeira negra içada na torre da igreja. (Contaste-mo tu, ou terei sonhado que o contavas?). Transportas contigo o teu pequeno casulo de interesses. E, no entanto, tens os olhos claros e és alegre. Como tu não vi rir ninguém.
Estou diante de ti e não entendo. Sou da tua carne e do teu sangue, mas não entendo. Vieste a este mundo e não curaste de sabes onde é o mundo. Chegaste ao fim da vida e o mundo é para ti o que era quando nasceste: uma interrogação, um mistério inacessível, uma coisa que não fazia parte da tua herança: quinhentas palavras, um quintal a que em cinco minutos se dá a volta, uma casa de telha-vã e chão de barro. Aperto a tua mão calosa, passo a minha mão pela tua face enrijada e pelos teus cabelos brancos, partidos pelo peso dos carregos – e continuo a não entender. Foste bela, dizes, e bem vejo que és inteligente. Por que foi então que te roubaram o mundo? Mas disto talvez entenda eu, e dir-te-ia o como, o porquê e o quando se soubesse escolher das minhas inumeráveis palavras as que tu pudesses compreender. Já não vale a pena. O mundo continuará sem ti – e sem mim. Não teremos dito um ao outro o que mais importava.
Não teremos realmente? Eu não te terei dado, porque as minhas palavras não são as tuas, o mundo que te era devido. Fico com esta culpa de que me não acusas – e isso ainda é pior.

Mas porquê, avó, porque te sentas tu na soleira da porta, aberta para a noite estrelada e imensa, para o céu de que nada sabes e por onde nunca viajarás, para o silêncio dos campos e das árvores assombradas e dezes, com a tranquila serenidade dos teus noventa anos e o fogo da tua adolescência nunca perdida: “o mundo é tão bonito, e eu tenho tanta pena de morrer!”
É isto que eu não entendo – mas a culpa não é tua.” José Saramago, in Deste Mundo e do Outro (1971)







... LEMBRO-ME das tuas palavras MARIA, enquanto batias no BRAÇO esquerdo, foram os primeiros SINAIS.

-Tenho tanta pena de MORRER!

E eu não percebi, talvez te tivesse lido esta carta de Saramago, ficaste tão distante deste limite. 
Talvez te ABRAÇASSE e parasse o RELÓGIO do TEMPO-ouviria outros dos teus conselhos e seguiria muitos deles,,, aconselharia os JOVENS a não se lançarem no vazio do precipício, a terem PACIÊNCIA com a VIDA-ESPERAREM pelo dia da REFORMA VERDADEIRA, aquele que o CORPO desiste por não valer a pena...



Mas o MUNDO é TÃO BONITO...hoje tão admirado e abandonado. 



"Te GOSTO tanto" MARIA, prometo-te que nunca desistirei,  já me conheces há tantos anos anos, e a minha palavra é sagrada (tu sabes)- quero abraçar o final o que está para lá da última fronteira. Para tentar entender, porque me chamaram SENHOR aos vinte e poucos anos. Se HOJE 4 décadas depois, ainda me sinto como naquele dia de  de sessenta e cinco, pelo final da manhã. Quando tentei numa desenfreada correria; voar pelo planalto do MATINHO abaixo e fiz no joelho a chaga da minha vida...EU SÓ QUERIA VOAR MÃE!
Malandro, só me arranjas PROBLEMAS... 







-Que SORTE !  A  VIDA e a LUZ nos meus OLHOS.

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