LOBOS

Sou, na verdade, o Lobo da Estepe, como me digo tantas vezes – aquele animal extraviado que não encontra abrigo nem na alegria nem alimento num mundo que lhe é estranho e incompreensível

Herman Hesse

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

ABERRAÇÕES de BÁRBAROS da ERA MODERNA & BESTAS HUMANAS


  PORTUGAL

DEFINHANDO

((Por Joseph Praetorius,17/11/2017)

 

 

 

Christian Zucconi: O EXPLÍCITO NA ARTE

O valor da vida

(Não posso deixar de sublinhar que este texto é uma água-forte em traço fino do país que somos e do muito do que nele se está a passar. Uma descrição naturalista e impiedosa do que está mal e do mau futuro que iremos legar aos nossos vindouros. Sim, é isso sim, Portugal definha, e já aceitamos colectivamente como normal um estado larvar de indiferença e de acomodação. E não me venham falar das falhas do Estado – que as tem e muitas -, não, a falha é de todos nós e da nossa incapacidade de nos indignarmos e alterarmos o estado de coisas.
Estátua de Sal, 18/11/2017)

Uma catástrofe está em curso. Pior que um incêndio. Com mais baixas que um grande terramoto.

O desalojamento dos velhos pelos despejos determinados na celerada lei Cristas avoluma-se. E parece configurar verdadeira política de genocídio.

Gente de classe média com “reformas boas” de uns vagos mil euros está a perder as casas. Uma onda de especulação imobiliária assente na vinda de reformados de outros sítios e na liberalização da disciplina dos alojamentos precários para turistas, excluirá de Lisboa a população originária que ainda lhe resta, já reduzida ao escasso número de habitantes que aqui havia no séc. XVIII e em perspectiva de nova redução. Brutal, desta vez.

Antes exurbanizou-se a população jovem que não teve – e continua a não ter – dinheiro para se alojar na cidade onde cresceu. E agora excluem-se os velhos. Com violência. Mas a inteira população foi condenada ao nomadismo.

De cinco em cinco anos, os arrendatários devem mudar de casa, a menos que a indulgência do senhorio os autorize a ficar. Recordo o modo como no Código de Seabra se referia o despejo. Despedimento do inquilino, dizia a lei. Esta desproporcionada relevância social do senhorio quis restabelecer-se, em detrimento de qualquer igualdade contratual, mas, sobretudo, em detrimento da igualdade social. Tenho dificuldade em classificar a perversa e patentíssima intenção que a isto subjaz. A aquisição de casa própria parece ser a melhor solução para os mais novos, mas os baixos salários, os divórcios e a instabilidade laboral deixarão muitos dos devedores bancários em situação próxima, a curto ou médio prazo.

As lojas históricas também desaparecem. (Mais desemprego, portanto). As fachadas mudam. As cidades descaracterizam-se. Lembro a Cunha do Porto, onde sempre vou quando estou na Cidade e recebeu entretanto a notificação para libertar as instalações em que é locatária.

Talvez as coisas se mascarem com a presença de ingleses, franceses e alemães. Mas não por muito tempo, porque a relação com eles ficou completamente viciada. Vão ser olhados pelo contraste com a miséria dos autóctones. Causa da subida de preços e, portanto, condição de agravamento da miséria. Isso acabará por influir na próprias decisões de continuação da presença aqui.

E esta miséria, claro, é já expressão da política dos últimos quarenta anos em que os antecessores da Cristas se obstinaram na política de precarização das condições de trabalho e baixos salários, baixas qualificações e desigualdade intencionalmente cultivada. O resultado é que os jovens de trinta anos de há quarenta anos atrás são hoje velhos de setenta e descobrem-se mais pobres do que sempre foram.

Os suicídios são em rajada.

A assistência médica e hospitalar vem condicionada por restrições administrativas que parecem imbecilizar os corpos clínicos, porque os médicos lamentam a sorte dos doentes em conversa privada, mas mostram-se incapazes de protesto eficaz. A minha desconfiança relativamente a oncologia, por exemplo, é coisa que não consigo descrever.

E mesmo entre juristas não se vê quem consiga reagir. Nas faculdades de Direito o clima é pouco menos que sórdido. Quem quer que tenha frequentado uma faculdade (mesmo de Direito) não consegue reconhecer ali nada do que possa caracterizar a juventude universitária. No fim do curso, os mais classificados serão, como têm sido, contratados pelas “grandes sociedades” que os porão a fazer minutas de cobrança por dez anos, altura em que os despedirão para contratarem mais novos a quem acontecerá o mesmo e perderão, como todos, qualidades e aptidões em cada mês que ali estiverem. Não há nada pior no curriculum de um jovem advogado do que a permanência, ou estágio, num desses sítios.

O Direito, instrumento de preservação racional do que não deve ser forçado a impor-se outra vez pela revolução, esse Direito, parece ter perdido todos os cultores e boa parte das testemunhas da sua existência.

A vida quotidiana é uma colecção de ausências.

A esquerda deixou de existir, havendo uma “esquerda oficial” a dizer banalidades, convocando protestos com fórmulas gerais – e bastante administrativas – por objecto.

E este é um dos países de clima mais ameno da Europa, sendo em todo o caso aquele onde mais se morre de frio na Europa. E de calor, também. Tem uma das taxas mais elevadas de suicídios da Europa – se acaso não for a mais elevada.

As generalidades da pretensa esquerda, face aos crimes da pretensa direita, parecem-me um crime mais. Da ICAR, habilíssima na caça aos subsídios estatais para o “combate à pobreza” nem quero falar, para que a minha indisposição não cresça.

Olho a execranda Cristas. E escandalizo-me. É o ícone da besta – para usar a classificação do Eça – que se imagina “de direita”, como se o nada pudesse ser alguma coisa. Uma caricatura. De rusticidade insuportável. A tal ponto que instrumentaliza e ostenta social e politicamente o número de vezes que pariu. Possa a defecção imprescindivel poupar tais crianças… O inteiro sistema está cheio destes fenómenos. Rãs que não conseguindo fazerem-se bois, lograram obter o estatuto correspondente por via administrativa. Mas atreladas em junta não fazem andar o carro. A fábula de La Fontaine tem de ser revista.

Uma multidão de velhos está a ser e vai continuar a ser despejada. Mesmo no inverno. Porque a criminosa Lei Cristas assim determina. Imagino a pilhagem, na rua, aos móveis dessa pobre gente – alguns ainda manufacturados em madeiras maciças vindas de África – intuo o desespero e o desgosto com que se desfarão das poucas joias de família na tentativa de sobrevivência imediata.

E aí estão eles. Depois de uma vida de trabalho. Completamente despojados de qualquer dignidade pessoal. Com o coro de fundo – já atenuado, embora – a dizer-lhes que vivem acima das suas possibilidades. E porventura sim, porque lhes não resta senão a impossibilidade de vida. Por isso se matam com frequência, aliás. Não será?

Pergunto-me, por tudo, que coisa os impede de morrerem matando. E todos os homens com setenta anos tiveram treino militar.

As Cristas – e correspondentes capões de alma, com as aberrações equiparáveis – gritarão “populismo”, “demagogia” e “crime de ódio” diante de enunciações como estas. Mas são estas coisas que têm de discutir-se. Porque são estas coisas que têm de resolver-se. Imediatamente, aliás.

E a vida das Cristas desta terra não pode valer mais do que o insultante valor atribuído à vida de um velho despejado, depois de quarenta ou cinquenta anos de trabalho pelo qual se sustentou honestamente, pagou impostos e contribuiu para a vida da comunidade.

Esta equivalência elementar não está a ser ponderada na sua gritante evidência.

 

 

TRAMPA-PÁGINA dois da IMBECILIDADE



1

Trump quer caçadores de elefantes a exibirem "troféus" nos EUA

 

Governo Trump derruba decisão de Obama e libera importação de troféus de caça de elefantes

Novo regulamento é valido para o Zimbábue e a Zâmbia, países agora com autorização. Filhos de Trump já foram amplamente criticados por fotos em suas caças desportivas nas redes sociais. 

 

 



Filhos da trumpA!

Eric e Don Jr. foram retratados posando com numerosos animais mortos, incluindo várias criaturas ameaçadas de extinção, como um leopardo, um elefante, um crocodilo e um búfalo do búfalo do Cabo.

 Elefantes aparecem mortos no parque nacional de Hwange, no Zimbábue, em foto de 2015 (Foto: Stringer/Reuters) 
2

Denúncia nas redes sociais salva égua à beira da morte em Sintra

O animal foi resgatado em muito mau estado, mas já estará a ser devidamente acompanhado com a esperança de que consiga recuperar.

 

 3

Javali vivo é empurrado de encosta por montanhistas

 

 Sete montanhistas rodeiam um javali vivo e tentam assustá-lo com uma vara, enquanto um oitavo grava a cena com o telemóvel. E chega o momento em que o grupo decide empurrar o animal, fazendo-o resvalar pela encosta.

4

Austrália 

Galinhas cozidas vivas em Matadouro

https://www.jn.pt/mundo/interior/galinhas-eram-cozidas-vivas-em-matadouro-no-processo-de-abate-8921336.html

 

CÓDIGO de ÉTICA dos ÍNDIOS NORTE-AMERICANOS

 

Existe uma relação de respeito e reverência com a natureza, pois o poder espiritual está dissolvido no mundo, e os espíritos sagrados podem ser encontrados no vento, na água, na terra, nas plantas e nos animais.

Mesmo assim, as mais diferentes tribos possuem uma série de rituais religiosos específicos, de grande beleza apesar da pouca complexidade, cuja finalidade é aceder e aproveitar as poderosas forças sobrenaturais espalhadas pela criação.
Uma visão mais psicológica desta interacção com o mundo espiritual que pode ser praticada de forma exclusivamente individual é conhecida actualmente como a Medicina dos Animais, um processo psíquico que consiste numa tomada de consciência que pode dar origem a efeitos transformadores nas esferas do comportamento, do sentimento e do pensamento.

Para a perspectiva espiritual dos mais diversos povos nativos americanos, todos os animais possuem um simbolismo, ou seja, representam alguma qualidade universal e humana. A aranha, com sua arte de tecer teias belíssimas e resistentes, representa a criatividade. As formigas, com seu árduo e ininterrupto trabalho e determinação, representam paciência e persistência.


 http://www.sgi.org.br/pt/saude/a-medicina-dos-animais-e-os-indigenas-americanos/

 


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