LOBOS

Sou, na verdade, o Lobo da Estepe, como me digo tantas vezes – aquele animal extraviado que não encontra abrigo nem na alegria nem alimento num mundo que lhe é estranho e incompreensível

Herman Hesse

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

JORDÃO FUTEBOLISTA-PINTOR





Rui Manuel Trindade Jordão
1952 / 2019
"As lágrimas do mundo são uma constante quantitativa: para cada um que começa a chorar, há um que pára de o fazer.Samuel Beckett, À espera de Godot
Não vimos aqui, na verdade, comunicar nada. Não há nada de novo a comunicar. Quase antes de sermos informados, já a notícia corria na imprensa, nas redes sociais, no boca-a-boca... Rui Jordão faleceu esta manhã.O que a imprensa, as redes sociais e o boca-a-boca não sabem é quem, de facto, era o Rui Jordão. Mas isso, se não se importam, fica para quem teve o privilégio incrível de privar com ele, de o conhecer para além da figura pública.
Num momento em que a perda de um ente querido nos fragiliza, comove-nos, acima de tudo, o facto de percebermos que mais pessoas do que pensávamos sabem, na alma, que o Rui Jordão era – e sempre foi – muito mais que um dos melhores jogadores de futebol portugueses do século XX.
Neste momento em que nos confrontamos com a brutalidade irónica da existência, vimos, aqui, agradecer a todos os que, directa ou indirectamente, o acompanharam, o apoiaram e, acima de tudo, o compreenderam.A narrativa da vida do nosso Rui não terminou. Tal como nunca terminam as narrativas daqueles que transcenderam as glórias mundanas, a favor da contemplação humanista – figura pública, ou não.Respeitando profundamente as suas intenções – sempre coerentes –, não haverá lugar a exéquias.
A cada um a sua homenagem pessoal, profissional, ou pública. Não esqueçamos, no entanto, que, lá por não acabar a Primavera por morrer uma andorinha, certamente a Primavera ficará mais pobre...

O PINTOR: O escadote fica bem neste lugar?
FILIPE R T: Resulta melhor sem ele.
O PINTOR: O escadote fica bem neste lugar!
Dr. Rui Manuel Jordão"

(COMUNICADO DA FAMÍLIA)

Morreu Rui Jordão, o grande goleador que se zangou com o futebol

 


https://www.dn.pt/desportos/morreu-rui-jordao-o-grande-goleador-que-se-zangou-com-o-futebol-11374571.html 

Chamavam-lhe Gazela de Benguela e chegou a ser apontado no Benfica como o sucessor de Eusébio. Mas foi no Sporting que brilhou mais alto ao lado de Manuel Fernandes e Oliveira. Quando encerrou a carreira afastou-se do futebol e dedicou-se à pintura.




" Rui Jordão está afastado do futebol. Aliás, detesta que lhe falem de futebol. E também evita jornalistas. Tornou-se pintor, manifestando "uma apetência pelas artes" que confessa ter existido desde que se conhece. Fez o curso de Pintura e Desenho na Sociedade Nacional de Belas-Artes, em Lisboa e frequentou o curso de Modelagem, ministrado pelo escultor Sebastião Quintino, e o atelier livre do pintor Jaime Silva."

http://leaodaestrela.blogspot.com/2008/02/as-artes-de-rui-jordo.html



«Ele quis sempre o Sporting»
Apesar de Jordão se ter afastado do futebol, dedicando-se à pintura, Manuel Fernandes recorda a paixão do amigo pelo clube do coração, que continuou sempre a acompanhar. «Ele quis sempre o Sporting, é sportinguista desde que nasceu. Jogou no Benfica - o Sporting não o quis quando ele veio de Benguela e o Benfica quis -, mas as pessoas podem ir para o Benfica, não quer dizer nada, porque o coração dele esteva sempre no Sporting. Quando voltou a Portugal, do Saragoça, veio logo para o Sporting, era o clube que gostava de representar. Nem ouviu propostas de outros clubes», recordou. «Juntos marcámos quase 700 golos, coisa única no Sporting e no futebol português», concluiu.


MANUEL FERNANDES 




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