Uma folha tem a sua alma, a sua consciência. O que essa alma está é mais remota nela do que em nós; a nossa alma está à superfície de nós. Nós é que andamos afastados da natureza. Progresso? vida social? para que é preciso tudo isso? São coisas que uma vez começadas, se não podem acabar. São nisso como a mentira. A felicidade era nunca ter separado humanidade da natureza.
Fernando Pessoa: O Mendigo e Outros Contos
Carne, couro, chocolate ou soja. Produtos brasileiros chegam à Europa "regados com sangue indígena", diz ativista.
A líder indígena e ativista brasileira Sonia Guajajaraa disse hoje, em Lisboa, que os produtos brasileiros que chegam à Europa vêm "regados com sangue indígena", apelando para a não ratificação do acordo comercial com o Mercosul.
“Estamos a tentar mostrar que os produtos [brasileiros] que a população está a consumir vêm regados de sangue indígena, seja a carne, o couro, o chocolate ou a soja”, disse Sonia Guajajaraa, lembrando que “tudo vem das áreas de conflito” com as comunidades indígenas, que “estão a ser desmatadas, onde há exploração ilegal de minério e trabalho escravo”.
A activista brasileira e membro da tribo Guajajaraa falava hoje, em conferência de imprensa em Lisboa, numa das etapas da digressão “Sangue Indígena, Nenhuma gota a mais”, que vai passar por 12 países e 18 cidades europeias em 35 dias.
O objectivo da campanha é sensibilizar os parlamentos, líderes políticos, consumidores e sociedade civil dos países europeus para que ajudem a pressionar o Governo brasileiro e as empresas que “estão a promover a destruição da Amazónia” e a fomentar as perseguições aos povos indígenas.
“O apelo geral é para que o acordo do Mercosul não seja ratificado nos termos actuais. É preciso que haja garantia de respeito e cumprimento dos direitos humanos e ambientais, bem como sanções para empresas e governos” que não cumpram, disse.
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