LOBOS

Sou, na verdade, o Lobo da Estepe, como me digo tantas vezes – aquele animal extraviado que não encontra abrigo nem na alegria nem alimento num mundo que lhe é estranho e incompreensível

Herman Hesse

sábado, 19 de março de 2022

Palavras de PAZ

 

 19 de MARÇO

CARTAS DOS MEUS AMORES TODOS

O SUSTENTÁVEL PESO das PALAVRAS


 

 Um ARTIGO de REDENÇÃO

-Existe um paralelismo entre as nossas vidas e o livro de kundera.


 

O poder e a fuga  e ainda a COBARDIA. Numa das muitas conversas (corridas) na 23A com JF veio à  baila a dificuldade da recusa do prazer ou a procura deste.

 Penso NO FILME e constato a impossibilidade de varrer da mente o corpo escultural de Lena OLIN , preparado para o "ASSUNTO" e o assunto é o escaldar dos corpos num frenesim de PELE-espuma, suor e fluídos- a BELEZA é o todo da imortalidade juntos;o chapéu de coco substituía a palavra SEXO,«quero-te todo». 

O chapéu sobre um rosto abençoado pelos DEUSES utilizado como afirmação- o tiro de partida da ARTISTA,pintora.

O cenário e alguns detalhes do ambiente íntimo do homem (a casa de Tomás) e da mulher (a casa/ateliê de Sabina) fecham esse ciclo de ligações do exterior versus interior, trazendo boas resoluções da direção de arte, que embora pudesse investir mais fortemente em contrastes de ambiente, no período do casal em Zurique. (ZURIQUE a CIDADE inesquecível onde AMEI de muitas formas e onde conheci novos horizontes,,, NAS MADRUGADAS SILENCIOSAS, molhadas. COM ODOR A MADEIRA DE PINHO NÓRDICO).

Sabina escolheu ser totalmente livre . A liberdade está sempre carregada de loucura e é incompatível com a aceitação social. Talvez, porque este também é um artigo de REDENÇÃO, é altura de pedir desculpa  a todos os meus amores . Não é por mero ocaso que enquanto desbastava a erva  da formosa PRIMAVERA me veio à cabeça o LIVRO de KUNDERA. As palavras de há duas décadas do meu JÚLIO, escritas numa carta, perdida num livro de férias de VERÃO na Piscosa a bela Sesimbra.

 

 «PAI, a única mulher que amaste foi a tua mãe minha AVÓ»

 

Hoje muitas décadas após o primeiro AMOR, estou consciente, livre da  LOUCURA que é o estarmos sedentos do DESEJO para o crescimento e concepção da VIDA. 

Responderei hoje ( FILHO, tenho a certeza que amei todas as mulheres da minha vida, foi essa a OPÇÃO e o frenesim para a CONTEMPLAÇÃO e a KRIATIVIDADE na CONSTRUÇÃO em toda a minha EXISTÊNCIA>> NENHUM AMOR  e o MOMENTO da PAIXÃO ,,, são iguais  . É neste ponto que começa o descalabro e loucura animalesca da PROCURA. Hoje ficam as minhas desculpas e o peso na consciência dos despojos que para trás ficaram, duma sensibilidade insensível ao sofrimento dos outros. Permanecem as dúvidas- as perdas , os lugares, e os objectos diferentes que se FORAM juntamente com as vozes , nessa grande viagem desde o primeiro beijo de ADOLESCENTE junto à mimosa nas traseiras do 55 da RUA NOVA. Todos os humanos se lembram do primeiro BEIJO. 

Para que serviram todas estas vivências, experimentações, entregas, fugas, dores, traições  e hoje as contas finais?

 



Do corpo à mente, do público ao privado, da liberdade da vida à felicidade (questionável) da morte, A Insustentável Leveza do Ser é um filme de muitas faces. Alguns podem achar pura pretensão filosófica e outros um drama existencial espremido entre sexo e política. As duas opiniões, porém, não estão erradas. Por ter tempo de tocar em diversos aspectos da vida, a película gera sentimentos diferentes, inclusive no julgamento das ações dos personagens. Há quem veja que Tomas errou ao seguir o “peso” representado por Tereza, que neste sentido, acabou destruindo a “leveza” do marido. Outros acreditam que este era o único caminho possível. O caminho do amadurecimento.

Não importa o lado da moeda que o espectador esteja, sempre haverá identificação e separação quando se trata de levezas insustentáveis. O lado mais difícil e sensível de nós é sempre o lado que não sabemos como discutir sem brigar.

 




 

A Insustentável Leveza do Ser (The Unbearable Lightness of Being) — EUA, 1988
Direção: Philip Kaufman
Roteiro: Jean-Claude Carrière, Philip Kaufman (baseado na obra de Milan Kundera)
Elenco: Daniel Day-Lewis, Juliette Binoche, Lena Olin, Derek de Lint, Erland Josephson, Pavel Landovský, Donald Moffat, Daniel Olbrychski, Stellan Skarsgård, Tomasz Borkowy, Bruce Myers, Pavel Slabý, Pascale Kalensky, Jacques Ciron, Anne Lonnberg, Clovis Cornillac, Leon Lissek

 

Todas estas sensações, pensamentos cruzados cilindraram-me ao sentir-me com poder de limpar toda a erva nos recantos da quinta. Para a cortar iriam também as flores, estas deixariam de alimentar as abelhas. É fácil fazer o paralelismo com o poder dos donos dos nossos mundos.

 A sensatez fez-me optar por deixá-las viver-perdeu-se  o mal... ganharam-se flores na continuada contemplação. Não seria também possível além das flores, mantermos todos os nossos AMORES (?). Mesmo assim poderíamos ser mais felizes (?) do que continuadamente sentimos que a vida é um longo caminho de destroços... FLORES-FILHOS-`"AMANTES-AMORES-ANIMAIS-PAIS-ALUNOS, mãe, mãe MÃES. Existe   um caminho CAÓTICO, para lá  das costas na  ESTRADA percorrida para a concretização dos sonhos.

   O SUSTENTÁVEL PESO DA CONSCIÊNCIA...

AUSTRÁLIA PARA LÁ DO PARAÍSO

REANATXINHA, uma DEUSA-PESSOA em território sagrado dos ABORÍGENES-os PRIMEIROS. O POVO ESCOLHIDO

Isto vai ser longo, está preparado? Sei que não lhe respondi “de verdade” ao seu último email, mas juro, eu respondi-lhe a tudo na minha cabeça, mentalmente, naquele momento. Espero que saiba disso. E espero que lhe tenha chegado alguma mensagem mental (eu sei que chegou, por isso é que me falou agora). Foi numa altura meio estagnada, por causa do covid, que obviamente se ultrapassou. Como tudo, faz parte. E sim, continuo por cá, neste país que teima em prender-me e eu na verdade deixo-me ficar. Continuo à descoberta. Da Austrália e de mim. Continuo sem saber o que quero e para onde vou, mas essa é a magia desta vida de backpacker. Posso não ter resposta para o “onde" mas sei que vou. Vivo apaixonada pelo caminho e não tanto pelo destino. Vou parando onde faz sentido e partindo quando tiver que ser. Movo-me pelas experiências e pelas pessoas que vou conhecendo. Vou acumulando bagagem. Toda a bagagem possível e imaginária. Vou. Com uma mochila cheia de curiosidade, cheia de vontade, cheia de incertezas. Mas com a certeza que o certo é seguir. E que é a viajar que me encontro. Vivo consciente que esta vida não é fácil e sou muitas vezes engolida pelas saudades e pela dúvida. Às vezes sinto que não pertenço a lado nenhum e já perdi a conta às vezes que me sinto incompreendida. Sei que me vai compreender. Mas está tudo bem com isso, faz parte da viagem. São as consequências de arriscar.




Estou tão bem perdida neste momento, confesso. Mas estou bem. Só não sei para onde ir mas o tempo me dirá. Neste momento vivo numa ilha “meio” paradisíaca perto da capital deste estado. Chama-se Rottnest e é de facto incrível, com praias de cortar a respiração mas com um passado também de cortar a respiração. Foi usada como prisão durante muitos anos e obviamente genocídio aborígene. Não vivem aborígenes aqui agora porque acreditam que a ilha está amaldiçoada. Aceito estar aqui de passagem, lamento o passado e respeito a sua cultura. 
 

 
 
 Um dado importante que queria partilhar consigo, e iria dizer coincidência mas acho nesta altura acredito mais em sinais propositados. Sabe que a foi a primeira pessoa que me mostrou arte aborígene? Sabe que quando cheguei aqui, meio perdida, e me deparei com arte aborígene fiz o click que já tinha “visto” isto nalgum lado e claro, aí é que me lembrei do diário de 10º ano e de termos criado um pela arte aborígene. Que lindo lembrar-me disso, não me lembro como ficou mas lembro me que amei fazê-lo e for graças a si. Portanto, sem saber, talvez me tenha plantado o bichinho da Austrália. 
 
 



Sou definitivamente mais feliz perto do mar. E aqui vou ficar até decidir para onde quero ir depois.  
 Não me calo, já viu?
 
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 É-ME TB DIFÍCIL A MIM , UM (K) RIATIVO LEVADO DA BRECA, UNIR TODOS OS PEDACINHOS DAS MEMÓRIAS (TB OS DESTROÇOS). Juntá-los na construção de um todo. Além da impossibilidade de fuga ao poder (fogoso) da paixão, dos que não se ficam pela primeira, a junção dos AMORES que permanecem na consciência. Esta troca de experiências com JF, o "Anjo de sabedoria" que caiu do céu, quando tudo parecia necessidade de ter que continuar a reinventar-me, a confrontar-me numa GUERRA sem TRÉGUAS e não deixar a " GRANDE AMANTE"- A ESCOLA , o prazer do seu "CORPO" desejo de lá permanecer para sempre. O sangue que correu nas veias em todos estes anos , esteve sempre contaminado , e o cérebro também pelo AMOR estruturado na partilha. Que um dia, muito próximo, também me abandonará...o preço a pagar por todos os outros desencontros- o GRANDE AMOR da VIDA foi também a MÃE como o JÚLIO escreveu, mas ombreando com um lugar mítico  uma outra "MULHER"-ESCOLA.

 Na consciência pesa e muito, esta inaptidão de PAI, como terão algum dos meus filhos,,, memórias para me apelidarem de PAI(???). Pai com alguma razoabilidade, OU NENHUMA SE OS CONFIEI ÀS MÃES E ME FOQUEI NA GRANDE AMANTE. Eu que vivi sempre com esta e para esta primeira .
 
À RENATA (Renatxinhaaa) penso eu que não deixei só como legado o "SAGRADO da ABORIGINAL ART . Renata acompanhou-me sem me deixar perder nos piores anos da minha vida de professor. Ela no estirador da frente à secretária, proferiu com um rosto pesado pela tristeza uma frase emblemática, depois de sentir que a minha autoridade pessoal estava pelas ruas da AMARGURA. Depois de titânicos confrontos, de personagens perigosas suportadas por um poder diabólico que reinou quase uma década e meia na AL.
 
 
 

 
 
-O professor não merece nada disto que está a acontecer.
 
  Permanece ainda hoje como um dos AMORES da minha vida,-não só pelas palavras, pela presença das palavras e por 3 anos mágicos na O. D´artes e na 23 A. Mas também pelo legado,sobejamente entendido  nas mensagens subtilmente passadas  no decorrer dos anos que estivemos juntos e que ela encarna hoje com coragem na procura da concretização dos sonhos. A importância que foi termos vivido a LIBERDADE e a fuga DA NORMALIZAÇÃO DOS GESTOS, dos decretos.  Não há preço para pagar a quem SONHA e vai à luta na conquista de grandes horizontes. Este deverá ser sempre o legado deixado pela ESCOLA enquanto instituição para se caminhar na grande estrada da VIDA. Onde tu Renatxinha caminhas HOJE, na TERRA que os DEUSES escolheram para semearem um dos POVOS mais antigos e valiosos  sobre a face da TERRA.
 Além da tua beleza em HARMONIA com essas paisagens intocáveis, transportaste para este lado, certezas que valeu a pena a grande travessia que juntos ainda continuamos a fazer- a da CONSTRUÇÃO de um mundo onde as EMOÇÕES,,, as melhores REINAM...

 
Renata com um lugar no PARAÍSO! 
...
 
Carta de um FILHO a  pai que não soube ser...
 
 

Olá Pai!!!
  Com a chegada do Dia do pai em 2022, é com muita alegria que reforço a minha manifestação de orgulho de seres meu Pai.
 Muitas aventuras ocorreram nos últimos 365 dias, as quais se revestem de um carácter bastante inspirador.
  Na nossa Quintinha das Póças, graças ao teu altruísmo e dedicação para com os nossos companheiros do Reino animal, temos cada vez mais visitantes que, tal como eu, te encaram como um importante GUARDIÃO.
 No que concerne aos amigos de quatro patas, com bravura, conseguiste proteger o BUSS e o TERY das suas lutas  e restabelecer a PAZ, que nos dias que correm se torna cada vez mais premente e essencial.
 Porém, para além destes motivos de orgulho no nosso universo familiar. Estou muito feliz por ter contemplado e testemunhado o entusiasmo que me habituei a sentir desde pequeno com cada um dos teus projectos escolares.

  Cada projecto que idealizas, estimula não só os elementos que o protagonizam, mobilizando-os a excederem-se e a fazerem coisas extraordinárias, mas também cativa quem contempla os momentos e a construção da vida da obra.

  Enquanto Professor, a tua obra é uma criação colectiva que encerra os segredos e mistérios de muitas almas que a constroem, despertando uma infinidade de INTERPRETAÇÕES ao observador.

  Essa é a verdadeira magia de uma OBRA de ARTE, pois mesmo que o nosso lado racional não a compreenda na sua plenitude, a componente emocional da mente é inspirada de forma sublime a revisitar memórias e a idealizar SONHOS.
  Ao construíres OBRAS de ARTE colectivas, acredito firmemente que alcanças em plenitude o que é SER-ARTISTA, pois acedes  a algo que enquanto individualidade, nem mesmo os artistas mundialmente reconhecidos conseguiram, ou seja, a capacidade de te recordarem não apenas pela obra material mas também pelo "SEMEADOR de SONHOS" que és.
  Cada um dos teus alunos guarda um pedaço de ti nos seus corações.
Tendo trilhado caminhos que demonstraste existirem e que eles desconheciam.
  Desta forma perpetuas-te no presente ao ensinares, no passado por as tuas acções levarem cada aluno a recordar-te e no FUTURO, pois cada vida que mudaste, repercute-se-à não só nos alunos que ensinaste , mas também nos seus filhos e netos. 

  Recordando o filme que vimos " O estranho caso de Benjamin Butten", se pequenos detalhes podem mudar o curso de uma história, então 3 anos mudaram e continuarão a mudar muitas vidas.
  Quebraste as  barreiras da obra física condenada ao desgaste e criaste algo novo e renovável por gerações ao cultivares a humanidade de cada pessoa.
  Apesar de nem sempre o referir explicitamente, este teu caminho no dia-a- dia e enquanto Professor, fazem-me ter muito orgulho de ser teu filho.
  Nunca percas o teu entusiasmo, nem a tua criatividade, pois são o que te caracteriza e me faz ansiar pelos fantásticos momentos que irei viver graças a ti e às tuas qualidades.
(Guilherme)
 
 

 

   ...por vezes (ERRADAMENTE) sentimos o PODER, para que serve ? SE NÃO FOR PARA "CULTIVAR " O bem...AO ROÇAR O CHÃO DA MÃE-TERRA. TODO PODEROSO, maquineta na MÃO ,   ACELERADOR AO MÁXIMO.

 A ESCOLHA FOI MINHA, DEIXAR A PRIMAVERA E AS ABELHAS A SUGAREM-NA OU DESBASTAR TUDO O QUE VIVE... JÁ NOS CHEGAM AS DORES, OS ROSTOS MARCADOS PELAS PERDAS PORQUE UM LOUCO ACORDOU AO CONTRÁRIO E DECIDIU DESTRUIR O MUNDO DOS HOMENS. ESTE  SER DIABÓLICO, NUNCA FOI CRIANÇA E NUNCA PERDEU(GANHANDO) TEMPO A OBSERVAR UMA FLOR QUE ALIMENTA UMA ABELHA E NOS TRANSMITE RENOVAÇÃO E A BELEZA DO INÍCIO DA GRAVIDEZ DA GRANDE MÃE-A CONSTRUÇÃO FOI ALGO QUE OS DEUSES PENSARAM AO CRIAREM O PARAÍSO QUE APELIDAMOS DE  TERRA-AZUL-PLANETA que sente,,,assim é VISTA TAMBÉM DO ESPAÇO .

 CRIOU  OS HOMENS, E ESTES OS PECADOS CAPITAIS, A MALDADE ...QUE UM DIA Os LEVARÁ À EXTINÇÃO.

 


   PARA OS FILHOS AOS QUAIS NÃO ESTIVE À ALTURA, E PARA OS ALUNOS A QUEM DEDIQUEI O MELHOR DE MIM, E ASSIM CONTINUAREI COM O SUSTENTÁVEL PESO DA CONSCIÊNCIA. AO JF  IRMÃO´S GÉMEOS (NAS PALAVRAS DELE e nas minhas), SEPARADOS À NASCENÇA, O RAPAZ QUE TEMPEROU COM SABEDORIA E AMIZADE OS MEUS ACTOS e a REINVENÇÃO  com que gasto os dias. 

PARA A RENATA - BELEZA coragem,com o toque dos deuses em TERRAS IMORTAIS DOS VERDADEIROS  AUSTRALIANOS. OS PRIMEIROS.



   A LIBERDADE É A BÊNÇÃO DA CONSTRUÇÃO DAS VIDAS-O PREÇO, SE ELA NÃO FOR PONDERADA E DOMINADA COMO SE FAZ a um CAVALO SELVAGEM. EXISTE NA IDADE DA RAZÃO O ÚLTIMO CONFRONTO. ALTO, COM A CONSCIÊNCIA . POIS A PERDA DE QUEM VERDADEIRAMENTE AMÁMOS E DEIXÁMOS PARA TRÁS, HÁ MUITO ACONTECEU...TODOS OS NOSSOS AMORES. 

OS PRAZERES DOS CORPOS, OS ODORES , a INGRATIDÃO e a LOUCURA DAS CERTEZAS,,, apodrecem aos poucos NAS BRUMAS DAS MEMÓRIAS.

 


O PREÇO a SER PAGO...a SOLIDÃO na ALMA.

A SAUDADE de NÓS.

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