Zé para SEMPRE

 

 

 

 

-O A!! o A!! e de seguida  uma gargalhada.

 -EHHHHH!!

Se não fossem importantes as memórias,  não me lembraria do ZÉ e das suas movimentações no grande largo. Durante décadas acompanhei o zé, e acompanhei-o perto e à distância. 

Não foi só uma figura típica da terra , mimada por todos, impôs-se  também como um exemplo de perseverança e

amor pela vida.

Com uma memória fora de comum- ele nunca mais se esqueceu que fui eu a ensinar-lhe as primeiras letras do  ALFABETO  e o A-E I-O-U  nos inícios dos anos setenta do Século passado. Sempre mas o sempre (foi todas as vezes) quando me via, dava-me o abraço da praxe e articulava embrulhado numa gargalhada o AAAAA! 

( do AEIOU)EHHHH!!!...iiii.

 

1988-Agosto/festas...com Júlio Ramos

E o meu nome ><AUUU!Á!!

EH!! EHH!-a "DESCONEXIDADE verbal" era acompanhada pela gargalhada e o abraço  de felicidade.

Na beira das lenhas do perdigoto aprendeu as 5 letras, foi o meu primeiro aluno. Eu teria perto de 14 anos.

A amizade e a  admiração (mútua)nunca se perderam com o passar dos anos. O meu respeito por estas personagens ímpares na cultura das sociedades, nas quais incluo o Zé, são a obra social da minha existência. Convívios carregados de simplicidade e despidos da ansiedade tão característica  da socialização entre os adultos.

  Hoje o homem que não deixou aos nossos olhos de ser rapaz. Terminou onde findou a sua mãe. Mimado por todos-respeitado e respeitador.

 

 

 Quando evoco o SENHOR do ADEUS, o homem bem trajado que no largo do saldanha  e por muitos anos fazia ADEUS aos AUTOMOBILISTAS. Estes agradeciam e quando partiu, sentiram a sua falta e o gesto do ADEUS. 

Ou o PROFECTA GENTILEZA.No Brasil

 

https://www.revistaprosaversoearte.com/gentileza-gera-gentileza-profeta-gentileza-jose-datrino/

Por mais de 20 anos circulou pelo Rio com sua bata branca cheia de apliques e com seu estandarte, pregava nas praças e nas barcas entre Rio e Niterói anunciando sem cansar: “Gentileza gera Gentileza”

Empresário do setor de transporte de carga em Niterói, José Datrino (1917-1996), nascido em Cafelândia, no interior paulista, tornou-se Gentileza após uma epifania à véspera do Natal de 1961. Teve a visão do que acreditou ser o fim dos tempos, vendeu todos os bens e virou pregador de rua. Costurou um manto branco, pintou nele dizeres sobre bondade e beleza, deixou a barba crescer e decidiu cruzar o país. Foi chamado de louco e levou eletro-choque, porque repetia que “o mundo é uma escola de amor”. No viaduto do Caju, Zona Portuária do Rio, resistem, em verde, amarelo e azul, pintados sobre o concreto cinza, 56 aforismos, entre eles o de número 44, que diz: “Não pense em dinheiro. Ele é o capeta. Cega a Humanidade e leva para o abismo”.

INCLUO o ZÉ

  Dentro das suas limitações e à sua maneira foi um SENHOR GENTILEZA. Guardá-lo-ei ,,, no melhor de mim até ao fim da minha vida.

Evocações:

 recordo o jantar numa tarde de fim de verão na casa da família, onde feliz me ensinou a forma de plantar alecrim. O sorriso do PAI. Persistiu para eu ir um dia comer coelho à sua casa, e fui. 

O Senhor GENTILEZA o AUUUU! deixou-nos aos 60 anos-aguentou firme, ultrapassando a partida do pai e recentemente da mãe. Manteve intactas as memórias das histórias do passado- as provocações saudáveis do "Dalberto-mácara) a que ele reagia da mesma forma, encolhendo-se numa risada e >(...)< ÉIIII...ÉIII!, todos nós entendíamos o seu vocabulário simples. O zé das cautelas o miúdo que nunca se arrastou pela vida apesar das limitações do corpo.

 

   De mim,,, o agradecimento por preencher de afectos os momentos que com ele partilhei.

Agradeço como de família se tratasse às gentes do LAR doZARCOS pelo amor que sempre lhe dispensaram.

PROTEGIDO até ao suspiro final.

José Francisco Ginga Gomes-(Joaquina Ginga -mãe)

(ZÉ)

1962/2022

-Adeus ZÉ!poeta GENTILEZA-SENHOR do ADEUS.

-AUUUU!!ÁAAA, Eh! EH!!! 

e PÔPA!!! (poupa!)