LOBOS

Sou, na verdade, o Lobo da Estepe, como me digo tantas vezes – aquele animal extraviado que não encontra abrigo nem na alegria nem alimento num mundo que lhe é estranho e incompreensível

Herman Hesse

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

PICANÇO!! CARTA IMAGINADA


MONÓLOGO com 2
INTERIORES

O PINCANÇO



Manuel Joaquim Serrano Borralho
1950-2015





O Picanço juntou-se à vasta lista de DESAPARECIDOS neste DRAMA que é a partida. Foi isso que senti mais uma vez, ontem, na viagem às “raízes”, agora mais irregular que o costume.
A SENSAÇÃO de vazio é indescritível ou é impressão minha???!


Estremoz, e também oZARCOS, são terras envoltas num atroz silêncio de ausência de vida.


ONDE ESTÃO os GAIATOS do ROSSIO?
E os JÚNIORES?

O Alentejo sempre se escondeu nas sombras e sorrateiramente do outro lado das esquinas. Mas esta ausência é diferente. Os poucos jovens, e aqueles de meia idade, estão distraídos com os enormes "écrans" das novas tecnologias. Um vazio sem explicação e com alguma concordância  a um artigo, escrito (...há cerca de um ano) por um conhecido FADISTA de Estremoz  num dos jornais da CIDADE, este com um teor mais POLÍTICO do que SOCIAL.

Esta ausência de MOVIMENTO é mais preocupante.



Rostos revelando falta de descanso ( ...nas ruas e fora delas), foi isso que constatei num restaurante ali perto do centro da cidade- a DONA que se dignava (...ARRASTANDO os PÉS e o CORPO num FAVOR sem precedentes) servir às mesas tinha sobre o balcão um computador portátil aberto na página principal do "FUÇAS BOOCK".

A mulher, num constante vaivém,  com o rosto frio e mal encarado pelas olheiras da labuta da noite anterior à espera dos" posts", servia os clientes sem brilho. Em cada volta  lá punha um copo aqui, outro ali e ia fazendo paragem em frente ao dito e, subtilmente, movimentava o rato para cima e para baixo ...!!!????PROCURANDO a FELICIDADE INVERTIDA...

Esquecendo as mesas que tinha que servir e o marido ou companheiro...

DEFINITIVAMENTE, perdemos a GUERRA da DECÊNCIA. O POVO, ou o que resta dele, jamais levantará a cabeça pois a nova postura é de ângulo acentuado à procura da ILUSÃO, o pular de galho em galho com olhar gélido e num silêncio sem partilha - A FAMÍLIA já não existe porque a nova DROGA matou a última "réstea" do SONHO de independência e autonomia - Os ZOMBIES estão por toda a parte.
 E ESTA é UMA DROGA muito difícil de COMBATER-CONSTRÓI HERÓIS e isola o ser HUMANO-tornando-o insensível à REALIDADE e com uma sensação (INÚTIL) de PODER. Conquista TODOS e a todos submete  à ESCRAVIDÃO para sempre; TORNANDO as RELAÇÕES INSTÁVEIS e "GULOSAMENTE insaciáveis". Necessitadas de outra nova dose . 


-EIS o "COCKTAIL TOTAL"!




É verdade e na parte que me toca

Deixarei de TECLAR...e estou a pensar, com e para os meus botões, que no dia que fize a"PÓS MORTIS" de 45 anos de ENSINO irei abrir aqui na BEIRA uma empresa para ...PINTURA de PAREDES brancas à moda do ALENTEJO.



Chamar-lhe-ei PINTURAS REVIVALISTAS feitas à mão sem recurso a meios digitais. Desta forma poderei aceitar mais funcionários. E participar na muito desejada eliminação das filas nos centros de  (...DES)emprego.




"FEITO à MÃO"


Mas para me precaver, quando abrir lugares para jovens e menos jovens, uma das normas para contratar colaboradores ou colaboradoras será a de não pertencerem a nenhuma rede social nem terem sido um dos "QUATRALIÕES "amigos do CR  ou da Mãe DOLORES, no INSTAGRAM. 

Igualmente não será do meu agrado que tivessem tido relações no Fuça do Presidente Cavaco, COSTA, PASSOS e outros mais que estão na minha lista negra de "SOCIALISTA" traído e de  outras personagens da cena política:INCLUINDO a Joana Amaral dias que recentemente se despiu para a CRISTINA de porta escancarada para toda a gente ver a sua GRANDE barriga .


É preciso concentração para produzir e não cair da escada ou escadote. 





Percebes amigo, as minhas preocupações em relação à organização desta futura empresa... sou muito retrógrado e não me apetece embarcar nestes modernismos tão avançados.
Repito!

É preciso concentração para produzir e não cair da escada ou escadote.E para se JUSTIFICAR o SALÁRIO RECEBIDO.




Não é IRONIA( TB o É!...) mas uma realidade! E nunca teria surgido esta oportunidade de estarmos neste frente-a-frente, num "MONÓLOGO a DOIS", se não tivesses embarcado nessa longa viagem para a outra dimensão.


És da GERAÇÃO do meu PRIMO RAMOS. 


Sei que estudaste com ele no COLÉGIO de São Joaquim e, como sou um aspirante a contador de histórias, vou lembrar-te de uma que se passou há muitos e muitos longos anos. Injustamente ou não, este foi o TEMPO em que “apanhávamos” dos PROFESSORES  e ouvíamos em casa a tal "MÁXIMA":

- Foram POUCAS! ou PERDERAM-SE as que caíram no CHÃO.


Passou-se com o Dr. LEITÃO na disciplina de Português(?). Um determinado trabalho de casa que, após ser entregue ao dito Doutor, este achou que estava igual ao do FERREIRA RAMOS. Levaram os dois uns tabefes, ficaram de castigo e em silêncio, concluíram e calaram-se pois, naquele tempo, não havia direito de RESPOSTA ao contrário de hoje por tudo quanto é sítio.
 



...MAS COMO poderíamos ter copiado se um estava
"nozarcos" e o outro em ESTREMOZ?... 


 PICANÇO  + esta história que tinha guardada para ti. Espero que libertes um sorriso. Desde "QUE te CONHEÇO" que me fica a ideia de que andas sempre acelerado - a VIDA era e foi para todos nós...MOVIMENTO e de corpo ligeiramente inclinado, só ligeiramente, pela postura (milenar) de manter o equilíbrio.
Hoje, ficaram semeadas por este espaço  muitas palavras de despedida. Histórias talvez com pouco sentido-não sei se hei-de ficar triste.
Até te digo mais!...não vou ficar nem um bocadinho triste porque me fazes recordar,,, coisas boas. Além da HISTÓRIA, uma das tuas histórias de vida aos catorze anos.
Recordo
o TEU PAI, corpulento, de colete e relógio de bolso, com corrente de prata, ao volante da carrinha de caixa aberta. A tua linda Mãe, delicada MÃE, e as tuasIRMÃS que ainda hoje recordo no seu contraste do "têem a quem sair", uma ao PAI outra à família da mãe. Perto de nós viveram e penso que vivem ainda no seu cantinho sem se dar por elas .
 E o teu AVÔ, PARENTE (...PARENTINHO) amigo do Madeirinho... recordo tão bem o teu avô! Lá vinha ele na descida da aldeia, com o casaco debaixo do braço, à procura do negócio e de pessoal para algum trabalho sazonal.
Mas, também, tenho a certeza que "casaste e bem" com a filha única do ARRÔBAS, das vacas bem tratadas...com gente boa portanto nada ficou perdido do tempo que por aqui passaste.

Na terra do largo grande.  

Ainda te digo mais uma coisa (e esta fica só entre nós), não estou mesmo nada triste porque sei que não morreste, para mim de certeza que não.
Com toda a certeza foste embora cansado desta organização SOCIAL-DEMOCRÁTICA, desta sociedade do faz de conta. Fartaste-te dos zombies, dos políticos mafiosos e oportunistas, que irão afundar este "barco", e das famílias que o não são porque ninguém já está em volta da mesma mesa – definitivamente, continuaste a tua caminhada acelerada noutro mundo melhor, SEM TLM da última geração que, obrigatoriamente, deverá  trocar-se no próximo mês ou meses porque vai sair outro ainda mais fininho e com novas aplicações-FARTASTE-TE das plataformas digitais e dos milhões de amigos e engates e dos negócios escuros que elas escondem; Das grandes superfícies que cansam a vista e as almas.



-Como eu te compreendo!

 Como eu gostaria de ter a coragem de te acompanhar nessa viagem para o mundo dos sete sóis sem noite nem cansaço ...  com um bilhete de ida... sem RETORNO.
Ainda tenho umas aulitas para dar com a consciência que poderei salvar alguns destes jovens desnorteados e sem rumo
E ABRIR a tal EMPRESA de PINTAR PAREDES como os ALENTEJANOS-BRANCAS e PURAS...Por este motivo (...também) tenho que ficar mais uns tempos.
Um Abraço, amigo PICANÇO, até  uma próxima oportunidade no LUGAR do PARAÍSO.


SEM ZOMBIES nem GUERRAS para relançar as ECONOMIAS...





Nem Plataformas vicíantes e Diálogos com um frio MONITOR ORIUNDO de uma empresa Japonesa ou CHINESA.

 MALDITOS os HOMENS que mandam neste planeta onde tu nos deixaste.










Imaginem o mundo em que se construiriam mais pontes do que muros? Imaginem o mundo em que o outro seria capaz de dar a própria vida para que tu pudesses continuar vivendo? Imaginem um mundo onde todos se sentiriam verdadeiramente como irmãos? Imaginem viver em um lugar onde amor é a regra não a excepção? Seria uma verdadeira revolução: a revolução do amor.


Chiara Lubich


A VIDA é BREVE mesmo "PRAQUEM" a ESCREVE.


A vida... e a gente põe-se a pensar em quantas maravilhosas teorias os filósofos arquitectaram na severidade das bibliotecas, em quantos belos poemas os poetas rimaram na pobreza das mansardas, ou em quantos fechados dogmas os teólogos não entenderam na solidão das celas. Nisto, ou então na conta do sapateiro, na degradação moral do século, ou na triste pequenez de tudo, a começar por nós. Mas a vida é uma coisa imensa, que não cabe numa teoria, num poema, num dogma, nem mesmo no desespero inteiro dum homem. *Miguel Torga, in "Diário (1941)"*

Um ABRAÇO  à  "MARIANITA"Hilária e à tua FILHA que não conheço.

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